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Economia

IA é usada para triagem de currículos e descarta quem "enfeita" demais

Emojis, gráficos, travessão e ausência de palavras são usadas para triagem das empresas

Por Inara Silva | 13/07/2025 07:41
IA é usada para triagem de currículos e descarta quem "enfeita" demais
Empresa alerta que é preciso preencher os formulários adequadamente (Juliano Almeida)

Lorenzo Paschoal Sisti, de 26 anos, já perdeu as contas de quantos currículos enviou pela internet sem receber sequer uma resposta. Ele buscava vaga de designer e enfrentou muitas frustrações até se recolocar no mercado. O jovem disse que encontrava com facilidades vagas informais, mas aquelas que passavam pelo recrutamento formal eram bem difíceis de acessar.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

O uso crescente de inteligência artificial em processos seletivos tem se tornado um desafio para candidatos a vagas de emprego. Sistemas de rastreamento de candidatos (ATS) fazem a triagem inicial dos currículos, analisando palavras-chave e formatação, antes que recrutadores humanos avaliem os perfis. Especialistas alertam que currículos com formatação elaborada, gráficos, tabelas ou emojis podem ser barrados pelo sistema. A recomendação é manter o documento simples, com fontes básicas e atenção às palavras-chave exigidas na vaga. Em um caso recente, de 100 currículos recebidos para uma vaga de gerente, apenas oito foram aprovados pelo ATS para avaliação humana.

O caso de Lorenzo pode estar relacionado a uma situação bastante comum. É que muitas empresas, ao digitalizarem o processo seletivo, têm usado ferramentas de inteligência artificial para uma primeira triagem de candidatos e parte desses currículos nunca chega ao recrutador humano.

As vagas ofertadas em plataformas empresariais na internet e, principalmente, no LinkedIn - rede profissional que conecta trabalhadores e empresas, visam agilizar o processo seletivo, mas podem ter se transformado em uma barreira para muitos profissionais em busca de oportunidade.

Proprietária de uma consultoria de Recursos Humanos, Jéssica Maidana, tem 15 anos de experiência na área e esclarece que o uso da tecnologia otimiza o tempo dos recrutadores. A empresa dela avalia uma média de 1,5 mil currículos por semana e a inteligência artificial tem sido fundamental para a triagem.

Maidana utiliza os softwares de rastreamento de candidatos, os ATS (Applicant Tracking Systems), que são utilizados para digitalizar, analisar e classificar currículos. O mecanismo rastreia tanto os arquivos dos currículos anexados, quanto os formulários preenchidos pelos candidatos.

Na análise, a ferramenta avalia  por palavras-chave relacionadas às habilidades, competências e experiências relevantes para a vaga. Por isso, Jéssica Maidana alerta para a necessidade de atenção ao que a empresa busca e escrever e preencher o questionário adequadamente.

Outro ponto relevante, segundo a especialista, está na formatação do currículo. Se o documento tem erros gramaticais, usa barras, imagens, colunas ou efeitos, não vai ser lido pelo ATS. A especialista cita como exemplo, um caso que aconteceu nesta semana, na seleção de um gerente. A empresa recebeu 100 currículos para a vaga, mas ao passar pelo sistema, apenas oito foram selecionados para entrevista com os recrutadores humanos.

Lorenzo Sisti, como designer, afirma que sempre caprichou no currículo, mas não imaginava que isto poderia ser um impeditivo. “Tentei vários estilos de design para currículo. Desde mais objetivos até mais rebuscados”.

Atualmente, Lorenzo trabalha como designer freelancer, estuda Psicologia e faz estágio na área de Recursos Humanos.

“Percebi que o engajamento com a empresa é tão importante quanto o currículo. Só o currículo, hoje em dia, não garante nada. Porque tanto o examinador pode estar usando IA para a seleção, quanto o examinado pode usar IA no seu currículo”, pondera Lorenzo.

 Jéssica Maidana lista as situações que levam os currículos a serem barrados pela IA:

  • Formatação: Gráficos, tabelas, emojis, traços, travessões, colunas, caixas de texto e designs mais elaborados podem confundir o ATS.

  • Palavras-chave: As descrições de vagas apresentam palavras-chave que o ATS procura. Por isso, o currículo e o formulário de inscrição devem apresentá-las, especialmente nas seções de experiência, competências e habilidades.

  • Formato:  As empresas, de forma geral, aceitam arquivos em PDF ou DOCX. E as fontes simples como a Arial e Times New Roman. O candidato deve ficar atento às instruções antes do envio.

  • Layout: Quanto mais simples, melhor, isso vai facilitar a leitura tanto pela máquina quanto pelos humanos.

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