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Arquitetura

Com orixás gigantes, pai de santo cria museu em castelo feito de pedra

Templo do Girassol está localizado em Dourados e abriga cerca de 30 divindades de até 3 metros de altura

Danielle Valentim | 08/08/2019 08:13
Fim de tarde no Templo do Girassol. (Foto: Cleizer Correa)
Fim de tarde no Templo do Girassol. (Foto: Cleizer Correa)

Das pedras Yangui extraídas da estrada de terra aos orixás de concreto que chegam a três metros de altura, todo o acervo do Templo do Girassol é fruto do suor e dedicação de praticantes da Umbanda de Dourados, a 233 km de Campo Grande. Pai Willian Girassol é o idealizador e guardião das riquezas culturais do maior museu de orixás já construído por voluntários no Brasil.

O castelo de arquitetura medieval é uma verdadeira obra de arte e foi erguido em uma área de mais de 4 mil metros quadrados. O templo que chama a atenção de arquitetos da região é considerado o maior museu de orixás da Umbanda no país.

“São quase 30 imagens gigantes (entre 2,5 e 3 metros) de Ogun, Iansã, Oxóssi, Oxum, Iemanjá, Oxaguian, Oxalá, Nanã, entre outras, feitas no arame, ferro e concreto. Na Bahia, o dique é formado por orixás disponibilizados pelo governo. Aqui é um templo e as imagens foram feitas por voluntários”, pontua.

São quase 30 imagens gigantes. (Foto: Leonardo Pereira)
São quase 30 imagens gigantes. (Foto: Leonardo Pereira)
Entardecer é de encher os olhos. (Foto: Leonardo Pereira)
Entardecer é de encher os olhos. (Foto: Leonardo Pereira)

As paredes são formadas por pedras Yangui, facilmente, encontradas nas estradas do município. Apesar da estrutura erguida, a manutenção não para.

“As pedras foram recolhidas na estrada e são montadas e coladas uma a uma. Essa pedra tem uma química que com o tempo ela gruda uma da outra. Por aqui ninguém sabia disso. Tem arquiteto que pede licença para entrar e apreciar a estrutura, afinal requer paciência colar uma a uma. A construção começou em 2012 e até hoje não parou. Estamos sempre na manutenção, um cola daqui e outro de lá. Além disso, tem as máscaras que são feitas a mão e coladas no interior e subterrâneo do templo”, explica.

O templo é uma inspiração religiosa, mas também expõe um resgate à cultura e folclore com inúmeras peças antigas. Apesar de nunca ter sido construtor, o pai de santo garante que a arte sempre correu por suas veias. “Tenho aqui leiteira de 300 anos, máquina de costura antiga, ferro de passar. É muito cultural”, frisa.

Máscaras feitas à mão. (Foto: Cleizer Correa)
Máscaras feitas à mão. (Foto: Cleizer Correa)
Estrutura de museu em Dourados, (Foto: Clezer Correa)
Estrutura de museu em Dourados, (Foto: Clezer Correa)

Apesar de escondido em Dourados, o espaço recebe visita de praticantes de todo o Brasil, inclusive artistas que não tiveram o nome revelado pelo sacerdote.

Nascido em Santa Catarina, Willian chegou a Dourados em 2007, pouco antes de iniciar a construção. Autor de 16 livros, líder religioso também é compositor e cantor com diversos CDs gravados. Neste ano, participa mais uma vez da Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro.

Além de ser um dos médiuns mais conhecidos no Brasil e no exterior, ele mantém um canal de quase 300 mil inscritos no YouTube.

“Tem vídeo com mais de 26 milhões de views. Nas gravações falo dos meus livros e até de simpatias. No meu primeiro livro, por exemplo, Segredos Ocultos eu falo da minha história e até agora já soma mais de 10 milhões de cópias vendidas. Nas minhas viagens a Bahia, Ceará e outros lugares sempre passo em benzedores para aprender rezas e resgatar simpatias perdidas no tempo”, pontua.

Um dos precursores a falar sobre a fé umbandista na internet, Willian conta ter sofrido preconceito no início.

“Antigamente não tinha ninguém falando. Quando entrei, só tinha eu e o pai Francisco de São Paulo. Na época, a Universal usou meu vídeo, um monte de televisão veio atrás, porque naquele tempo era pequeno, mas hoje crescemos, os livros são recorde, as simpatias são gravadas em cima do que eu escrevo”, conta.

O sacerdote já recusou diversas propostas para levar o acervo para lugares mais turísticos do Brasil. “Eu gosto de Dourados e, por aqui, a gente mesmo adorna, é uma coisa sagrada”, frisa.

(Foto: Clezer Correa)
(Foto: Clezer Correa)

Ele diz que não gosta de ser “taxado” como um representante da religião e até agradece por já ter sido presbítero de igreja evangélica, de onde costumam vir a maioria das críticas.

“A igreja para mim é uma faculdade. Você aprende a falar, a cantar, então me trouxe cultura e evolução. Não sou de discutir sobre igreja, mas de falar de arte, de caminho e de prosperidade. Precisamos lutar contra a intolerância religiosa”, pontua.

O templo é sempre aberto e as visitações são gratuitas. Os trabalhos acontecem as segundas e terças-feiras. Os trabalhos são transmitidos ao vivo. “Pessoas que às vezes não têm a religião numa cidade distante, pode acompanhar pela internet”, explica.

O castelo fica na Sitioca Campo Belo, quadra 5, lote 26, corredor 11, em Dourados.

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