Pesquisa alerta para contaminação do lençol freático por fossas negras

Pesquisa realizada nos municípios de Naviraí, Ponta Porã e Jardim alerta para os impactos das fossas rudimentares na qualidade da água consumida pelas comunidades, evidenciando falhas no saneamento básico e riscos à saúde pública.

O estudo "Conscientização e Prevenção da Contaminação do Lençol Freático por Fossas Negras nos Centros Urbanos da Serra da Bodoquena e da Região Sul do Mato Grosso do Sul" foi orientado pelo professor do Campus Jardim do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul), Hedmun Matias da Cruz, e executado pelos acadêmicos de Agronomia do Campus Naviraí, Gabriel Biscassi dos Santos e Andressa Flávia Rodrigues e acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo, Ingrid Ribeiro Rocha e Lorena Pinheiro da Silva.

Contaminação – Segundo os estudantes, foram realizadas coletas de água em 18 poços e análises laboratoriais das águas subterrâneas que revelaram contaminação química e biológica. O resultado mais preocupante ocorreu em Jardim, onde a concentração de nitrato (NO3⁻) atingiu 45,5 mg/L, acima do limite de potabilidade de 10 mg/L. A ingestão de água com níveis elevados de nitrato é conhecida como “síndrome do bebê azul”.

Além disso, a presença de coliformes fecais foi detectada em Jardim e Ponta Porã, evidenciando infiltração de esgoto não tratado no lençol freático e aumentando o risco de doenças de veiculação hídrica. “A precariedade do sistema de esgotamento sanitário, com fossas negras próximas a poços, facilita o acesso dos contaminantes ao aquífero, colocando a população em perigo constante”, alerta o estudo.

Raiz do problema – O trabalho reforça a urgência de investimentos em saneamento básico. A falta de tratamento adequado de esgoto, que leva ao uso de fossas negras, é apontada como o principal vetor do problema.

Além do diagnóstico técnico, o projeto promove ações educativas nos municípios estudados (Jardim, Naviraí e Ponta Porã), envolvendo estudantes, docentes e comunidades locais. Oficinas, palestras e atividades em escolas buscam sensibilizar a população sobre os impactos das fossas rudimentares, reforçando o vínculo entre educação e preservação ambiental. Foi realizada ainda a aplicação de cerca de mil questionários nas três cidades.

“Queremos sensibilizar a população sobre os impactos das fossas rudimentares na contaminação do lençol freático e na saúde pública”, afirma os estudantes, que apresentarão a pesquisa no Festival Iguassu Inova, a partir desta quarta-feira (22), em Foz do Iguaçu (PR).

O IFMS foi uma das instituições contempladas pelo Programa para Sustentabilidade Territorial, da Itaipu Binacional, que concedeu mil bolsas a graduandos e professores de instituições do Paraná e do Sul de Mato Grosso do Sul. *Matéria editada dia 23/10, às 7h55, para correção de informações.

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