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Comportamento

Chegada de Olívia transformou medo e desespero em amor e acolhimento

Flora descobriu que estava grávida aos 5 meses de gestação e enfrentou momentos de dúvida e incerteza

Eduardo Fregatto | 07/06/2017 07:44
A família Chinchilla celebra a presença da pequena Olívia. Na foto: a tia Mariana, a avó Marília e a mãe,
Flora. (Foto: Nancy Oliveira)
A família Chinchilla celebra a presença da pequena Olívia. Na foto: a tia Mariana, a avó Marília e a mãe, Flora. (Foto: Nancy Oliveira)

A imagem acima reúne três gerações de mulheres que carregam uma história de amor, acolhimento e compreensão. A mais nova integrante da família, o bebê sorridente que atrai toda atenção, se chama Olívia, e tem 8 meses de vida. Ela é filha da estudante Flora Chinchilla, 23 anos, que descobriu a gravidez ano passado, aos 5 meses de gestação, e passou por momentos de desespero, dúvida e medo.

“Foi um susto, eu pensei que minha vida tinha acabado, porque eu tinha vários planos que não poderiam mais acontecer”, conta. “O que me segurou foi o apoio da minha família, da minha mãe, pai, irmãos e também do pai da Olívia”, diz. Além do acolhimento, a jovem buscou atendimento com psicológa, algo que define como algo “vital”. “Ela me fez perceber que meus objetivos não tinham terminado, apenas seriam reajustados para uma nova realidade”, descreve.

A chegada de Olívia na família Chinchilla teve efeitos transformadores. Todos passaram a valorizar mais a vida, a própria saúde e o futuro. Os pais de Flora, por exemplo, decidiram parar de fumar. “É o meu desejo de viver mais para minha neta”, define Marília Chinchilla, 58 anos, que agora se orgulha do título de avó.

Flora teve apoio de grupo de doulas de Campo Grande. (Foto: Acervo Pessoal)
Flora teve apoio de grupo de doulas de Campo Grande. (Foto: Acervo Pessoal)

“A Olívia nos aproximou, uniu muito mais a gente. Todos estão tentando melhorar para oferecer o melhor para ela”, revela Flora.

Todo o medo que sentiu também se provou injustificado. A jovem relata que a maternidade surgiu como algo natural. "Eu sei que não é assim com todas as mulheres, mas comigo foi a melhor coisa que aconteceu", diz. "É natural pra mim, tenho segurança em cuidar da minha filha desde que peguei ela no colo pela primeira vez. É algo louco e instintivo".

Parto com respeito – Solteira e bissexual, a gravidez de Flora gerou espanto de pessoas próximas, pois nos últimos anos a estudante só vinha se relacionando com outras meninas. “Muita gente ficava sem entender”, recorda. “Mas foi algo que aconteceu”.

Ela recebeu todo o apoio do pai de Olívia, que mora em outro estado, e decidiu buscar alternativas para um parto natural e humanizado em Campo Grande. Encontrou um grupo de doulas chamado I'memby, pertencente ao Centro Ativo de Integração do Ser, das parteiras tradicionais, que ofereceram suporte e orientações.

Apesar disso, a família da Flora não tinha condições financeiras de pagar pela assistência de uma doula. Foi quando surgiu mais uma surpresa. “Em uma das reuniões, elas me ofereceram os serviços de uma doula gratuitamente. Foi uma das maiores emoções da minha vida”, conta.

Olívia virou o centro das atenções da família e fez todos buscarem uma vida mais saudável. (Foto: Acervo Pessoal)
Olívia virou o centro das atenções da família e fez todos buscarem uma vida mais saudável. (Foto: Acervo Pessoal)

Quando o parto finalmente chegou, foram mais de 18 horas de contrações até o nascimento de Olívia. Flora e sua mãe, que acompanhou todo o processo, ressaltam a importância da presença da doula, e o significado do parto humanizado. “É algo que deveria estar mais presente no Sistema Público de Saúde, com mais campanhas de conscientização”, defende Marília.

Marília descreve o momento do nascimento de Olívia com um poema de Fernando Pessoa, que diz: “Sei ter o pasmo essencial que tem uma criança se, ao nascer, reparasse que nascera deveras…”. Ela explica: “A Olívia parece que reparou que nasceu, ela de imediato lançou um olhar para a Flora. Foi a emoção mais forte de toda minha vida, fui às lágrimas em um choro silencioso”, compartilha.

Ao fim dessa jornada, Flora hoje está feliz, vivendo com Olívia em Londrina-PR, cidade onde cursa faculdade de Design e Moda. Após o susto, medo e até desespero, a jovem percebeu que existia apoio, acolhimento e muito amor pela frente. “Estou namorando e abri meu processo de estágio, vai ser uma nova fase agora, só que com a Olívia”, comemora.

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