Trump exclui tarifa de 10% sobre celulose, beneficiando exportações de MS
Medida reduz barreiras para empresas brasileiras e fortalece comércio com os EUA
As exportações brasileiras de celulose para os Estados Unidos estão agora isentas da “tarifa recíproca” de 10% criada pelo governo Donald Trump em abril, conforme alterações recentes na lista de produtos excluídos do tarifaço, incluídas em uma ordem executiva divulgada na última sexta-feira pela Casa Branca. A medida deve beneficiar diretamente as empresas brasileiras, especialmente as de Mato Grosso do Sul.
RESUMO
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Exportações de celulose de MS para os EUA se beneficiam com fim de tarifa. O presidente americano, Donald Trump, removeu a tarifa de 10% sobre a celulose importada do Brasil, beneficiando diretamente Mato Grosso do Sul, grande exportador do produto. A medida, que abrange 90% da celulose brasileira enviada aos EUA, visa reaquecer o comércio bilateral, que sofreu queda recente. A decisão, comemorada pelo setor, é vista como resultado da diplomacia e do diálogo comercial. Apesar da boa notícia para a celulose, tarifas sobre papel e painéis de madeira seguem em vigor. MS, com grandes fábricas de celulose, espera aumento nas vendas para os EUA, mercado estratégico para o estado, apesar da China ser o principal comprador. A celulose liderou as exportações de MS no primeiro semestre de 2024, gerando US$ 1,73 bilhão.
O decreto, publicado na última sexta-feira (5), modifica as taxas recíprocas impostas pelo governo americano, retirando a cobrança de três descrições tarifárias de celulose que correspondem à celulose de coníferas e não coníferas e que juntas, representam 90% de tudo o que o Brasil envia para o país, de acordo com a Ibá (Indústria Brasileira de Árvores).
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Essas categorias de celulose já estavam fora da taxa adicional de 40% aplicada a diversos produtos. Com a nova medida, retornam à isenção total, como ocorria antes do governo Trump e do início da sua chamada guerra comercial.
A decisão ocorre em um momento de retração nas exportações brasileiras de celulose para os EUA. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e da Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil) apontam queda no volume de vendas, reflexo de um cenário comercial que, no geral, apresentou uma redução de 18,5% nas exportações brasileiras para os EUA em agosto. O total caiu de US$ 3,39 bilhões para US$ 2,76 bilhões, enquanto países como China e Hong Kong registraram crescimento nas importações de produtos brasileiros.
Apesar da retirada da tarifa de 10% sobre a celulose, o decreto não altera as tarifas adicionais aplicadas a papéis em geral e a painéis de madeira (MDF e MDP), que permanecem em 50% (10% + 40%) e 40%, respectivamente. Segundo a Ibá, o movimento confirma que as tarifas americanas sobre celulose caíram, representando um alívio para os exportadores brasileiros.
Em nota, o presidente da associação, Paulo Hartung, classificou a decisão como “muito positiva”, destacando o papel da diplomacia e do diálogo comercial: “Trata-se de uma decisão muito positiva, que partiu do governo americano, acreditamos que muito graças aos esforços de clientes que levam ao governo peculiaridades de produtos e matérias-primas essenciais ao país. É necessário que o governo se mantenha firme na busca de canais, assim como empresários devem manter o contato constante com seus clientes e fornecedores”.
Mato Grosso do Sul concentra algumas das maiores fábricas de celulose do mundo, como as unidades da Suzano em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo e da Eldorado Brasil em Três Lagoas. No primeiro semestre deste ano, a celulose liderou a pauta de exportação do estado, com receita de US$ 1,73 bilhão e volume de 3,522 milhões de toneladas, o que representa 32,68% do total das exportações sul-mato-grossenses.
Embora a China seja o principal mercado, os Estados Unidos continuam sendo um destino estratégico para produtos agroindustriais e de base florestal, tendo respondido no ano passado por mais de 31% das exportações de celulose do estado, totalizando US$ 213,4 milhões, segundo a Semadesc.
Com a retirada da tarifa de 10%, o setor sul-mato-grossense espera recuperação nas vendas para o mercado norte-americano, reforçando a importância da celulose como commodity-chave na economia do estado e na relação comercial entre Brasil e EUA.