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Comportamento

Em Campo Grande, o privilégio de escolher os vizinhos

Ângela Kempfer e Anny Malagollini | 29/10/2012 09:58
Nome escolhido para o condomínio criado por 5 amigos.
Nome escolhido para o condomínio criado por 5 amigos.

Sair e deixar a casa aberta e sem preocupação, não é para qualquer um. Uma vantagem de quem consegue escolher os vizinhos, o que também não é para qualquer um. O privilégio em Campo Grande é de cinco amigos que decidiram comprar um grande terreno e formar um condomínio particular.

Mas a história é bem mais difícil de ocorrer, porque depende também de uma amizade que parece ser para a vida toda. Eles se conheceram ainda estudantes e depois de tanto tempo de convivência perceberam que poderiam sobreviver como bons vizinhos.

Cada um pagou 12 mil reais pelo terreno, parcelado em 12 vezes. Em 2002 começaram a construção e 3 anos depois iniciaram a mudança.

“A ideia era de quando estivessemos velhos cuidaríamos um do outro”, conta a fotógrafa Vânia Jucá, uma das moradoras do Condomínio “Sem Domínio”.

A vizinha, Elis Regina, lembra que, como as melhores ideias, tudo começou em uma mesa de bar. “Tínhamos uma amiga que vivia de forma parecida em Corumbá, e decidimos fazer o mesmo. Nos domingos, por exemplo, nos reunimos para almoçar juntos, cada um leva uma coisa”.

Um entra na casa do outro sem nenhum problema, todo mundo tem a chave e assim dá para ir ao vizinho, pegar um café, um ovo e depois avisar.

“Aqui, além de vizinhos somos parceiros, um quebra o galho do outro. Se um sai e deixa a janela aberta e vai chover, vou lá e fecho”, diz Vânia.

A parceria é tanta que até a faxineira é dividida, é a mesma nas cinco casas do condomínio.

Gostar do verde é um dos pontos que identifica os moradores.
Gostar do verde é um dos pontos que identifica os moradores.

Mas nada é 100% perfeito. Como em qualquer universo particular, a turma não conhece praticamente ninguém que mora na mesma rua.

Também há alguns conflitos domésticos. Um dos problemas a ser administrado foi a bicharada. “Tenho muito bicho e tive que cercar toda a casa. Isso incomoda um pouco os vizinhos e para isso até arranjei um adestrador”, diz Vânia.

Eles não têm sindico e de forma natural vão delegando tarefas. Um cuida do jardim, outro da administração e outro das contas.

Também há “um pacto não formal” de que se alguém for vender a casa, que seja para pessoas que tenham afinidade com o grupo.

“Tem de ter a mesma parceria, o que te facilita. Tudo aqui é divertido, parecemos aqueles vizinhos de antigamente, daqueles que fazem bolo e dividem”, justifica Vânia.

Para ela, o que faz a amizade continuar preservada mesmo com um convívio tão intenso é manter a “cuca fresca”.

Outro requisito é conhecer bem o outro. “Apesar de morarmos um ao lado do outro, temos a nossa privacidade, respeitamos o espaço do outro, sabemos quando alguém está cansado e não tá a fim de papo”, comenta Elis.

Como querem continuar na paz, as moradoras pediram para não ser fotografadas e também não vamos informar o endereço do condomínio por questões de segurança.

Filó, uma das guardiãs do condomínio.
Filó, uma das guardiãs do condomínio.
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