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Educação e Tecnologia

No Centro-Oeste, 22% da população é analfabeta funcional, diz pesquisa nacional

Estudo revela também aumento de jovens em situação de analfabetismo funcional em todo o Brasil

Por Guilherme Correia | 05/05/2025 16:56
No Centro-Oeste, 22% da população é analfabeta funcional, diz pesquisa nacional
Pessoa escreve o próprio nome em uma folha de papel. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Mesmo com indicadores melhores que os de outras regiões brasileiras, o Centro-Oeste e Norte ainda concentra parcela significativa de pessoas com dificuldades graves de leitura, escrita e interpretação.

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Pesquisa revela alto índice de analfabetismo funcional no Centro-Oeste. Apesar de apresentar indicadores melhores que outras regiões do Brasil, o Centro-Oeste, juntamente com o Norte, registra 22% da população em situação de analfabetismo funcional, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF). Isso significa que essas pessoas têm dificuldades graves de leitura, escrita e interpretação, sendo 6% analfabetas e 16% com alfabetização rudimentar. O estudo revela ainda que 43% dos moradores do Norte e Centro-Oeste possuem nível elementar de alfabetização, conseguindo compreender textos curtos e resolver problemas matemáticos simples. Apenas 9% são considerados proficientes. Especialistas defendem políticas públicas para alfabetização de jovens e adultos, destacando que a dificuldade de leitura e escrita limita o acesso à cidadania e direitos básicos. Outro dado preocupante é o aumento do analfabetismo funcional entre jovens de 15 a 29 anos, possivelmente devido à pandemia.

Segundo o novo INAF (Indicador de Alfabetismo Funcional), divulgado nesta segunda-feira (5), 22% da população da região Norte e Centro-Oeste está em situação de analfabetismo funcional — o que inclui os níveis “analfabeto” (6%) e “rudimentar” (16%).

Esse grupo reúne pessoas que não sabem ler e escrever ou conseguem apenas identificar palavras e números simples, sem conseguir interpretar frases curtas ou fazer operações matemáticas básicas. A média nacional é de 29% de analfabetos funcionais entre brasileiros de 15 a 64 anos.

No recorte regional, 43% dos moradores do Norte e Centro-Oeste estão no nível “elementar” de alfabetismo, o que significa que são capazes de compreender textos curtos e resolver problemas simples de matemática. Outros 26% atingem o nível “intermediário” e apenas 9% são considerados “proficientes”, ou seja, dominam plenamente a leitura e a escrita.

Para especialistas, os dados apontam a urgência de políticas públicas direcionadas à alfabetização de jovens e adultos. “Mesmo em regiões com índices relativamente melhores, como o Centro-Oeste, uma em cada cinco pessoas ainda vive com limitações graves de leitura e escrita, o que afeta diretamente o acesso à cidadania, ao trabalho e aos direitos básicos”, disse Roberto Catelli, coordenador da Ação Educativa, uma das entidades responsáveis pelo estudo, em entrevista à Agência Brasil.

Outro ponto de alerta é o aumento do analfabetismo funcional entre os jovens. No Brasil, 16% das pessoas entre 15 e 29 anos estão nessa condição — índice que era de 14% em 2018. Os pesquisadores apontam que esse retrocesso pode ter relação com o fechamento de escolas e a precarização do ensino durante a pandemia de covid-19.

Mato Grosso do Sul — Mato Grosso do Sul ocupou a 5ª posição entre os estados com menor taxa de analfabetismo no Brasil para a população com 15 anos ou mais, com 3,7%, abaixo da média nacional de 5,4%, segundo outra pesquisa publicada no ano passado, a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No ranking geral da população com 15 anos ou mais, o Estado está atrás apenas de Santa Catarina (2%), Rio de Janeiro (2%), São Paulo (2,3%) e Espírito Santo (4,4%).

Apesar do desempenho geral, a taxa entre pretos e pardos (4,5%) é quase o dobro da registrada entre brancos (2,4%).

  • 15 anos ou mais: 3,7% (brancos: 2,4% | pretos/pardos: 4,5%)

  • 18 anos ou mais: 4%

  • 25 anos ou mais: 4,6%

  • 40 anos ou mais: 6,7%

  • 60 anos ou mais: 13,1%

A taxa de analfabetismo cresce conforme a idade. Entre pessoas com 60 anos ou mais, por exemplo, o percentual salta para 13,1%, mais do que o triplo da média estadual, o que pode ser entendido a partir da ótica da exclusão educacional de gerações mais velhas.

A disparidade entre brancos e pretos/pardos não é exclusividade de Mato Grosso do Sul, mas segue uma tendência nacional: enquanto a taxa média de analfabetismo entre brancos no Brasil é de 3,2%, entre pretos e pardos chega a 7,1%.

No Estado, a diferença racial persiste em todas as faixas etárias. O dado mais grave aparece entre os idosos: entre pretos e pardos com 60 anos ou mais, a taxa chega a 16,3%, frente a 9,2% entre os brancos.

Queda no analfabetismo — Entre 2016 e 2023, segundo o IBGE, a taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais em Mato Grosso do Sul caiu de 5,7% para 3,9% — uma redução de 31,5%.

A maior redução proporcional ocorreu entre os idosos. De 2016 a 2023, o analfabetismo entre pessoas com 60 anos ou mais caiu de 20% para 13,7% — uma queda de mais de 6 pontos percentuais.

Já entre pessoas com 40 anos ou mais, a redução foi de 11,1% para 9%. A redução foi mais modesta entre os mais jovens: entre pessoas com 15 anos ou mais, a taxa caiu apenas 1,7 ponto percentual em sete anos.

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