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Comportamento

Em relato emocionante, mãe conta como foi ver Caetano nascer dentro do carro

Três meses após o nascimento e a fotografia que emocionou as redes sociais, Nany Ferreira faz relato emocionante sobre o nascimento do segundo filho.

Thailla Torres | 24/04/2019 08:05
A fotografia que emocionou  amigos e pessoas conhecidas nas redes sociais. (Foto: Paula Cayres)
A fotografia que emocionou amigos e pessoas conhecidas nas redes sociais. (Foto: Paula Cayres)

Às 3h da madrugada do dia 22 de janeiro, doula, enfermeira e fotógrafa foram acionadas. As nove primeiras horas foram em casa, quando as contrações começaram e a doula Nany Ferreira tinha ao redor tudo o que desejava: o aconchego do lar e o apoio das amigas, para aguardar o momento certo de ir ao hospital e dar à luz Caetano, o segundo filho.

Ao todo foram 9 horas de acompanhamento e aproximadamente 10 minutos de uma emoção difícil de descrever. Ontem (23), três meses após o nascimento do pequeno Caetano, Nany foi convidada especial em uma roda de conversa para narrar o parto que, em janeiro, deixou milhares de amigos e conhecidos nas redes sociais curiosos, diante da cena registrada acima, que mostra sorriso, carinho, emoção e surpresa ao ver Caetano chegando ao mundo dentro de um carro.

Quando a equipe chegou na casa de Nany, ela sorria das piadas da enfermeira.  (Foto: Paula Cayres)
Quando a equipe chegou na casa de Nany, ela sorria das piadas da enfermeira. (Foto: Paula Cayres)
Todo momento foi registrado com delicadeza.  (Foto: Paula Cayres)
Todo momento foi registrado com delicadeza. (Foto: Paula Cayres)
Nany recebendo todo carinho e atenção da doula e enfermeira. (Foto: Paula Cayres)
Nany recebendo todo carinho e atenção da doula e enfermeira. (Foto: Paula Cayres)

No relato sobre o parto, Nany deixa claro que não é a favor do parto domiciliar desassistido, mas sim com uma equipe previamente contratada e capacitada para garantia do bem-estar da mamãe e do bebê antes e durante o parto humanizado. No caso deles, Caetano escolheu nascer de surpresa, quando o esperado era que após o rompimento da bolsa ele viesse ao mundo dentro do hospital e apenas o trabalho de parto fosse em casa. “Meu desejo era que o parto fosse domiciliar, mas Caetano tinha uma suspeita de cardiopatia que só poderia ser confirmado com um ecocardiograma após o nascimento. Foi então que toda equipe descartou o domiciliar, uma vez que ele só é indicado para gestação de baixo risco”, conta Nany.

A história do nascimento de Caetano começa a partir da vida de sua irmã, a sorridente Clara. Quando Nany soube da gravidez, conta que desejava que o filho viesse o mundo naturalmente como foi no primeiro parto. “Do trabalho de parto até o nascimento de Clara foram cerca 14 horas. Á principio tudo muito natural, com as dores e as emoções para qual eu me preparei. Então imaginava que com Caetano seria semelhante”.

Como gestante, mãe e doula, Nany conta que mergulhou profundamente na tranquilidade e não sentia fortes dores até o momento do trabalho de parto. “Eu sentia um incômodo, mas não chegava ser uma dor forte. Esse incômodo me fez perder o sono uma semana antes do parto e, por isso, no dia, eu estava bastante sonolenta. Mas foi uma gestação que me deixou tranquila, a surpresa mesmo só veio no dia”.

Posição que ouviu de um homem japonês para alinhas as energias. (Foto: Paula Cayres)
Posição que ouviu de um homem japonês para alinhas as energias. (Foto: Paula Cayres)

Na madrugada do dia 22, quando a equipe chegou à casa de Nany, as contrações se intensificaram. Nesse momento, a gestante ainda sorria e conseguia fazer movimentos para relaxar à espera do parto. Horas depois, a emoção mudou. “Como doula e profissional eu sabia exatamente a posição que ele estava e durante o trabalho de parto comecei a sentir intensas dores no meu ciático. Era uma dor tão forte que me deixou indecisa e confusa”, narra.

Parte do relato só foi contado após a conversa com as profissionais e amigas que estiveram com Nany a todo momento. “Eu confesso que não consigo lembrar de tudo e diariamente elas me ajudam a lembrar de algumas falas”.

Um dos momentos, também registrado pelo olhar da fotógrafa e doula Paula Cayres, faz Nany lembrar de um diálogo curioso que teve há anos em uma visita em São Paulo. “Nessa foto, em que eu estou com os braços pra cima, foi porque há muito tempo eu conversei com um japonês e ele me disse que para conseguirmos alinhas nossas energias é preciso deixar o braço nessa posição. Desde então eu nunca parei de fazer isso e, em casa, as meninas contas que eu dizia que ele tinha razão”, descreve.

