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Artes

Para morte não ser tão ruim, arte ocupa túmulo e cemitério começa ganhar cores

Ideia foi do fotógrafo Roberto Higa, diante do abandono do Cemitério Santo Antônio

Thailla Torres | 11/11/2017 07:15
Higa mostra como ficou o túmulo, depois de ganhar tons de amarelo. (Foto: Paulo Francis)
Higa mostra como ficou o túmulo, depois de ganhar tons de amarelo. (Foto: Paulo Francis)

Depois de mais de 50 anos cuidando, o fotógrafo Roberto Higa convidou neste mês um artista plástico para transformar o túmulo da família em obra de arte. Poderia ser mais uma pintura de manutenção, mas o desenho feito pelo campo-grandense Apres Gomes tem um valor especial para o fotógrafo, que hoje é quem mais se preocupa em preservar o local.

Tanto cuidado encontra motivos extras na história. "Aqui tem bem mais de 10 parentes. Estão enterrados pai, mãe e os avós do meu avô. Tem gente que veio do Japão depois de muito tempo, em cinzas petrificadas, que são guardadas aqui com todo carinho", justifica.

A ideia de Higa também é valorizar o Cemitério Santo Antônio, que ao longo dos anos vem perdendo a grandeza pela falta de zelo. "Eu decidi fazer porque essa pintura representa as delicadezas da vida. E morrer não significa que a história dessas pessoas acabou. A gente deve continuar cuidando da memória deles".

E como pequenas iniciativas vão ganhando força, a ponto de mudar o comportamento de uma comunidade, depois que Higa decidiu levar a obra de arte para o próprio túmulo, outras pessoas investiram na pintura. Já tem tumulo cor de rosa e outro também amarelo. "Andando pelo cemitério neste mês eu já vi que algumas pessoas pintaram de tons bem vibrantes. Quem sabe aos poucos ele não vai ganhando vida novamente".

Desenho feito por Apres Gomes. (Foto: Paulo Francis)
Desenho feito por Apres Gomes. (Foto: Paulo Francis)

O amarelo vibrante agora deixa em destaque a estrutura de alvenaria. O mármore que cobre o túmulo recebeu o desenho de um ipê amarelo. "São traços bem suaves de algo que faz parte da minha vida aqui em Campo Grande", diz.

Ao lado do túmulo dos pais, avós e bisavós de Higa, está outro jazigo, que pertence a um primo. Por ali a pintura também chegou, para fortalecer os mais de dois séculos de história.

Os dois pontos destoam da maioria, onde o cuidado não é o mesmo. Parte da arquitetura já está morta pelo tempo, porque não recebeu a devida manutenção ou tem sofrido com o vandalismo. Túmulos abertos, objetos furtados e depredação é visto por quem passa. Um situação que entristece o fotógrafo, que decidiu reagir.

"As pessoas estão roubando e sujando sem dar conta que toda história de Campo Grande começa por esse cemitério. Nele está enterrado José Antônio Pereira, o fundador da cidade.  A gente precisa dar um pouco mais de respeito".

Comparando a cemitérios ao redor do mundo, que pela arquitetura tornaram-se pontos turísticos, Higa sugere que o lugar seja mais respeitado pela população. "Cemitério não pode ser visto como algo ruim. Tem lugares pelo mundo que ele é uma atração. Alguns até tombado como patrimônio histórico. Então, todo mundo tem que zelar por esses túmulos", acredita.

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Os dois pontos destoam da maioria, onde o cuidado não é o mesmo. (Foto: Paulo Francis)
Os dois pontos destoam da maioria, onde o cuidado não é o mesmo. (Foto: Paulo Francis)
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