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Comportamento

Encontros com passado: ano teve partidas e a prova de que a fé sustenta o amor

Paula Maciulevicius | 28/12/2016 06:25
Imagem que não sai da cabeça de Guilherme, os fogos do casamento que anunciaram um futuro ao jovem casal, que não aconteceu. (Foto: Marcus Moriyama)
Imagem que não sai da cabeça de Guilherme, os fogos do casamento que anunciaram um futuro ao jovem casal, que não aconteceu. (Foto: Marcus Moriyama)

Em 2016, o Lado B continuou fazendo uma das coisas que mais gosta: contar histórias de amor. Ao longo dos 12 meses no ano, foram diferentes as demonstrações do sentimento mais genuíno. Do seu Luiz que morou quase um ano no quarto da Santa Casa cuidando da esposa Edna. Das mães Marina e Denise e o que elas mais queriam: ouvir o choro dos gêmeos em casa até o casal que subestimado pela deficiência mental, provou que eram capazes de amar quando o filho nasceu.

De janeiro a dezembro, casais mostraram que o tempo pode não apagar um amor, como do pedido de casamento feito em pleno shopping, 10 anos depois do término e da menina e do menino que subiram ao altar após 19 anos e muitas cartas extraviadas. O amor esteve também na despedida de Gabriela, a noiva que o Lado B chorou no casamento e na partida, um ano depois do “sim”.

A gente se emociona e vibra com as histórias de amor e vê de perto também o quanto ainda temos a contribuir para acabar com o preconceito. Thais e Everton são um exemplo disso. Entre o namoro e o noivado, foram três semanas. O pedido de casamento veio por carta e a resposta também. Depois de se apaixonarem por foto, os dois só se conheceram no dia do casamento.

Everton e Thais se conheceram e se casaram no mesmo dia. (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)
Everton e Thais se conheceram e se casaram no mesmo dia. (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)

Eles se apaixonaram por foto e só se conheceram no dia do casamento

A matéria teve, só no dia da publicação, mais de 5 mil leituras e esteve entre as mais lidas do jornal. No entanto, o número de compartilhamentos trouxe à tona o preconceito. No Facebook, só 300 pessoas compartilharam e sabe por que? Porque Everton é presidiário e Thais enxergou nele a vontade de querer recomeçar. O amor entre grades não é bem aceito pela sociedade.

No primeiro trimestre do ano, foi a vez nos emocionarmos e torcermos pela alta de dois bebês maravilhosos: Lorenzo e Fabrizio. Filhos de Denise e Marina Dalla, cantora que é trilha sonora de muitos namoros e amizades nos barzinhos de Campo Grande, os meninos eram três na barriga de Denise e prematuros, um não resistiu e não pode conhecer de fora a bela voz de uma das mães e o amor que as duas tinham a dar a ele.

Mães de gêmeos, o que Marina e Denise mais querem é ouvir choro de bebês em casa

Na maternidade, enquanto tentavam segurar os bebês mais um tempinho, Denise e Marina. (Foto: Arquivo)
Na maternidade, enquanto tentavam segurar os bebês mais um tempinho, Denise e Marina. (Foto: Arquivo)

Juntas há 10 anos, foram duas tentativas de engravidar, primeiro por inseminação e depois fertilização. A reportagem bateu mais de 18 mil leituras e muitos fãs de Marina foram até o chá de fralda da cantora. Os garotos tiveram alta da UTI da maternidade Cândido Mariano três meses depois. A próxima visita ao pediatra será em janeiro, mas da última pesagem, Lorenzo estava com 6kg e 61cm e Fabrizio com 6,2kg e medindo 65cm.

Um amor sem medidas e nem limitações. Foi assim que o Lado B chegou ao trio: Jhenny, Welton e Emanuel. Os pais se conheceram na Apae e estão juntos há 10 anos. O casal tem uma leve deficiência mental e subestimados por ela, não puderam ainda se casar, mas já carregam nos braços o que consideram uma vitória: o bebê.

Subestimado pela deficiência mental, casal mostra o quanto é capaz pelo filho

Casal se conheceu na Apae e já estão há 10 anos juntos. (Foto: Arquivo/Alcides Neto)
Casal se conheceu na Apae e já estão há 10 anos juntos. (Foto: Arquivo/Alcides Neto)

Emanuel não foi diagnosticado com nenhuma deficiência. Uma das maiores preocupações dos pais que percebem os olhares tortos voltados a eles e a diferença no tratamento, mas provam dia a dia, no cuidado para com o bebê, que são capazes de muito, sobretudo amar.

Entre as histórias de amor, houve também uma grande lição do tempo. O mundo gira e a vida se encarrega, às vezes, de trazer de volta quem na verdade nunca saiu de vez. Numa tarde em que Cristiane foi ao shopping apenas para olhar eletrodomésticos, se deparou com oito televisores passando a história dela e do namorado Jaucione, que começou na adolescência.