Movimentos feitos enquanto as contrações ficavam intensas.  (Foto: Paula Cayres)
Movimentos feitos enquanto as contrações ficavam intensas. (Foto: Paula Cayres)
Posição em que Nany encontrava conforto.  (Foto: Paula Cayres)
Posição em que Nany encontrava conforto. (Foto: Paula Cayres)
O momento do banho e a chegada de uma nova contração.  (Foto: Paula Cayres)
O momento do banho e a chegada de uma nova contração. (Foto: Paula Cayres)

As cenas registradas mostram o carinho, o cuidado da doula, a atenção da enfermeira, o banho, a conversa no sofá casa e até a tentativa de Nany em meditar quando as contrações chegavam com força. Mas ao rever, todos os dias, cada fotografia, ela encontra detalhes que a fazem lembrar dos momentos que antecederam o parto de Caetano. “Outra foto que me emociona muito é uma em que os passarinhos entram na minha cozinha e eu vejo ao fundo as latas de tinta que eu não tive tempo de tirar. São tintas que eu usei para pintar com a Clara um dia antes. Esse momento me marcou muito porque eu também queria estar entregue à minha filha”.

O dia 22 amanheceu e as dores não cessaram. Nany voltou para o banho e contou com o apoio da equipe que, calmamente, diziam em seu ouvido que tudo ia dar certo. Próximo do meio dia, Nany se ajoelhou na porta do banheiro e sentiu que a hora de Caetano havia chegado. “Eu não me senti bem e vomitei, nesse momento senti que minha bolsa havia rompido. Foi o único instante em que eu senti medo. É um misto de emoção muito difícil de descrever”.

Foram pouquíssimos minutos entre vestir a roupa, pegar as sacolas e entrar no carro em direção ao Hospital Universitário, localizado a cerca de 6 minutos da casa de Nany. No banco de trás ela se apoiou da forma mais confortável enquanto sua doula a acalmava, mas, de repente, o carro parou.

O abraço e carinho durante as fortes dores no ciático.  (Foto: Paula Cayres)
O abraço e carinho durante as fortes dores no ciático. (Foto: Paula Cayres)
O momento em que Nany passou mal e sentiu que a bolsa havia rompido.  (Foto: Paula Cayres)
O momento em que Nany passou mal e sentiu que a bolsa havia rompido. (Foto: Paula Cayres)
O nascimento inesperado de Caetano. No reflexo do vidro: o verde e o céu.  (Foto: Paula Cayres)
O nascimento inesperado de Caetano. No reflexo do vidro: o verde e o céu. (Foto: Paula Cayres)

No reflexo do vidro do carro é possível ter dimensão do cenário Só havia mato e céu. Era cerca de 12h10 e fazia muito calor em Campo Grande. Nany então se virou e pediu para que Tatiana, sua doula, segurasse o bebê. Caetano veio ao mundo naturalmente, dentro do carro e logo encontrou os braços da mãe.

Do nascimento à chegada no hospital elas perderam a noção do tempo. “Foi muito rápido, chegamos logo em seguida no hospital. Mas acredito que muito menos de cinco minutos”, conta Tatiana que após segurar Caetano no colo, passou a cuidar da sua oxigenação. “Esse era um momento importante porque como ele não nasceu dentro do hospital, tínhamos uma preocupação ainda maior e precisávamos garantir que ele chegasse bem à unidade”.

Ele veio ao mundo de surpresa, dentro do carro e a caminho do hospital.  (Foto: Paula Cayres)
Ele veio ao mundo de surpresa, dentro do carro e a caminho do hospital. (Foto: Paula Cayres)

Mãe, bebê e equipe chegaram ao hospital onde foram imediatamente atendidas. Caetano chegou de surpresa e sem nenhum diagnóstico de cardiopatia. No entanto, passou cerca de 20 dias hospitalizado após um diagnóstico de infecção na madrugada seguinte. “Esse também foi um momento delicado em que ele precisou ficar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e exigiu uma atenção muito grande. Mas tivemos uma rede de apoio, atendimento hospitalar e oração imensa que fez com que ele saísse do hospital saudável”.

Desde então, com o surgimento das fotografias e pequenos depoimentos de Nany, ela nunca parou de contar sobre o parto que emociona, não só pela surpresa, mas pela forma sensível como quatro mulheres se entregaram ao nascimento de uma nova vida. “Eu sou muito grata a todas elas. Nos últimos dias antes do parto foi um período muito difícil, de muita emoção, mas tudo se tornou mais fácil com o apoio que eu tive delas. Um dia, uma amiga da rede me disse que a gestação é um portal de cura e isso fez com que eu visse a importância de aproveitar esse momento, me entregando, confiando, aceitando e agradecendo”, descreve Nany fazendo referência à famosa oração “ho’oponopomo”.

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O sorriso de Nany emociona, mesmo após três meses do nascimento. (Foto: Paula Cayres)
O sorriso de Nany emociona, mesmo após três meses do nascimento. (Foto: Paula Cayres)
A fotografia que mostra as latas de tinta no fundo e a ligação de Nany com a filha Clara.  (Foto: Paula Cayres)
A fotografia que mostra as latas de tinta no fundo e a ligação de Nany com a filha Clara. (Foto: Paula Cayres)
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