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Arquitetura

Igreja pode ser tombada e medida suspende abertura de duas portas

Luciana Brazil | 30/01/2014 16:25
Igreja lotada na novena de quarta-feira e devotos ficam do lado de fora. (Fotos: Cleber Gellio)
Igreja lotada na novena de quarta-feira e devotos ficam do lado de fora. (Fotos: Cleber Gellio)

Os devotos que participam das novenas da Igreja Perpétuo Socorro, às quartas-feiras, sabem muito bem que, ao final das orações, sair da igreja requer paciência dependendo do horário. As quatro portas do santuário, três bem estreitas, são pequenas demais para tanta gente.

No dia da novena passam por lá aproximadamente 20 mil fiéis, cerca de 1,5 mil pessoas por hora. São 17 novenas ao todo, a primeira começa bem cedo, às 6 horas e a última do dia é às 22 horas.

Para amenizar o aperto, o reitor do santuário, padre Dirson Gonçalves, chegou a anunciar no ano passado que duas portas laterais seriam abertas na igreja.

Além de facilitar a saída dos devotos, a medida garantiria mais segurança aos fiéis, segundo o padre.

A decisão de colocar duas saídas laterais surgiu logo após a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde centenas de jovens morreram depois de um incêndio. Com apenas uma saída, os jovens acabaram morrendo asfixiados.

O acidente abriu precedente para uma discussão sobre as saídas de emergências em locais de grande concentração de pessoas.

O padre bem que tentou. Porém, logo após o anuncio da obra, surgiu o entrave. A Fundac (Fundação Municipal de Cultura) iniciou o processo provisório de tombamento do imóvel, que foi a primeira igreja a ser construída na Capital.

A partir deste processo nenhuma reforma ou mudança pode ser feita, já que o imóvel precisa ser preservado com suas características originais.

O pedido de tombamento, que pode ser feito por qualquer pessoa, foi solicitado logo após o padre anunciar a reforma.

“Tivemos que suspender o projeto por causa do tombamento. Agora iniciamos outro projeto que será entregue na prefeitura e discutido com os órgãos competentes. Nesse projeto não tiramos as características originais da igreja. Tudo seria feito com as características atuais”, disse Dirson.

O reitor lamenta que a obra não possa ser iniciada e espera que até o segundo semestre deste ano a decisão seja concluída.

Alguns horários são mais vazios, mas durante todo dia o movimneto é grande.
Alguns horários são mais vazios, mas durante todo dia o movimneto é grande.

“É um projeto longo. Para o novo projeto tivemos que solicitar as plantas do local que ficavam no arquivo geral na sede do santuário, em Curitiba. E depois que o projeto estiver pronto, ainda vamos sentar com a prefeitura para dialogar sobre a reforma”.

Para o padre, não há dúvidas de que o pedido de tombamento foi feito justamente por causa do anúncio das obras. “Sabemos quem fez esse pedido. Fico feliz por um lado porque existe a preocupação de proteger, mas fico triste porque quem não frequenta não sabe a dificuldade que é na hora de sair”.

O respeito com o tombamento do prédio o reitor garante que existe, mas ainda assim acredita que haja necessidade de novas saídas. “No novo projeto a intenção é não ferir a estrutura original e manter as características”.

Prefeitura- Conforme a prefeitura, no momento, peritos da Fundac estão fazendo a avaliação técnica (elementos arquitetônicos e históricos) para confirmar o interesse histórico no tombamento.

Havendo interesse, o processo seguirá para Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente) para que seja dado o parecer. O processo volta para Fundac e depois segue para o Conselho Municipal de Cultura que dará o parecer final.

Opinão- Entre os devotos de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro a polêmica é grande. As portas, literalmente, dividem a opinião de quem frequenta religiosamente o santuário.

A publicitária Fabiana Vigano, 33 anos, ficou dividia na hora de opinar. “Seria viável é muito cheio. Na hora da saída é complicado, principalmente às 18 horas”. Mas depois de pensar alguns milésimos de segundo ela diz: “Mas por outro lado, estamos pensando só na gente e talvez isso prejudicasse a igreja. Vamos ter paciência para sair, não custa nada”, finaliza ela.

“Sou a favor de tombar e acho que não precisa abrir nenhuma porta. Um pouco de educação em esperar não faz mal pra ninguém”, disse o representante comercial Antonio Gonçalves, 21 anos.

O amigo Murilo Serrana, 22 anos, concorda e diz que “tombar seria o melhor”.

Na hora de avaliar a segurança da igreja, a estudante Jéssica Pinheiro, 20 anos, também ficou confusa. “É sempre bom prevenir. É muito cheio, bem lotado e se abrisse uma porta seria bom”. Mas em seguida completa: “Mas acho que não seria necessário”.

“À noite é muito cheio, vem muita gente. Portas laterais seriam ótimas. Ajudaria na ventilação do local também, apesar de ter ar-condicionado. Eu concordo, mas se não perder a característica da igreja”, disse a comerciante Flavia Cintra, 37 anos.

Em uma das portas laterais da igreja, devotos não conseguem nem entrar.
Em uma das portas laterais da igreja, devotos não conseguem nem entrar.
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