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Comportamento

Depois de um ano tóxico, é hora de inventar um detox para ter dias mais leves

Adriano Fernandes | 01/01/2016 07:23
Dance mais, brigue menos!
Dance mais, brigue menos!

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um individuo genial", prega a poesia. A virada é a esperança de ter aprendido com os erros para acertar e crescer assim que o relógio marca meia-noite. Se não dá para mudar o futuro, vamos ao menos tentar aprender com o passado e enterrar tudo de ruim que nos contaminou em 2015 com um belo detox em 2016.

Muita informação tóxica transformou pessoas e sentimentos, então o desafio é evitar que o mesmo ocorra nos próximos meses. Escândalos na política, catástrofes naturais, atentados, bate-boca boca sobre ideologias, tudo deve continuar firme e forte em 2016. Como abandonar as redes sociais fica cada vez mais complicado, o desafio é sublimar o que há de podre no mundo do veneno virtual. 

Vamos acreditar mesmo em renovação minha gente, no milagre dos dias novos. Nesse caminho, ouvimos algumas pessoas que se intoxicaram em 2015 e querem fazer diferente agora.

Entre os entrevistados, a instabilidade tanto política quanto econômica do país, foi alvo das maiores criticas. Se este foi bom ano ou não, o fato é que todos esperam um 2016 ainda melhor.

Gabriela é paulistana e vive em Campo Grande a pouco mais de um ano. (Foto: Marcos Erminio)
Gabriela é paulistana e vive em Campo Grande a pouco mais de um ano. (Foto: Marcos Erminio)

Gabriela Muniz, de 21 anos, garçonete

Ano tóxico - O que mais exigiu mudança dos meus hábitos em 2015 foi o aumento dos impostos e estes reajustes vão continuar em 2016. A população vai ter que se adaptar, porque o contrário nunca acontece. Infelizmente, é o cidadão quem sempre tem que se virar como pode com o pouco que ganha, para pagar os impostos que só aumentam.

Trabalhei muito, obtive o retorno financeiro que esperava, mas cheguei ao ponto de comprometer minha saúde.

Na internet, constatei o quanto o brasileiro ainda é superficial. Comparo, por exemplo, as tragédias na França e Mariana. Ficou evidente o quanto os brasileiros se sensibilizam mais com o que chama atenção no exterior do que o que acontece a aqui no Brasil.

A mobilização de esforços ou daquela falsa solidarização de Facebook é maior, quando o problema é de outro país.

Detox - Para 2016, vou diminuir o ritmo de trabalho para me dedicar ao que me faz realmente bem. Meus planos para 2016 se resumem ao meu bem estar.

Leandro Faria é ator, diretor e roteirista.
Leandro Faria é ator, diretor e roteirista.

Leandro Faria, ator, diretor e roteirista

Ano tóxico - O mais tóxico em 2015 foi o descaso dos governos (estadual e municipal) com a cultura. Mas isso foi apenas um desdobramento do descaso com a população de um modo geral. A arte de boa qualidade estimula a reflexão e isso, acredito, não agrada a maioria dos políticos.

Detox - Em 2016, para evitar os mesmos problemas de 2015, a solução vai ser buscar cada vez mais patrocínios e apoios privados. E cobrar mais eficácia das instituições governamentais.

As mídias sociais estão aí, e aqui ficarão por um bom tempo. Com seus prós e contras. Temos que fortalecer instruir o ser humano pra que ele possa filtrar o que é bom para ele, e descartar o desnecessário. Ter um olhar mais crítico e menos passivo sobre o que nos cerca.

Em tempos onde todo mundo faz questão de compartilhar sua opinião, as dele Gustavo anota e guarda para si.(Foto: Marcos Ermínio)
Em tempos onde todo mundo faz questão de compartilhar sua opinião, as dele Gustavo anota e guarda para si.(Foto: Marcos Ermínio)

Gustavo Carvalho, de 29 anos, eletricista

Ano tóxico - O ano ficará marcado como vergonhoso na política seja no âmbito nacional, quanto regional. Um País com uma política mal administrada, como foi o Brasil em 2015, tem suas consequências refletidas em três necessidades básicas na vida de qualquer cidadão: a saúde, educação e a segurança. Para 2016, o que eu espero é uma mudança nesse sentido.

Na internet, vi muita gente fazendo comentário e compartilhando conteúdo fútil, enquanto poderia estar utilizando essa ferramenta para algo sério. Isso é típico do brasileiro: opinar com autoridade sobre questões que não tem conhecimento.

Detox - Não sou adepto de nenhuma rede social e vou continuar não sendo em 2016.

Em tempos onde todo mundo faz questão de compartilhar sua opinião, as minhas eu faço questão de anotar a guardar comigo mesmo, na caderneta onde eu anoto as observações sobre tudo que leio e levo para onde eu vou.

Cris Stefanny. (Foto: Fernando Antunes)
Cris Stefanny. (Foto: Fernando Antunes)

Cris Stefanny, coordenadora de Políticas Públicas LGBT em Campo Grande

Ano Tóxico - Penso que o pior do ano que terminou foi enfrentar o fundamentalismo religioso e ter que me indispor por diversas vezes com pessoas mal amadas, que não respeitam a sexualidade, a crença, a raça, a cor e a liberdade das demais parcelas da sociedade.

Em resumo, o preconceito e a discriminação além de serem tóxicos matam o ser humano, tanto quem pratica, quanto quem sofre.

Detox - Tenho fé de que, com muito trabalho, conscientização e um pouco de amor ao próximo tudo é possível. Acredito que para Deus nada é inviável e em 2016 vou procurar não perder tempo com pessoas sem produtividade e sem senso de humanidade.

2015 foi o ano em que Angela assumiu os cachos e mobilizou dezenas de meninas via Facebook.(Foto: Arquivo Pessoal)
2015 foi o ano em que Angela assumiu os cachos e mobilizou dezenas de meninas via Facebook.(Foto: Arquivo Pessoal)

Angela Batista, 23 anos, professora uma das idealizadoras do Movimento de Crespos e Cachos de MS.

O ano foi nublado. Foi o ano em que assumi minha identidade natural e sofri muito preconceito por causa de meu cabelo crespo. Muitos jovens (negros principalmente) morreram por irresponsabilidade de uma classe "responsável pela ordem".

Muita gente fazendo panelaço da sacada do Leblon sem ao menos conhecer a realidade do pobre. Políticos num eterno jogo de xadrez enquanto escolas (por ironia) eram fechadas. A ganância humana que matou um rio e devastou milhares de vidas e que até hoje, os responsáveis não foram punidos.

Quanto às redes sociais, acredito que foram fundamentais, pois vi muita gente ficando politizada e lutando por igualdade e justiça. Pelo Facebook, fiz amizade que me ajudaram a criar um movimento que foi muito marcante para mim e outras meninas negras do estado. Me politizei e tive a oportunidade de dividir experiências com pessoas semelhantes a mim.

Sempre vejo pessoas usando a alegoria do "livro em branco" para o ano que se inicia. Elas esperam fervorosamente a virada do ano na esperança que tudo seja diferente e depois esperam novamente a mesma coisa no fim do ano seguinte.

Gosto mais da ideia de uma "literatura da vida infinita" onde não precisamos do termino de um ano para que possamos mudar o enredo da nossa história. É por esses motivos que não inicio um "livro em branco". Só inicio um novo capítulo que está para começar.

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