Do arraiá ao shopping: como o cartão de crédito pode levar ao superendividamento
Serasa lança campanha para tentar reduzir o impacto dessas dívidas no orçamento familiar

Parece exagero, mas até as festas juninas podem levar para o buraco quem está à beira do colapso financeiro no cenário econômico atual. Somando alimentação, bebidas, trajes típicos e transporte, chega a se gastar cerca de R$ 300 para curtir algumas horas. O agravante é esse valor sair de um cartão de crédito que já extrapolou a capacidade de pagamento do dono.
RESUMO
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O uso descontrolado do cartão de crédito tem se tornado a principal causa de inadimplência no Brasil, representando cerca de 35% dos casos. Com a alta do custo de vida, incluindo alimentação e moradia, muitos brasileiros utilizam o cartão como complemento salarial, até mesmo para despesas básicas. A especialista em educação financeira da Serasa, Karla Danniele Fônseca, alerta sobre os riscos do uso inadequado do cartão, especialmente com a taxa Selic em 14,75% ao ano. Para evitar problemas financeiros, recomenda-se manter um controle rigoroso dos gastos, criar uma reserva de emergência e utilizar o cartão de crédito apenas como facilitador, não como muleta financeira.
O mesmo vale para um passeio no shopping. Ver uma sandália ou um tênis bonitos na vitrine e comprá-los quando o salário já acabou pode arruinar os planos de manter as contas em dia no mês seguinte.
Os exemplos são da administradora e especialista em educação financeira da Serasa, Karla Danniele Fônseca. Ela concorda que o cartão de crédito não é 100% vilão na vida das pessoas, mas reforça que ele tem o superpoder de se transformar nisso dependendo do uso.
"Se a pessoa não tem um planejamento financeiro, não tem um freio para que não ultrapasse os limites do que ela pode gastar, aí fica sem pagar uma fatura ou paga só o valor mínimo, fica refém dos juros e pode chegar ao superendividamento", resume sobre as consequências.
Alta de juros - Taxa básica de juros, a Selic enfrenta altas consecutivas no País: está em 14,75% ao ano segundo a última decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), de 7 de maio de 2025. É preciso pensar nisso quando se opta pelo parcelamento, pagamento do mínimo ou crédito rotativo do cartão.

"A gente viu que está tendo um aumento da Selic, sim. Temos que levar em conta também que cada banco utiliza a sua taxa e de forma até exorbitante. É muito bom ter cuidado", complementa Karla.
Muleta - Com o preço dos alimentos subindo – inclusive com a cesta básica mais cara em Campo Grande que a média das capitais – e aluguéis altos, por exemplo, influenciando para que o custo de vida se eleve ainda mais, esse meio de pagamento está funcionando como muleta.
Virou um complemento do salário para muita gente conseguir pagar uma conta, ter um dinheiro extra ou até para suprir coisas básicas, diz a especialista.
Antes, as pessoas utilizavam mais o cartão de crédito para pagar uma dívida alta, parcelar um eletrodoméstico, por exemplo. Hoje o cartão de crédito é o maior fator de inadimplência, contemplando quase 35% dos casos no País. O brasileiro vê como uma oportunidade de pagar uma dívida, ter um valor extra para gastar, até no supermercado a gente vê que as pessoas utilizando mais o cartão de crédito. E virou realmente uma muleta", compara Karla.
O melhor conselho - A educadora financeira bate na tecla de que o conselho de ouro para organizar a vida financeira e evitar a inadimplência é a organização. Ela o defende.
"É você saber que você não pode gastar mais do que você ganha. É você ter um acompanhamento dos seus gastos e dívidas, seja num aplicativo, seja num caderninho, colando cada conta paga como fazia a minha mãe", fala.
Outra dica é falar, sim, sobre dinheiro. "Principalmente com que você vive, com seu cônjuge, por exemplo, deixar ali tudo muito bem alinhado entre os dois", continua.
Reserva de emergência é outra recomendação. Karla aconselha que ela seja construída poupando R$ 100 a cada mês, pelo menos.
Sobre o cartão de crédito, dá para continuar usando, mas com consciência. "É para você utilizá-lo como um facilitador da sua vida financeira, porque nele você consegue parcelar suas dívidas, nele você consegue comprar com uma parcela que cabe no seu bolso e não utilizar ele de forma demasiada, que em vez de te ajudar, vai te prejudicar", finaliza.
Campanha - A Serasa realiza um feirão de negociação de dívidas com cartão de crédito com participação de 40 bancos e descontos de até 97% para quitá-las.
A renegociação pode ser feita pela internet, no site serasalimpanome.com.br, no aplicativo da Serasa ou pelo WhatsApp (11) 99575-2096. Também é possível o atendimento presencial em mais de 10 mil agências dos Correios em todo o país, com uma taxa de R$ 4,20 por dívida negociada e R$ 3,00 por consulta.
A ação vai até 30 de junho e tem o objetivo de livrar 35 milhões de famílias brasileiras das dívidas.
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