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Artes

Mesmo com a moda sertaneja, Festival Universitário da Canção ainda traz o melhor do rock, MPB e Samba Rock

Paula Maciulevicius | 24/09/2011 17:23

A resistência ao modismo do sertanejo universitário leva público ao Glauce Rocha, para "despoluir"

"A música boa tem espaço em todo lugar do Brasil". Mauro e Beto, os primeiros a subirem ao palco com a música "Meus Presságios". (Foto: João Garrigó)
"A música boa tem espaço em todo lugar do Brasil". Mauro e Beto, os primeiros a subirem ao palco com a música "Meus Presságios". (Foto: João Garrigó)

Com o cenário da música brasileira tomado pelo sertanejo, encontrar quem resista a ele e um "achado". Quem participou na noite de sexta-feira no Glauce Rocha viu que o sertanejo universitário não tem vez na UFMS. No repertório, rock, MPB e samba rock.

O Festival Universitário da Canção ainda consegue se manter longe do estilo. As músicas podem não virar hit nas rádios, mas são resistência.

O público que assiste avalia: "Campo Grande já dá muita oportunidade para o sertanejo, que vem com tudo, os festivais tentam dificultar, dar oportunidade para outros estilos. É difícil fazer MPB, tem que dar espaço", fala a cantora Jacqueline Costa, de 21 anos.

"A gente vem para escutar algo meio diferente. Só tem sertanejo na cidade, eu vim para despoluir um pouco. E com todo respeito a quem faz música, graças à Deus que o sertanejo não entra mesmo", comenta o músico Ismael Alencar, de 20 anos.

Ainda há os que vão para “despoluir” de tanto sertanejo que se ouve na cidade. (Foto: João Garrigó)
Ainda há os que vão para “despoluir” de tanto sertanejo que se ouve na cidade. (Foto: João Garrigó)

E quem pensa que o Festival restringe está muito enganado. O estilo, principalmente o universitário, está batendo à porta, louco para participar.

"Os jurados ainda dão preferência para a MPB, rock, é difícil ganhar sertanejo, apesar de serem ótimas músicas. Tem uma resistência aí que precisa ser quebrada", defenda a coordenadora do evento Marineide Cervigne.

Entre as 47 músicas que se candidataram, 16 foram classificadas. "Eu vim para ver uns amigos, eles vem se apresentar caracterizados, coisa bem diferente. Isso é um incentivo. Me desculpa, mas o sertanejo não faz falta, né?", pergunta o publicitário Rodrigo Motta, 22 anos.

"Aqui é a oportunidade para cantores independentes tentarem fazer música mesmo sobre a pressão do sertanejo, ou voltado ao comercial. Aqui você faz o que quer e de coração", observa o analista de tecnologia André Vidal, 29 anos.

Entre as 47 músicas inscritas, 16 delas subiram ao palco do Festival Universitário da Canção. (Foto: João Garrigó)
Entre as 47 músicas inscritas, 16 delas subiram ao palco do Festival Universitário da Canção. (Foto: João Garrigó)

A pressão sertaneja vem ganhando forma ao longo de quase duas décadas de festival. A vontade do estilo de participar é tanta que já tem gente até pedindo um festival a parte.

"Já me pediram para fazer um só de sertanejo, mas a ideia do festival é premiar o MPB, rock, reggae", diz Marineide.

Marineide lembra que já teve cantor do estilo concorrendo e que subiu ao palco com gosto. "Até o Michel Teló, muito antes do Tradição, passou por aqui".

E o fato de reunir diversidade de estilos e composições chamou a atenção de qualquer idade. De cabelos brancos, sentado sozinho, acompanhando o festival com a programação em mãos, o aposentado de 70 anos recorda dos primórdios de festivais de música popular brasileira.

Ney Barbosa veio porque não tinha nada para fazer em casa, explica. Ao contrário da maioria dos campo-grandenses que se esconde da chuva, foi chegando aos poucos ao Glauce Rocha, estava lá justamente porque achou o clima melhor para sair.

"É a primeira vez que eu venho e tenho observado que num nível geral é muito bom. Lembra os antigos festivais", conta.

A nostalgia é quem parece lhe fazer companhia. "Dá saudade sim, eram outros tempos de festivais", recorda.

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