Dez anos depois, namorado reaparece e pede dentista em casamento no shopping

Noivo veio de São Paulo para pedir namorada em casamento aqui em Campo Grande. (Foto: AI Shopping CG)
Noivo veio de São Paulo para pedir namorada em casamento aqui em Campo Grande. (Foto: AI Shopping CG)

Os dois se reencontraram 10 anos depois. Ele estava casado à época e ela, noiva. O casal terminou as relações para voltar ao amor que parece ter continuado do mesmo ponto onde parou. O pedido de casamento foi acompanhado por muita gente que passeava pelo shopping e fez chorar quem nem sabia de toda narrativa dos dois.

Quase 20 anos depois, um comentário no Facebook uniu, de novo, Débora e Juliano. O casal que namorou na adolescência e terminou deixando cartas extraviadas dela para ele no caminho, se encontrou para subir ao altar. Em 2016, tudo aquilo que Débora sentia quando menina voltou ao coração assim que Juliano desceu do carro para buscá-la.

O casal começou a namorar e ficou noivo numa sequência de encontros. E no dia 3 de dezembro, o Lado B foi testemunha do sim. Vimos Débora cruzar o corredor cercado de convidados até o altar.

"Amor verdadeiro e intenso como nosso, o tempo não consegue apagar. Como um viajante retornado para casa, foi assim que me senti. O aconchego do lar, família, carinho, compreensão, perdão, amor, cumplicidade. Obrigado vida por este último reencontro. Te amo, amor da minha vida inteira", declarou Juliano Fluhr à, agora, esposa, Débora.

Após 19 anos e cartas extraviadas, amor da adolescência volta para Débora

Débora e Juliano: enfim casados. Foto feita pela dama de honra que acompanhou toda saga do casal.
Débora e Juliano: enfim casados. Foto feita pela dama de honra que acompanhou toda saga do casal.

O tempo só perde para a fé de seu Luiz. No início do ano, batemos à porta do quarto 417, na Santa Casa de Campo Grande. Foi buscando por pacientes que estivessem mais tempo internados junto à assessoria de imprensa que localizamos a história dos dois residentes no hospital. O casal veio de Aquidauana. Ela, Edna, estava internada e ele, Luiz, disposto a dormir todas as noites numa cadeira de fio, ao lado dela.

O amor dos dois passou por muitas turbulências até chegar a maior delas, o AVC. Quando a saúde da esposa começou a falhar, seu Luiz se viu na obrigação de retribuir todo carinho e amor recebidos durante toda a vida juntos.

Há 336 dias, Santa Casa vê o sorriso de Edna a Luiz, única comunicação do casal

Antes de completar um ano de casa, eles voltaram à cidade de Aquidauana. Edna precisava de cuidados específicos e uma aparelhagem que transformou a casa deles num hospital. De alta desde fevereiro, dentro dos 10 meses que se seguiram, pelo menos três deles foram de volta a uma unidade hospitalar. Ora para trocar a traqueostomia, ora por um quadro de pneumonia.

Edna não "volta", o marido ainda acredita que ela tenha um pouco de consciência do que se passa ao redor de si. Mas é pelo olhar e o sorriso que seu Luiz entende o que ela quer e não consegue dizer. A fé é o que alimenta o casal. Esperança de que ela melhore e segundo o marido, está no caminho.

"Ela já quase não precisa do oxigênio para respirar. Eu sigo na luta, não desisto não", diz Luiz Carlos Barbosa, caminhoneiro, de 62 anos e que enxerga, pelo amor, a melhora da esposa.

Tatuagem foi feita para marcar os 40 anos de casados, dias antes do último AVC de Edna. (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)
Tatuagem foi feita para marcar os 40 anos de casados, dias antes do último AVC de Edna. (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)

E foi dentro de um hospital, em São Paulo, que Guilherme se despediu de Gabi depois de um ano de casados. O Lado B contou a história dela e do seu emocionante "sim" e de longe, acompanhava em fotos e posts, como estava a saúde dela.

A saga começou com meses de tratamento a uma doença autoimune, quando na verdade o diagnóstico era de aplasia medular. Gabi chegou a fazer o transplante de medula, viu "pegar", mas o próprio corpo boicotava a vontade dela de viver. E sem nunca imaginar que pudesse se despedir, Guilherme viu a esposa partir, mas deixando sementes que o amor regaria para florescer posteriormente.

Se soubesse, no início da história deles, tudo o que viveria, teria feito igual? “Dez milhões de vezes. Se eu pudesse recomeçar amanhã, faria tudo de novo, infinitamente”, disse o noivo.

Morte fez casamento durar só 1 ano, mas para Gui, amor valeu a eternidade

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