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Comportamento

Com lema curioso, Gigi diz que chegou aos 80 anos "muito bem vividos" com sexo

Animada e autêntica, ela dá show por onde passa e carrega mais vida que muito jovem por aí

Thaís Pimenta | 17/09/2018 08:24
Mesmo necessitando de uma bengala para andar, Gigi se arrisca na dança cigana.  (Foto: Henrique Kawaminami)
Mesmo necessitando de uma bengala para andar, Gigi se arrisca na dança cigana. (Foto: Henrique Kawaminami)

O lema de vida foi o que chamou atenção do Lado B para a nada discreta Gilce Sampaio da Rocha, que gosta de ser chamada de Dona Gigi. Aos 80 anos, ela define sua idade da maneira mais autêntica possível: "São 80 anos, muito bem vividos e fodidos", dispara ela a quem quer que seja. 

Gaúcha de nascença, morou por anos em Pelotas, depois Belo Horizonte e finalmente conheceu Campo Grande, de onde pouco sai hoje em dia. Já foi de tudo, como ela mesmo diz, "menos puta", e hoje é aposentada e apimentada.

Casada no papel, mas distante do esposo há anos, passa seus dias "ajudando os outros", levando verduras aos que precisam e distribuindo roupas. Descobriu há poucos meses a dança cigana, da qual ganhou uma grande amiga, a dançarina e professora Geysa Khadija. 

Com um sorriso no rosto e fazendo elogios à equipe a todo momento, ela dispara frases como quem consegue enxergar além do que se vê. "Ela é sensitiva, consegue sentir as pessoas", comenta Geysa, que faz questão de explicar esta particularidade da amiga. Mesmo sincera, não é ofensiva em momento algum, e trata a todos com carinho e respeito, deixando explícito porque é uma pessoa tão amada. 

Olhos claros e sorriso no rosto. Brinco só de um lado da orelha é truque de Gigi. (Foto: Henrique Kawaminami)
Olhos claros e sorriso no rosto. Brinco só de um lado da orelha é truque de Gigi. (Foto: Henrique Kawaminami)

Gigi é chamada a todo tempo por vó e rainha pela amiga. E foi Gilce quem se encantou por Geyza, quando a viu dançando em um evento no centro da cidade. "Foi uma conexão, ela começou a chorar, emocionada, e ficou curiosa, queria saber mais da dança". Desde então, ela participa do grupo de dança com meninas bem mais novas que ela, mas por tantos anos de vivências, tem contribuído com as colegas "despertando o lado feminino" de cada um, como pontuam.

Aos 80, segue lúcida e diz o que o segredo para a felicidade é só um: sexo. "Por aqui passou muita gente, até Coronel", diz ela. Quando questiono que história é essa, ela faz que não pode dizer. Os olhos claros e as pernas, como faz questão de comentar, são características que mais chamam atenção e "continuam fazendo sucesso".

Gigi também tem um truque: usa apenas um lado de seus brincos. "Porque chama atenção. As pessoas acham que eu perdi o outro lado, me abordam na rua, e eu adoro. Falo sempre que é pra chamar atenção mesmo". 

Colares e pulseiras são sua proteção e por isso não saem de seu corpo. (Foto: Henrique Kawaminami)
Colares e pulseiras são sua proteção e por isso não saem de seu corpo. (Foto: Henrique Kawaminami)

Seus colares e pulseiras são proteção, por isso estão com Gilce a todo momento. É em sua sacola que guarda todos os pertences pessoais, inclusive exames de saúde, que comprovam a cirurgia pela qual Gigi passou, no quadril. "Tenho uma palca de ouro no bumbum", explica ela, que precisa de uma bengala para andar. 

Mesmo com dores, vez ou outra se arrisca na dança e, todo santo dia, bate perna pela cidade. "Pego uns cinco ônibus todo dia", diz.

Apaixonada por política, trabalhou com Lionel Brizola, quando conheceu todas as capitais brasileiras. Foi também vice presidente do PDT em Belo Horizonte e hoje, assim como a maioria da população, segue desacreditada da política. 

Mesmo assim, diz que alguns políticos salvam e que gosta de gente honesta e sincera. "Eu faço questão de não misturar. Se tem gente desonesta, roubando, eu rezo e agradeço por aqueles que fazem o bem. O que o outro tem de ruim não é nosso, somos responsáveis só pelo que somos".

Gigi, Geyza e a filha de Geyza, "princesa" da casa, como comenta Gilce. (Foto: Henrique Kawaminami)
Gigi, Geyza e a filha de Geyza, "princesa" da casa, como comenta Gilce. (Foto: Henrique Kawaminami)

O segredo para sua lucidez está na leitura, ao menos é o que ela diz. "Leio de tudo, sempre li. Jornal, livro. Acho um papel no chão, leio também. Ouço música a vida toda e danço".

Mãe de duas meninas, avó e bisavó, ela diz que sua família critica seu jeito espontâneo de ser. "Elas querem que eu seja uma vovó, fique em casa fazendo crochê e comida. Eu nunca serei assim"", comenta, revoltada. Até hoje bebe um pouco de cerveja e vinho, coisa que adora fazer.  

Quando relembra o dia de seu casamento, 18 de março de 1972, conta que entrou na festa de vestido cor de rosa. Depois da cerimônia, deu seu sutiã para Nossa Senhora. "Tirei o vestido no meio de todo mundo, e o sutiã, para dar à ela. Acho que ela gosta, porque continua com ele até hoje". Deste dia em diante, nunca mais usou a peça íntima porque nunca achou confortável. 

Com seu jeito verdadeiro de ser, reflete sobre a vida e finaliza dizendo que por ser tão amada poderia morrer hoje se a vontade de Deus fosse assim. "Sou feliz demais, posso ir quando for preciso. Mas viveria por muitos anos, gosto de viver".

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Gesto refere ao sexo, segredo da felicidade, ao menos é o que diz Gigi.
Gesto refere ao sexo, segredo da felicidade, ao menos é o que diz Gigi.
Com sorriso no rosto, segue seus dias ajudando aos outros. (Foto: Henrique Kawanamini)
Com sorriso no rosto, segue seus dias ajudando aos outros. (Foto: Henrique Kawanamini)
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