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Comportamento

Após 30 anos longe, professor e aluna se reencontram no amor e na música

Carlos Colman e Ana Paula Duarte viveram uma paixão após 30 anos longe um do outro e a parceria rendeu um novo disco

Thailla Torres | 16/05/2018 08:01
Juntos, lançaram o disco Parceria, após 30 anos de distância um do outro. (Foto: Guilherme Pimentel)
Juntos, lançaram o disco Parceria, após 30 anos de distância um do outro. (Foto: Guilherme Pimentel)

Juntos na juventude, as aulas de música lembram que era destino o amor entre Ana e Carlos. Ela aluna, ele professor, por volta de 1988 os dois se conheceram. Da relação profissional, surgiu a distância quando seguiram caminhos diferentes. Mas após 30 anos, um reencontro inesperado trouxe à tona o amor capaz de unir o casal na vida e na música.

"Eu tinha 16 anos quando fui aluna de Carlos. O vi pela primeira vez tocando na televisão e quis fazer aulas com ele porque o admirava muito", lembra a musicista, professora e funcionária pública Ana Paula Duarte, de 51 anos.

Cantor e compositor, Carlos Colman, de 62 anos, compartilha do mesmo sentimento. "Ana já era muito talentosa, eu também lhe admirava por conta disso. Mas o destino quis que na naquela época cada um tivesse rumos diferente". Os dois foram casados por duas décadas e nunca mais se encontraram.

Em 2016, a redescoberta ocorreu pelo Facebook. Ela enviou um pedido a Carlos que quase não atendeu a tempo. "Eu fiquei uns minutos e fiquei surpreso quando vi o pedido", diz ele. Ana quase desistiu. "No mesmo minuto pensei em desfazer, fiquei ansiosa naquele momento", lembra.

Para Carlos e Ana, o reencontro é um presente. (Foto: Guilherme Pimentel)
Para Carlos e Ana, o reencontro é um presente. (Foto: Guilherme Pimentel)

No outro dia, o reencontro. "Decidimos sair e ouvir uma boa música. Eu sabia que Ana cantava, enquanto eu que sempre cantei e compunha, também andava desanimado com música. Foi quando eu e ela começamos a cantar juntos no bar, eu a primeira e ela a segunda voz. As vozes combinaram muito", diz Carlos.

O primeiro compromisso foi profissional. "Foi quando decidimos montar um repertório e passamos a cantar juntos. Parcelamos até um violão e voltamos no tempo com canções que são referências até hoje", diz Carlos.

O casal vive apaixonadamente a música desde a infância. Carlos é filho de um sanfoneiro conhecido e uma costureira incomparável, descreve. "Meu pai, Atílio Colman, era um sanfoneiro conhecido pelo Estado. Mãe era melhor ainda no seu ofício e viu meu pai tocar nos melhores bailes do MS. Eu era pequeno quando via meu pai tocar em uma fazenda de Capão Seco, durante 10 dias, tempo que os fazendeiros faziam de festa naquela região".

Autor de Castelânea, Carlos é o único dos três irmãos que seguiu o caminho da música.  Na juventude, o sonho de cursar Música não se realizou pelas condições financeiras. "Não tinha o curso de Música na UFMS, ainda. Ficar fora era muito caro, então fiz cursinho e enrolei com música. Tocava dentro da aula e passei a ensinar violão".

Com Ana a rotina musical da família fez todo sentido também quando criança. "Minha mãe era pianista, meus avós cantavam em duetos e eu aprendi piano porque todo mundo que nascia lá em casa tinha que aprender o instrumento. Mas teve uma época que minha mãe queria aprender violão e ela tinha muita dificuldade. Aprendi tocar olhando, com os grupos de jovens dentro de casa e por aí foi".

Do amor... um disco - "Parceria" é o quinto disco do cantor e compositor sul-mato-grossense Carlos Colman. Nasceu da cumplicidade entre ele e Ana Paula Duarte, desde 2016, quando ela percebeu a chance de fazer algo novo para reacender a paixão de Carlos pela trajetória na música.

E a música é um caminho cheio de boas surpresas. (Foto: Guilherme Pimentel)
E a música é um caminho cheio de boas surpresas. (Foto: Guilherme Pimentel)

Carlos não gravava há anos e nem tinha vontade. "Eu já estava desanimado, não queria mais. Sentia que esse tipo de música, rural e regional, não empolgava mais. Fugia do interesse atual. Mas também não queria ficar falando disso e só preferi não fazer mais canções".

Com músicas inéditas guardadas na gaveta, a empolgação de Ana começou a ganhar projeção aos olhos de Carlos que enxergou a possibilidade de um novo disco. "Vi que ela estava certa, ela me animou. Quis então gravar do jeito que entendia minha música naquele momento. Tenho uma música rural, que hoje é chamada de folk, mas queria neste CD algo com tudo que eu tinha direito, com todos os instrumentos e arranjos possíveis".

Entre melodias, enquanto Carlos sabia o que queria, Ana fez de tudo para brilhar na produção. Deu certo, elogia Carlos. "Eu dei o meu melhor, mas Ana produziu esse CD lindamente, ele quem estava ali no ajuste e falando o que era melhor. Foi um momento incrível".

Com 14 canções, o CD ganhou surpresas quase nos últimos finais de produção, principalmente, com a música "Analua", um presente de Carlos à esposa, onde fala que tem tudo que precisa, inclusive, sua Ana.

"Eu fiz Ana Lua, uma letra bem bucólica e simples, há muito tempo. Mas cada dia que eu cantava, era de um jeito, uma hora xote, outra guarânia, e no começo ela nem tinha percebido que o presente era para ela". Ana tem a mesma impressão. "Ele cantava, mas não falava que o presente era pra mim, mas quando soube foi uma alegria".

Para Ana, da música ao amor, a nova fase significa mais do que uma parceria. "É um presente, não tem como usar outra palavra. Depois de tantos anos, você reencontrar alguém, com outra cabeça, com outras vontades e percebeu que o destino quis que a gente ficasse junto, é realmente um presente".

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