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Comportamento

Festa triste, homenagem na lama, tatuagem...o que ficou de Ayrton Senna?

Anny Malagolini | 01/05/2014 07:22
Fã tatua na parte superior esquerda das costas o capacete de Ayrton Senna. (Foto: Cleber Gellio)
Fã tatua na parte superior esquerda das costas o capacete de Ayrton Senna. (Foto: Cleber Gellio)

Dia do Trabalhador que nada, há 20 anos o que muitos brasileiros lembram no 1º Maio é da morte de um dos maiores ídolos brasileiros. A memória recorre a 1994 e, com exatidão, as cenas voltam à cabeça para mostrar o que cada um fazia no momento em que recebeu a notícia do acidente que matou Ayrton Senna.

Para mim, o dia foi ainda mais complicado. A tragédia nacional acabou com a alegria da meu aniversário de 3 anos. Minha mãe, a dona de casa Neide Brites, hoje com 55 anos, lembra detalhes. “Estávamos arrumando a casa, as mesas, e quando ele bateu todo mundo parou o que estava fazendo e ficou olhando para TV”. Ela nunca foi fã de corridas, mas assistia pelo piloto. O assunto fúnebre dominou o resto do dia e, por pouco, eu não perdi a comemoração. “Não cancelei a festa porque era de criança, mas foi triste”.

E, ainda hoje, o "meu momento" é ofuscado. Até minha mãe admite que na data, quando acorda, primeiro se lembra da morte do piloto e depois do meu aniversário. “Tiveram outros pilotos bons, mas nunca como o Ayrton. É como disseram, é Ayrton do Brasil, foi único”, resume.

Pedro da Silva, de 57 anos, era jardineiro naquela época. (Foto: Cleber Gellio)
Pedro da Silva, de 57 anos, era jardineiro naquela época. (Foto: Cleber Gellio)

É assim com muitos brasileiros. As corridas de Senna eram como jogos da seleção. Mas depois da morte, um dos fãs do esporte passou anos sem assistir uma disputa. “Eu acordava de madrugada para ver, mas depois disso fiquei 8 anos sem assistir, foi triste demais”, define o topógrafo Francisco Dias, de 60 anos. “Nunca vi nenhum brasileiro chegar ao nível do Senna. Hoje, não torço por nenhum piloto do Brasil”, comenta.

Por ter sido tão chocante para uma legião de torcedores, não é difícil lembrar quem estava ao nosso lado naquela manhã de domingo. Eduardo Viana compartilhou a tristeza com o colega de trabalho. Ele entregava pães no dia e a ideia, ao lado do amigo "Bola", que dirigia o veículo, era terminar logo a tarefa para sentar em frente à televisão. "No caminho ficamos sabendo do fato trágico pela rádio. Ele (motorista) ficou louco e parou numa enorme lagoa de lama que se fazia numa rua da periferia e escreveu de barro na kombi o nome do Senna".

No dia 1º de maio de 1994, o vendedor ambulante Pedro da Silva, de 57 anos, jardineiro naquele tempo, estava prestando serviço em uma mansão, com mais 12 empregados da casa. Ele conta que quando a morte foi anunciada o trabalho parou. “A patroa chamou todo mundo para entrar na casa e acompanhar as notícias. Foi uma tristeza generalizada”, relata.

Hoje aos 65 anos, Conceição Ferreira não tem dúvidas sobre como foi aquele momento. Depois de sair da igreja, ela foi recebida pelo marido em casa com a pergunta: “Adivinha quem morreu?”. “Ficamos tristes, todo brasileiro amava ele. Todo mundo acompanhava as corridas por conta do Ayrton e depois de tanto tempo ainda consigo me lembrar exatamente como recebi a notícia, como se fosse ontem, pela importância que ele tem até hoje”.

Francisco Dias, de 60 anos, fala da tristeza de 1994. (Foto: Cleber Gellio)
Francisco Dias, de 60 anos, fala da tristeza de 1994. (Foto: Cleber Gellio)

Tatuagem - Sulivan Gonçalves Oliveira, de 36 anos é aerografista e aproveitou a semana que marca os 20 anos de despedida do ídolo para dar acabamento à imagem do capacete de Ayrton Senna tatuada nas costas.

O desenho é enorme, feito há mais de dez anos, quando ele ainda morava em São Paulo e agora será colorido. Será preciso, pelo menos, passar por cinco sessões para finalizar o trabalho, que vai custar três mil reais. Todo o investimento é considerado por ele uma homenagem. “O capacete é a armadura é o DNA de todo piloto”.

Ele explica que começou a desenhar em capacetes com o amigo Cid, que foi quem desenhou a arte do capacete de Senna. E por consequência, assim como a maioria dos brasileiros, se tornou fã do piloto.

Do piloto, além da homenagem nas costas, Sulivan diz ter em casa o autógrafo de Ayrton, que ganhou em um dia em que o piloto treivana em Interlagos, pouco tempo antes de sua morte. “Ele é o maior, um ícone pra mim”.

Conceição Ferreira, de 65 anos, diz que consegue lembrar exatamente como recebeu a notícia (Foto: Cleber Gellio)
Conceição Ferreira, de 65 anos, diz que consegue lembrar exatamente como recebeu a notícia (Foto: Cleber Gellio)
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