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Economia

Guerra no Oriente Médio pode refletir no custo de alimentos e exportações em MS

Crise energética pode elevar custos de logística e insumos, impactando diretamente o bolso dos consumidores.

Por Inara Silva | 23/06/2025 17:26
Guerra no Oriente Médio pode refletir no custo de alimentos e exportações em MS
A maioria das frutas e hortaliças consumidas em MS são importadas de outros estados (Foto/Arquivo: Paulo Francis)

Mato Grosso do Sul pode sentir diretamente na mesa e na arrecadação estadual as consequências da tensão que atinge o Oriente Médio. O preço dos alimentos pode ser afetado por conta do  encarecimento do petróleo que tende a afetar também os custos logísticos, ou seja, as despesas com o transporte da produção.

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Aumento no preço do petróleo devido à guerra no Oriente Médio pode impactar a mesa dos sul-mato-grossenses. Especialistas preveem alta de pelo menos 10% no preço dos alimentos devido ao encarecimento dos custos logísticos, principalmente no transporte rodoviário, que representa 80% do transporte estadual. A dependência de Mato Grosso do Sul na importação de alimentos, como frutas e hortaliças, agrava a situação. O fechamento do Estreito de Ormuz pelo Irã, por onde passa 20% da produção mundial de petróleo, preocupa o mercado. O aumento no preço do barril já chega a 21% em junho. A alta afeta toda a cadeia produtiva, desde a produção agrícola, com o aumento do custo dos fertilizantes importados da Rússia, Ucrânia, Irã e Bielorrússia, até o consumidor final, que paga mais caro por alimentos e gás. A dependência do petróleo e a dificuldade da Petrobras em desvincular o preço interno do internacional agravam o cenário.

Doutor em Economia, Michel Constantino explica que a dependência do transporte rodoviário e a importação de grande parte dos produtos consumidos no Estado tornam o cenário ainda mais vulnerável. O especialista explica que aproximadamente 70% das frutas e hortaliças consumidas em Mato Grosso do Sul são importadas de outros Estados, como São Paulo, e cerca de 80% do transporte estadual é rodoviário, portanto a elevação do preço é quase imediata.

Este é o mesmo ponto de vista do consultor empresarial, Aldo Barrigosse, que acredita na elevação dos preços. A perspectiva, segundo o consultor, por conta dos custos logísticos e importação de alimentos, é que os preços internos subam ao menos 10%.

Cadeia produtiva - O preço do petróleo já acumula aumento de 21% em junho. Com a crise entre Israel e Irã, o temor do mercado é que o Irã feche o estreito de Ormuz, trecho por onde são escoadas 20% da produção mundial de petróleo.O preço do barril de petróleo, impulsionado pela restrição da oferta em um mercado global que já está abalado pela incerteza, tem um efeito em cadeia.

"O processo produtivo usa petróleo, o custo do petróleo aumenta; o custo de transporte aumenta, o custo de produção aumenta, gera inflação", explica Michel Constantino.

Consultor empresarial, Aldo Barrigosse acrescenta que toda a cadeia produtiva é interligada, pois um setor depende do outro, impactando desde restaurantes, que veem o preço do gás e dos alimentos subirem, até transportadoras, que enfrentam maiores custos com combustível. Para ele, a situação é bem complexa, pois não há expectativa para que este conflito se resolva rapidamente.

Apesar das tentativas da Petrobras de desvincular o preço do petróleo nacional do internacional, a paridade segue influenciando o mercado interno, pois o país não produz quantidade suficiente para atender a demanda nacional.

Fertilizantes - A questão dos fertilizantes é outro aspecto que deve ser impactado rapidamente. Michel Constantino explica que os insumos essenciais para a produção agrícola, como a ureia, vêm de países em conflito, 80% da Rússia e Ucrânia, e outros 20% do Irã e Bielorrússia. O especialista aponta que o Brasil também produz alguma coisa, mas o custo da produção nacional é muito alto, o que encarece o produto. Por isso, fica mais viável a importação do insumo para os fertilizantes.

Guerra no Oriente Médio pode refletir no custo de alimentos e exportações em MS
Caminhões com toras de eucalipto transportadas pela Suzano (Foto: Osmar Veiga)

Exportações - Além de afetar o mercado interno, como o preço dos alimentos, a alta do petróleo também gera instabilidade para as empresas que atuam no setor de exportação de Mato Grosso do Sul. Com vocação rural, o Estado exporta principalmente soja, açúcar, milho, minério de ferro, celulose e carne bovina para fora do Brasil.

Segundo o consultor empresarial, Aldo Barrigosse, as empresas produtoras de commodities, que têm sua produção voltada para o mercado internacional, poderão enfrentar a instabilidade dos preços internacionais e a elevação dos custos logísticos.

O especialista disse que não tem como especificar estimativas de altas. “A questão de conflito e guerra afeta toda a estrutura produtiva do Estado. Deixa todo mundo em alerta. É bem impactante,” afirmou.

A China tem sido o principal destino da produção estadual. Conforme dados da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), o país responde por cerca de 45,4% do valor total das exportações do Estado, ou seja, uma parcela significativa do montante, impulsionada principalmente pela importação de commodities como soja e celulose.

Relações com Irã e Israel - Barrigosse explica que o Estado não exporta para o Irã e tem uma relação pouco significativa com Israel, que está na 35ª posição no ranking com importação de carne bovina e celulose de Mato Grosso do Sul, em um montante de R$ 16 milhões comercializados de janeiro a maio deste ano.

De acordo com o especialista, o dado “indica uma baixa relevância em volume, minimizando o impacto direto em caso de interrupção comercial com Israel. O risco maior reside nos custos logísticos”, afirma o consultor.

Para Barrigosse, é crucial monitorar a evolução dos preços do petróleo e das cadeias de suprimentos. O especialista recomenda otimizar a gestão de custos logísticos para mitigar a vulnerabilidade do agronegócio sul-mato-grossense.

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