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Artes

Para entender porque estamos perdidos, dica é ler a Odisseia de Homero

Grupo se reúne na Casa de Ensaio de Campo Grande para discutir literatura e começa pelos clássicos gregos

Alana Portela | 25/06/2019 08:13
Grupo se reuniu para falar sobre literatura clássica e refletir sobre o mundo atual (Foto: Henrique Kawaminami)
Grupo se reuniu para falar sobre literatura clássica e refletir sobre o mundo atual (Foto: Henrique Kawaminami)

Na tentativa de entender o que anda acontecendo com as pessoas, o bate-papo do fim de semana recorreu à literatura clássica. Grupo que se reúne na Casa de Ensaio, em Campo Grande, escolheu como obra da vez  a Odisseia de Homero, um dos principais poemas da Grécia Antiga.

Pode parecer coisa velha, mas muita coisa anda se mostrando bem atual diante de discussões que todo mundo julgava ser coisa do passado. “Odisseia é uma obra importante, fundamental para iniciar um pensamento mais civilizatório, buscar a história deles. A gente tá meio que perdendo essa coisa da civilização, acho que quando o mundo está em um momento confuso, é melhor voltar para a história, para o início de tudo, da civilização e da literatura para entender a situação. Falar sobre os livros clássicos, tentar estudar é um jeito de entender o que está acontecendo com o agora”, avalia Laís Dória, responsável pela Casa de Ensaio.

Em um "período complicado", ela considera fundamental buscar as origens de comportamentos nocivos. “Estamos vivendo a barbárie, as pessoas não quererem mais ler, um tempo onde tudo é bobagem. O capitalismo é tão exacerbado que ficou maior que o ser humano. Foi provado que está sendo tudo por dinheiro”. Por isso, a dica é rever as obras clássicas para refletir.

Odisseia, de Homero, é uma literatura rica em descrições. Narra a história de Ulisses, que passou dez anos na Guerra de Troia e demorou mais 17 anos para conseguir voltar para a casa. 

A obra desenha um traçado minucioso dos personagens que compõe o painel social e mostra que o ser humano não sofreu muitas transformações. Odisseia é uma epopeia (poema narrativo), que conta a grandeza de um povo, de uma raça, enquanto a obra enaltece um guerreiro.

Na reunião do fim de semana, a Ana Arguelho, que é integrante da Academia Feminina de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul, falou sobre conflitos de antigamente que podem ser vistos nos dias atuais. “Reporta aos tempos das grandes migrações das tribos gregas em seu permanente estado de guerra por demarcação e proteção de territórios”.

O personagem principal na época da civilização era um modelo de homem forte, inteligente e habilidoso. Apesar de falar dos conflitos da época, a obra mostra a esperteza do personagem principal, que pode servir de inspiração nos dias de hoje. A guerra só terminou por conta da artimanha de Ulisses, com o cavalo de Troia. Os guerreiros gregos se esconderam dentro de um grande cavalo de madeira criado criado por ele. Os troianos o levaram para dentro das muralhas da cidade, considerando-o um presente dos deuses. No meio da madrugada, os guerreiros saíram do cavalo e atacaram.

Delasnieve falou que a oralidade é uma das coisas que se aprendeu com os antigos e predomina até nos dias atuais (Foto: Henrique Kawaminami)
Delasnieve falou que a oralidade é uma das coisas que se aprendeu com os antigos e predomina até nos dias atuais (Foto: Henrique Kawaminami)
Laís Dória foi uma das organizadoras do evento  (Foto: Henrique Kawaminami)
Laís Dória foi uma das organizadoras do evento (Foto: Henrique Kawaminami)

“Ao participar das palestras sobre literatura medieval, especificamente a Grécia, percebe-se que é o berço da civilização. É lá que tudo aconteceu primeiro e poucas pessoas conhecem. Tudo começou por lá, quando não existia a tecnologia. Contudo, criaram uma forma de escrever, o protagonista naquela época era o país, enquanto hoje é a personalidade. São mudanças que ocorreram durante esses milênios”, explica a presidente da Associação Internacional Poetas, Delasnieve Miranda esteve no encontro e destaca que é preciso ter conhecimento da origem das civilizações.

A pedagoga Valdete Caldas também participou do bate-papo em Campo Grande e relata que teve contato com a obra no ensino médio. “Hoje vejo a necessidade desse conhecimento que, depois de muitos cursos e palestras, me abriu horizontes. É pegando o passado, revendo, para entender o que está acontecendo na atualidade e poder passar para os alunos”.

A proposta das organizadoras do evento é dar continuidade ao bate-papo mensalmente por um ano. “São 12 séries. Vamos estudar a Grécia, por isso todo mês é um tema diferente”, explicou Lívia. Esse foi o segundo encontro do grupo. O primeiro ocorreu em maio e a discussão foi “Ilíada”, de Homero.

A terceira reunião está programada para o dia 27 de julho e a obra da vez será “Os trabalhos e os dias”, do poeta grego Hesíodo. No dia 31 de agosto, os participantes vão discutir o livro “Édipo Rei”, do dramaturgo da Grécia Antiga, Sófocles.

O passeio pela Grécia continua no dia 28 de setembro, com a “Antígona”, de Sólfocles novamente, em 26 de outubro a discussão será “As troianas” do também dramaturgo Eurípedes. Já o último dia de programação vai ser em 30 de novembro com “Prometeu Acorrentado”, do poeta Ésquilo.

A programação é voltada para às alunas da academia de feminina que queiram participar e é aberto para estudantes das universidades e público em geral.

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A obra de Odisseia foi discutida entre os participantes (Foto: Henrique Kawaminami)
A obra de Odisseia foi discutida entre os participantes (Foto: Henrique Kawaminami)
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