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Economia

MSGÁS recebe autorização para importar gás natural da Argentina e Bolívia

ANP permite à companhia importar até 150 mil metros cúbicos de gás natural por dia

Por Gabriela Couto | 01/05/2025 17:54
MSGÁS recebe autorização para importar gás natural da Argentina e Bolívia
Instalações do Gasbol, o gasoduto Bolívia-Brasil (Foto: Divulgação/TBG)

Um passo estratégico e histórico acaba de ser dado pela MSGÁS: a autorização concedida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) permite à companhia importar até 150 mil metros cúbicos de gás natural por dia diretamente da Argentina e da Bolívia.

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A MSGÁS obteve autorização da ANP para importar até 150 mil metros cúbicos diários de gás natural da Argentina e Bolívia. A operação destaca-se pela conexão com a reserva de Vaca Muerta, uma das maiores formações de gás de xisto do mundo, localizada na região argentina de Neuquén.O projeto inclui a construção de um gasoduto de 392 km entre Porto Murtinho e Campo Grande, parte de uma futura ligação transnacional com a Argentina via Paraguai. A iniciativa surge como alternativa à queda na produção boliviana e promete gás mais econômico, custando entre US$ 8 e 10 por milhão de BTU, contra US$ 13 do gás boliviano.

O destaque da operação é a conexão com a reserva de Vaca Muerta, uma das maiores formações de gás de xisto do mundo, localizada na região de Neuquén, no sudoeste argentino.

A autorização reforça a estratégia da MSGÁS de diversificar suas fontes de suprimento, mirando uma "molécula mais competitiva" para seus clientes cativos, conforme explica a CEO da companhia, Cristiane Schmidt.

"Estamos confiantes de que essas parcerias fortalecerão a nossa capacidade de atender às demandas do mercado com segurança e eficiência", afirmou. Segundo ela, esse é um passo fundamental para garantir a oferta de gás necessária ao desenvolvimento socioeconômico de Mato Grosso do Sul.

MSGÁS recebe autorização para importar gás natural da Argentina e Bolívia
Alternativas de importação de gás natural produzido na Argentina (Fonte: EPE)

Conexão - A reserva de Vaca Muerta não é apenas promissora por sua dimensão, estima-se que o local abrigue cerca de 308 trilhões de pés cúbicos de gás tecnicamente recuperável, mas também por seu potencial de transformar o eixo de abastecimento energético da América do Sul. Com a queda gradual da produção de gás natural na Bolívia e a consequente diminuição na arrecadação de royalties via GASBOL, o Estado de Mato Grosso do Sul vê na Argentina uma alternativa segura e econômica.

Essa mudança de eixo pode reconfigurar o mapa da energia no continente. A nova autorização se encaixa em um plano mais ambicioso: o projeto do gasoduto Porto Murtinho – Campo Grande, que surge como o trecho brasileiro de uma futura ligação transnacional com a Argentina, atravessando o Paraguai.

O gasoduto- Com 392 km de extensão, o novo gasoduto deverá passar por 11 municípios sul-mato-grossenses, utilizando parte do traçado do já existente GASBOL. A infraestrutura é projetada para transportar até 15 milhões de m³/dia de gás natural, com pressão de operação de 100 kgf/cm² e sem a necessidade imediata de estações de compressão adicionais, o que reduz significativamente os custos operacionais.

Ainda assim, os desafios não são triviais. O traçado corta áreas ambientalmente sensíveis, como a APA da Sub-Bacia do Rio Apa, além de regiões com pastagens, cultivos de soja e terrenos montanhosos. A travessia por cursos d'água e áreas de mineração também exigirá engenharia de precisão e forte atuação ambiental para mitigar os impactos.

Projeto binacional - A importância geopolítica do projeto se evidencia com o envolvimento direto do governo paraguaio, que vê na interligação uma oportunidade de se integrar, pela primeira vez, ao mercado de gás natural sul-americano. Em paralelo, um novo gasoduto de 1.050 km está em fase de estudos, com custo estimado em US$ 2 bilhões, para transportar o gás de Vaca Muerta via Chaco paraguaio até o Brasil.

O grupo de estudos formado por autoridades de MS e do Paraguai prevê que o Paraguai possa consumir até 10 milhões de m³/dia e repassar outros 10 milhões ao Brasil. “É um gasoduto de grande porte e elevado investimento, mas com forte viabilidade se houver acordo de preço e volume de gás”, explica o secretário estadual de Meio Ambiente, Jaime Verruck.

Uma resposta à crise - A crise no fornecimento boliviano tem impacto direto na arrecadação estadual. O gás de Vaca Muerta pode chegar ao Brasil a um custo de US$ 8 a 10 por milhão de BTU, valor significativamente menor que os US$ 13 pagos pelo gás boliviano. A redução de custos, aliada à estabilidade no fornecimento, cria um novo horizonte para consumidores industriais e para o crescimento da matriz energética estadual.

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