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Educação e Tecnologia

"Sete dias sem internet": todo fim de mês, exclusão digital cria legião offline

Segundo pesquisa, maioria tem celulares novos, mas não consegue manter o custo da conexão

Por Ângela Kempfer | 03/09/2025 14:07
"Sete dias sem internet": todo fim de mês, exclusão digital cria legião offline
Grupo de alunos com celulares nas mãos dentro da escola. (Foto: Arquivo/EBC)

Pesquisa feita pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em parceria com o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) mostra como a exclusão digital ainda pesa no bolso e na vida de milhões de brasileiros. O estudo, realizado entre agosto de 2023 e junho de 2024, revela que a falta de acesso à internet no celular, por conta do fim da franquia de dados, é um dos principais retratos dessa desigualdade. No entanto, a pesquisa não apresenta dados de regiões ou estados. Veja o texto completo clicando aqui

RESUMO

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Pesquisa da Anatel e Idec revela desigualdade digital no Brasil. Brasileiro de baixa renda sofre com falta de internet móvel, impactando acesso a serviços essenciais.Estudo mostra que 35% das pessoas com renda de até um salário mínimo ficam sem internet móvel por sete dias ou mais no mês. Impactos incluem dificuldades para acessar serviços bancários, plataformas governamentais, educação e saúde. Embora muitos possuam celulares novos, o alto custo dos planos de dados limita a conectividade. A pesquisa aponta para a necessidade de políticas públicas que promovam inclusão digital e garantam acesso à internet para todos.

Entre as pessoas com renda de até um salário mínimo, 35% ficaram sete dias ou mais sem internet móvel nos 30 dias anteriores à pesquisa. A situação não melhora muito entre quem ganha de 1 a 3 salários mínimos: nesse grupo, o índice é de 35,6%. Já no grupo que recebe mais de 3 salários mínimos, a proporção cai bastante: apenas 2,2% ficaram mais de 15 dias desconectados.

O impacto é direto no dia a dia. Sem internet, 63,8% deixaram de acessar serviços bancários, 56,5% não conseguiram usar plataformas do governo, 55,2% ficaram sem estudar e 52,3% não tiveram acesso a serviços de saúde.

Celular novo, mas plano caro

Mesmo com essa dificuldade, a maioria da população tem celulares relativamente novos. Mais de 50% dos entrevistados afirmaram ter trocado de aparelho nos últimos dois anos. A diferença está no preço: entre quem ganha até 1 salário mínimo, 51% compraram celulares de até R$ 1 mil, enquanto nas faixas de renda mais altas predominam os modelos mais caros.

Quando o assunto é computador, o quadro é outro. Quase metade (47,3%) disse não ter o equipamento por causa do preço. Outros motivos aparecem em menor proporção, como falta de interesse ou de habilidade para usar.

O levantamento também mediu o nível de satisfação dos brasileiros com a conectividade. O celular recebeu nota 8,3, as habilidades digitais ficaram em 8,2, a infraestrutura de internet marcou 7,6 e o atendimento às necessidades de conexão ficou em 7,8.

Apesar das notas positivas, a pesquisa alerta que os grupos mais vulneráveis, como pessoas com menor renda e idosos, ainda têm menos domínio real das ferramentas digitais do que imaginam. Isso mostra que a exclusão não é só de acesso, mas também de conhecimento.

Para o Idec, os dados reforçam que a desigualdade digital vai além da tecnologia: afeta direitos básicos, como estudar, trabalhar, acessar serviços de saúde ou participar da vida financeira. “A promoção de conectividade significativa é essencial para a defesa e a promoção de direitos fundamentais”, afirmou o coordenador do programa de Telecomunicações e Direitos Digitais, Luã Cruz.

A conselheira diretora da Anatel, Cristiana Camarate, destacou que os resultados devem orientar políticas públicas. “A pesquisa aponta caminhos para aperfeiçoar iniciativas específicas de desenvolvimento da conectividade significativa, visando à inclusão digital de todos os cidadãos”, disse.