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Comportamento

A falta que um abraço faz só é percebida quando não se pode mais

Incerteza é o que define a espera por abraço nos netos, avós, pais idosos e tantos outros familiares e amigos

Danielle Errobidarte | 05/04/2020 08:02
Ao lembrar dos netos, Maria de Lourdes conta os dias para o fim da quarentena para poder abraçá-los. (Foto: Paulo Francis)
Ao lembrar dos netos, Maria de Lourdes conta os dias para o fim da quarentena para poder abraçá-los. (Foto: Paulo Francis)

A falta que um abraço pode fazer, em época de quarentena, vai muito além da impossibilidade de contato físico. Ele é, muitas vezes, a maior forma de expressão de amor entre duas pessoas. Para a aposentada Maria de Lourdes Neves, de 64 anos, ele significa vitalidade, estampada no sorriso de poder ver os netos. Durante o isolamento social, ela define seus dias como "tristes", em comparação com as lembranças que carrega, traduzidas em lágrimas, de quando podia abraçar os três netos, "os dias felizes".

Morando em bairros vizinhos, ela no Bairro Nova Lima e eles no Jardim Presidente, a rotina de Maria era visitá-los, quase diariamente. Para ela, o abraço era a concretização física de carinho. "É difícil ficar sem vê-los e sem abraçar, porque eu estava muito acostumada. Mas fazer o que, sei que é pro bem deles e meu. A menor tem 4 anos, o mais velho 11 e ainda tem uma bebê de 1 aninho, não posso arriscar", lamenta. Infelizmente nem os repórteres puderam consolá-la desta vez.

Paola Cabral, de 38 anos, mantém as medidas de proteção ainda mais restritas. Por trabalhar em um hospital particular, ela não vê a avó de 75 anos há mais de uma semana. "Eu morei com ela muito tempo, e quando me mudei continuava visitando. Quebra a nossa rotina, mas eu sei que é pra saúde dela não pode abraçar nem tocar. Não vejo a hora de tudo isso acabar".

Apesar da quarentena afastá-lo do pai de 85 anos, o proprietário de uma loja de assistência técnica Silvio Rai Haikawa aproveita o período do comércio fechado para almoçar todos os dias com a esposa Zuleide Rezende. Ela, corretora, segue trabalhando, mas afirma que "nem abrir os imóveis para os clientes verem estamos fazendo".

Pelo menos para a corretora Zuleide, a quarentena lhe proporciona almoçar com o marido todos os dias. (Foto: Paulo Francis)
Pelo menos para a corretora Zuleide, a quarentena lhe proporciona almoçar com o marido todos os dias. (Foto: Paulo Francis)

"A gente nunca conseguia almoçar juntos, é longe um serviço do outro e acabávamos nos vendo só no final da tarde e de manhã cedinho. Pelo menos uma coisa boa da quarentena, agora podemos almoçar no mesmo restaurante, juntos, já que os dois têm uma rotina corrida e nunca conseguíamos cozinhar em casa", afirma Zuleide.

O casal ainda mantém cuidados com outros membros da família, e permanecem em isolamento apenas os dois. "Temos sobrinhos próximos, não são tão pequenos, mas preferimos não visitar ninguém nesse período".

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