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Comportamento

Dono apela à 3ª idade da Variant para vender carro e recuperar saúde do Fusca 62

Apesar do carinho pelo modelo que está com ele há 25 anos, Luba está disposto a vender o carro para reformar o Fusca 1962 que traz de volta memórias de infância

Kimberly Teodoro | 13/11/2018 08:19
Luba também preserva o documento do fusca perdido e a carteira de motorista do pai que só venceu em 2007 (Foto: André Bittar)
Luba também preserva o documento do fusca perdido e a carteira de motorista do pai que só venceu em 2007 (Foto: André Bittar)
Há 8 meses à venda, a Variante de 47 anos ainda procura um novo lar com anúncio criativo (Foto: Kimberly Teodoro)
Há 8 meses à venda, a Variante de 47 anos ainda procura um novo lar com anúncio criativo (Foto: Kimberly Teodoro)

Uma "senhorinha" de 46 anos, a Variant amarela estacionada na Rua 7 de Setembro chama a atenção de quem passa por ali. Além do modelo antigo bem preservado, o anúncio que diz "Olá pessoal, estou chegando na melhor idade", colado nos vidros, veio da criatividade do dono,  Moacir Ferreira Lubachawiski, professor de Matemática, conhecido pelos alunos como Luba, abreviação do sobrenome complicado

A venda da Variante é motivada pela vontade de restaurar o fusca recém adquirido e que lembra o pai (Foto: Kimberly Teodoro)
A venda da Variante é motivada pela vontade de restaurar o fusca recém adquirido e que lembra o pai (Foto: Kimberly Teodoro)

Com peças originais, só o volante custou R$ 1,2 mil e o banco de couro ainda é o mesmo de 25 anos atrás, quando Luba trocou uma caminhonete que tinha na época pela Variant em uma feira de carros antigos, segundo ele um encontro não planejado, mas que foi paixão à primeira vista.

Além da Variant, Luba tem um Jipe 1953 e um Fusca 1962, os dois com significados especiais: 1953 é o ano em que ele nasceu. Já a história com o Fusca vai mais longe, o carro remete a outro Fusca que o pai tinha e que se faz muito presente na memória afetiva da família. Tanto que a venda da Variant é pela reforma do fusquinha branco que está em uma garagem em Minas Gerais.

Luba lembra do carinho que o pai tinha pelo carro, e também do ciúmes, já que em vida nunca deixou ninguém dirigir o Fusca 1968, comprado novo em folha e que ficou com ele por quase 40 anos, mesmo depois da morte do pai em 2006, quando Luba passou a cuidar pessoalmente do veículo que teve um fim trágico. Em 2009 a casa de madeira dos pais, local onde a relíquia era guardada, pegou fogo, deixando para trás apenas cinzas e a lataria retorcida pelo calor.

"A primeira lembrança que me vem a mente é meu pai acelerando o fusquinha, sentado atrás do volante. E o cuidado com que ele dirigia, se você visse uma fila de carros devagar na rua com motoristas irritados buzinando, podia ter certeza que o primeiro carro era o dele. Meu pai dirigiu enquanto pode, a carteira de motorista dele venceu em 2007, um ano depois dele ter partido", relembra.

Em casa, Luba guarda todos os documentos da Variant, desde o primeiro (Foto: Kimberly Teodoro)
Em casa, Luba guarda todos os documentos da Variant, desde o primeiro (Foto: Kimberly Teodoro)

Apesar do estado de conservação da Variant, ela procura um novo dono há 8 meses, pelo valor de R$ 25 mil, um negócio que Luba reconhece exigir paciência. "Só quem compra é um público bem seleto, quem gosta de verdade de antiguidades e entende do valor afetivo. Muita gente que para aqui na frente diz que o avô teve um carro desses e até tem quem brinque que tem a mesma idade dela, mas até agora ninguém comprou", relata.

Luba ainda não vendeu o carro porque a maioria das ofertas que ele recebe são trocas ou propostas com um valor muito abaixo do que ela vale, além de uma característica muito especifica: o futuro dono precisa ganhar a confiança dele, que só gostaria de entregar as chaves para alguém que tenha o mesmo sentimento de carinho pela "senhoria" e que vá cuidar bem dela. "É algo que daqui há alguns anos quando eu ver ela passar pela rua, quero que ela esteja preservada e esteja bem, assim como ela estava quando era minha", explica.

Além dos carros, Luba também coleciona e revende antiguidades (Foto: Kimberly Teodoro)
Além dos carros, Luba também coleciona e revende antiguidades (Foto: Kimberly Teodoro)

Com uma carreira de professor de 27 anos trabalhando para a rede pública e mais 12 anos como professor em um colégio particular, quando deixou de dar aulas ele resolveu investir em outra paixão que carrega desde criança: O gosto por antiguidades, além dos carros ele chegou a ter um antiquário com relógios da década de 1920 que chegam a valer R$ 1,8 mil. A loja no São Francisco só existiu por dois anos em um espaço físico, mas hoje o negócio online continua sendo alimentado pelas viagens e feiras de antiguidades das quais Luba participa, principalmente em São Paulo na Estação da Luz a cada 1º domingo do mês.

No futuro o professor espera ter a própria garagem de venda de carros antigos e ver o mercado crescer em Campo Grande, para que as antiguidades sejam reconhecidas pelo valor histórico que carregam. 

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