Preço do café deve subir até 15% nos próximos meses nos supermercados
Inflação acumulada em 12 meses chega a 60% e consumo cai no Brasil; setor aposta em safra recorde em 2026
O bolso do consumidor brasileiro vai sentir mais um aperto: o preço do café pode ficar até 15% mais caro nos supermercados nos próximos meses. O repasse já começou em setembro e deve se estender até outubro, segundo análise da ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café) ao jornal Folha de São Paulo.
RESUMO
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O preço do café deve aumentar até 15% nos supermercados brasileiros nos próximos meses, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). O repasse, iniciado em setembro, deve se estender até outubro, com possível estabilização no fim do ano, caso se confirme a previsão de safra recorde em 2026. A alta nos preços é resultado de estoques reduzidos e safras prejudicadas por condições climáticas adversas desde 2021. O café torrado e moído acumula alta de 60,85% em 12 meses, segundo o IPCA, enquanto o consumo mundial segue crescendo, especialmente na Ásia.
A indústria, contudo, acredita que os valores podem se estabilizar no fim do ano, caso a previsão de uma safra positiva em 2026 se confirme. O mercado trabalha com a possibilidade de uma produção recorde, beneficiada pelo fenômeno climático La Niña, que costuma trazer temperaturas mais amenas e regularidade nas chuvas.
Apesar de o café ser item de presença diária na mesa dos brasileiros, o consumo caiu 5,46% no segundo quadrimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado. O dado chama a atenção porque o inverno, em geral, impulsiona a procura pelo produto.
Indicadores preliminares de setembro, porém, já mostram recuperação e alimentam a expectativa de retomada no próximo quadrimestre.
Segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o café torrado e moído acumula alta de 60,85% em 12 meses. As variedades tradicional e extraforte, que concentram a maior parte da demanda no Brasil, tiveram aumento de 48,57% entre agosto de 2024 e agosto de 2025.
O cenário de encarecimento é resultado de estoques reduzidos e safras prejudicadas por condições climáticas adversas. A geada severa de 2021, que atingiu áreas produtoras no Brasil, abriu caminho para anos de instabilidade. Desde então, oscilações de chuvas e temperaturas também afetaram colheitas em outros países relevantes, como Vietnã, Colômbia e Indonésia.
Impacto global
Enquanto produtores enfrentam dificuldades, o consumo mundial segue em alta. A demanda cresce especialmente na Ásia, com destaque para a China, as Filipinas, a Malásia, a Índia e o Vietnã. Esse descompasso entre produção e consumo reduziu os estoques globais e fez os preços dispararem a partir de outubro de 2023.
Mesmo que 2026 traga uma grande colheita, especialistas avaliam que dificilmente os valores retornarão ao patamar de início de 2023. Serão necessárias várias safras favoráveis para recompor os estoques e aliviar o mercado.