Concentração de renda sobe 5,7 pontos percentuais em MS
Entre 2017 e 2023, a fatia do 1% mais rico subiu de 20,4% para 24,3% da renda nacional

A concentração de renda no topo da pirâmide brasileira avançou significativamente no período pós-pandemia, especialmente entre o 0,1% mais rico do país. Em 2023, Mato Grosso do Sul registrou concentração de renda de 23,5%, ainda abaixo da média nacional. No entanto, o avanço foi de 5,7 pontos percentuais em relação a 2017.
RESUMO
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A concentração de renda no Brasil aumentou significativamente após a pandemia, com o 1% mais rico da população passando a deter 24,3% da renda nacional, um aumento de 3,9 pontos percentuais desde 2017. O crescimento foi mais expressivo entre o 0,1% mais abastado, que possui renda anual superior a R$ 1,75 milhão. O estudo, baseado em dados do Imposto de Renda, revela variações regionais importantes. Mato Grosso lidera a desigualdade, com 30,5% da renda concentrada no 1% mais rico. Mato Grosso do Sul e Santa Catarina registraram avanço de 5,7 pontos percentuais na concentração de renda desde 2017, alcançando 23,5% e 23,9%, respectivamente.
Entre 2017 e 2023, a participação do 1% mais rico subiu de 20,4% para 24,3% da renda nacional, sendo que 85,7% desse crescimento veio do 0,1% mais abastado, com renda anual a partir de R$ 1,75 milhão. O grupo do 0,01% mais rico também ampliou sua fatia, de 4,3% para 6,2% da renda total.
O estudo, elaborado pelo economista Sergio Gobetti, em parceria com Priscila Kaiser Monteiro e Frederico Nascimento Dutra, e divulgado pelo Valor Econômico, utilizou dados de declarações do Imposto de Renda de 160,2 milhões de brasileiros acima de 18 anos, referentes ao período de 2007 a 2024, com foco no ano-base de 2023.
Segundo a análise, o crescimento da renda no topo da pirâmide foi impulsionado principalmente por lucros e dividendos, com evidências de pejotização (prática de contratar trabalhadores como pessoa jurídica) em faixas mais amplas do 1% mais rico.
O levantamento também mostra que a concentração de renda varia entre os Estados. Mato Grosso é o que apresenta maior desigualdade: 30,5% da renda disponível bruta do Estado está concentrada no 1% mais rico da população adulta, aumento de 10 pontos percentuais em relação a 2017. O 0,1% mais rico no Estado detém 17,4% da renda disponível, com aumento de 7,8 pontos percentuais, e renda per capita que cresceu 108,5% no período. Em São Paulo, a fatia do 0,1% mais rico é de 14,8% da renda estadual.
O estudo aponta que o quadro evidencia a necessidade de uma reforma tributária mais progressiva, incluindo maior tributação sobre lucros e dividendos e redução de incentivos à pejotização (prática de contratar trabalhadores como pessoa jurídica).
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