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Comportamento

Depois das filhas criadas, Márcia adotou criança especial e tudo mudou na vida

Ingrid tem paralisia cerebral, microcefalia e Síndrome de Leigh e hoje, mãe e filha são uma lição para a nova família

Lucas Arruda | 25/10/2017 08:04
Ingrid é bastante carinhosa com a mãe e as duas não se desgrudam (Fotos: Lucas Arruda)
Ingrid é bastante carinhosa com a mãe e as duas não se desgrudam (Fotos: Lucas Arruda)

“Para mim, ela é igual a qualquer outra criança, com algumas limitações”, reflete a dona de casa Márcia Siqueira, mãe de Ingrid, que aos 8 anos sempre aparece com um sorriso gostoso. A criança tem microcefalia, paralisia cerebral e Síndrome de Leigh – doença neurológica que normalmente se manifesta durante o primeiro ano de vida,  caracterizada por um atraso e perda progressiva das capacidades mentais e motoras. 

Ingrid não é filha biológica de Márcia. Ela resolveu cuidar da menina logo após a criança nascer. “A mãe era envolvida com drogas, não cuidava direito dela, que chorava muito. Eu ouvia o choro e cortava o coração. Quando ela tinha 20 dias peguei ela pra cuidar um pouco, aí começaram a deixá-la aqui. Ficava uns três, quatro dias aqui, o resto da semana lá na casa deles, vizinha à nossa”, recorda.

Com o passar do tempo, o bebê ia ficando cada vez mais dias com Márcia, até que ela resolveu pegá-la de vez para criar. “Decidi cuidar dela porque ela ficava bem aqui, sempre fiz o necessário para dar o melhor. Depois de uns meses o conselho tutelar tentou tomá-la de mim, mas não deixei que a levassem, disse que cuidava dela e que na casa da mãe ela ficava mal”, conta.

Após esse episódio Márcia foi à justiça para brigar pela guarda definitive da menina. “Lá a juíza viu que realmente eu estava com a razão. Ainda assim ela me perguntou se eu sabia que a Ingrid tinha a paralisia cerebral. Disse que sim, que estava disposta a enfrentar o que viria pela frente e fazer de tudo para ela crescer bem”, afirma.

A guarda de Ingrid ficou com ela. A criança foi crescendo e Márcia, que já tinha outras duas filhas, uma de 16 e outra de 19 na época, teve que se desdobrar para criar uma menina especial. Colocou a menina na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e atualmente ela também faz tratamento na ONG Renasce Uma Nova Esperança até frequenta uma escola de ensino regular. “Ela não chega a acompanhar o conteúdo, mas é bom para sua socialização com outras crianças. É a querida da sala, tanto pelos colegas quanto pela professor”, pontua.

Mas as dificuldades que enfrenta com Ingrid não é só com sua família biológica. Diariamente ela passa por episódios de preconceito quando as duas estão juntas na rua. “Pego bastante ônibus com ela, vejo olhares tortos das pessoas, algumas chegam a falar. Antigamente me calava, hoje em dia retruco. Uma vez, voltando para casa, uma mulher falou em voz alta: o que uma aleijada quer a essa hora no ônibus. Fui confrontá-la e disse que chamaria a polícia, ela teve que descer do ônibus. Defendo minha filha com unhas e dentes, ela não consegue se defender sozinha”, argumenta.

E assim as duas seguem, sempre unidas. Diariamente indo à escola, instituições onde ela recebe tratamento de médicos especializados, como fisioterapeuta, fonoaudióloga, entre outros. “Toda minha família me apoiou, minhas filhas e meu marido gostam muito dela, e, no momento vivo pra ela. Dou bronca quando tenho que dar, ela entende. Agora ela aponta para o que quer, quando está com fome já sei, é uma linda garota. Tenho muito orgulho de ser sua mãe”, conclui.

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