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Esportes

Cezário e sobrinhos embolsaram mais de R$ 5 milhões com desvios em apenas 4 anos

Quebra do sigilo bancário mostrou que a FFMS transferiu milhões para o presidente e familiares

Por Jhefferson Gamarra e Aline dos Santos | 22/05/2024 17:08
Presidente da FFMS durante assinatura de termo na federação (Foto: Divulgação/FFMS)
Presidente da FFMS durante assinatura de termo na federação (Foto: Divulgação/FFMS)

A investigação conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) revelou um esquema de desvio de verbas da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, beneficiando Francisco Cézario de Oliveira, presidente da entidade, e 5 de seus sobrinhos. A operação, denominada Cartão Vermelho, resultou em 14 mandados de busca e apreensão e na prisão preventiva de sete envolvidos, incluindo o “dono da bola” de MS.

Os detalhes de parte das transações financeiras constam no despacho do juiz Eduardo Eugênio Siravegna Júnior, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, que autorizou as prisões baseadas nas evidências obtidas pela quebra de sigilo bancário e fiscal dos suspeitos. Os repasses fruto de desvios da federação de futebol ocorreram, pelo menos, entre 2019 e 2023, somando R$ 5,127 milhões repassados ao presidente da federação e membros da família.

Dentre o período investigado, a Federação fez 84 transferências para as contas do próprio Francisco Cezário, identificadas como "pagamentos em cheque", que totalizaram R$ 403.225,47 valores que não foram declarados à Receita Federal. A denúncia aponta ainda que Cezário "movimentava a maior parte do dinheiro desviado da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul nas contas de Aparecido Alves Pereira (“Cido”), Umberto Alves Pereira (“Beto”), Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira, entre outros."

Gaeco na sede da Federação de Futebol de MS (Foto: Henrique Kawaminami)
Gaeco na sede da Federação de Futebol de MS (Foto: Henrique Kawaminami)

O maior beneficiário do esquema foi Umberto Alves Pereira, conhecido como Betão, que abocanhou R$ 2,8 milhões diretamente da federação. O relatório aponta que as transferências eram feitas a conta gotas, com valores não regulares, evitando assim a detecção pelos órgãos de controle financeiro. Beto foi flagrado pelos agentes dos Gaeco realizando saques fracionados, sempre abaixo de R$ 5 mil para não levantar suspeitas do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Além de Beto, outros sobrinhos de Cézario também foram beneficiados. Aparecido Alves Pereira, o Cido, delegado de jogos e tido como “dono do cofre” da federação recebeu R$ 862,1 mil. Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira, filho de Beto, que não possui vínculo formal com a entidade, recebeu R$ 523,8 mil. Valdir Alves Pereira levou R$ 594 mil, enquanto Francisco Carlos Pereira recebeu R$ 308,8 mil. Em todos os casos, as transações foram realizadas com a intenção de ocultar a origem dos fundos e evitar a fiscalização.

O modus operandi do grupo incluía movimentações bancárias complexas e a utilização de diferentes contas para disfarçar os desvios. Foram contabilizadas 1,2 mil retiradas fracionadas que totalizaram R$ 3 milhões. Conversas interceptadas pelo Gaeco revelaram que os acusados discutiam estratégias para esconder as operações financeiras ilegais.

Francisco Cézario, comandante da federação de forma ininterrupta desde 1998, utilizava sua influência para sustentar o esquema de desvio de verbas, que deveria ser direcionada para o desenvolvimento do futebol no Mato Grosso do Sul, que atualmente ocupa a 3ª pior colocação do Brasil. Com mandato até 2027, Cézario e seus sobrinhos manipulavam os recursos e fomentos provenientes do Governo do Estado, via Fundesporte, e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

As prisões decretadas incluem Francisco Cézario de Oliveira, Umberto Alves Pereira, Aparecido Alves Pereira, Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira, Valdir Alves Pereira, Francisco Carlos Pereira e Rudson Bogarim Barbosa. De acordo com o Gaeco, a organização criminosa dedicada ao peculato, lavagem de dinheiro, falsidade e outros delitos correlatos, utilizava a FFMS para desviar dinheiro público. A quebra do sigilo bancário dos envolvidos revelou que o desvio de verbas ocorria de forma sistemática desde pelo menos 2018, possivelmente até o presente momento.

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