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Artes

Escrito na infância, livro relembra a história de família pela ótica da avó

Naiane Mesquita | 12/07/2015 07:12
Eduarda e a avó Carminda, inspiração do livro da família Fernandes (Foto: Divulgação/ Eduarda Fernandes)
Eduarda e a avó Carminda, inspiração do livro da família Fernandes (Foto: Divulgação/ Eduarda Fernandes)

Aos dez anos de idade, a pequena Eduarda gastava horas do dia conversando com a avó. O apreço por história e o desejo de recontá-las sempre foi forte na douradense, que mal sabia que os primeiros sinais do jornalismo surgia ali.

Após cerca de 14 anos "entrevistando" a progenitora, a repórter finalmente concluiu o livro "Família Fernandes: Uma história de gerações”. "Ele não nasceu como um livro. Minha avó começou a me contar algumas histórias e eu gostava de escutar. Depois usei para um trabalho da escola e assim foi surgindo, com informações e xerox de fotografias", relembra.

Os tempos de ensino fundamental passaram, mas um primo deu a sugestão que faltava a Eduarda. "Se eu fosse você faria um livro do que já tem".

Com aquilo na cabeça, ela cursou a faculdade de jornalismo pela Unigran (Universidade da Grande Dourados) e depois decidiu tirar o projeto do papel e da infância.

"Comecei a procurar outros familiares e precisei mudar o que já tinha escrito, porque aquela era a versão de uma criança. Escrevi com dez anos de idade. Lembro que nesse período eu sempre procurava o arquivo no computador para ver se não tinha perdido. Morria de medo", brinca.

João Marques da Silva, Eduarda e Carminda Fernandes da Silva no aniversário de cinco anos dela (foto: Arquivo pessoal)
João Marques da Silva, Eduarda e Carminda Fernandes da Silva no aniversário de cinco anos dela (foto: Arquivo pessoal)

Levando a sério, ela procurou a principal fonte e a reentrevistou. "Hoje ela tem 93 anos. Eu sempre falo que ela foi a minha primeira entrevistada. É uma senhora bem forte, que gosta de fazer arroz carreteiro, pão caseiro, mas que prefere ficar em casa", diz.

De família tradicional douradense, ela conta que a família não entendia na infância o desejo por tanta informação, mas que hoje o apoio foi incondicional. "Nasci em Dourados, minha avó também e ainda quando era distrito. Minha bisavó e tataravó viveram 90 anos. É uma família de mulheres guerreiras e é gratificante contar isso para as pessoas", ressalta.

No livro, de forma inconsciente Eduarda também conta um pouquinho da história de Dourados. Não é difícil encontrara quem se identifique com a trajetória da família Fernandes.

"Minha avó desde criança precisou trabalhar muito para ajudar em casa, sempre ajudou sua mãe que ficou viúva cedo e só depois que ela se casou com meu avô que eles conseguiram um pedaço de terra. Não tinha assistência do governo na época, era mais difícil", explica.

Eduarda durante o lançamento do livro em Dourados
Eduarda durante o lançamento do livro em Dourados

Com 14 filhos, 41 netos, 53 bisnetos e 14 tataranetos, dona Carminda, a avó de Eduarda, ainda se espanta com a evolução do município localizado a 233 km de Campo Grande.

"Ela não imaginava que ia crescer tanto assim, ela nasceu onde hoje é o shopping de Dourados e nem gosta de passar em frente. Acho que pelas lembranças. A vida inteira dela foi no plantio, primeiro de feijão, depois de milho e soja. Foi assim que ela criou todo mundo", conta a jornalista.

O livro foi impresso e lançado de forma independente por Eduarda, que utilizou uma plataforma online para o processo. "Imprimi menos de 100 unidades por causa da falta de patrocínio", lamenta.

Quem quiser pode comprar o livro em e-book no link ou impresso no https://www.createspace.com/5104530.

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