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Comportamento

Maria adotou irmãos com paralisia cerebral e redefiniu conceito de amor

Mãe de dez, dona de casa diz que pode não ter condições financeiras, mas que amor nunca faltou em casa

Por Clayton Neves | 21/05/2025 07:46
Maria adotou irmãos com paralisia cerebral e redefiniu conceito de amor
Dona Maria e a família ao lado de imagem ecolhida para exposição. (Foto: Juliano Almeida)

Dona Maria Concio de Oliveira, de 66 anos, fez uma escolha que muitos evitam: amar onde a maioria vira o rosto. Sem olhar para aparência ou condições físicas ela foi guiada unicamente pelo amor e adotou duas crianças com paralisia cerebral. Com isso, mudou para sempre a própria história e a dos filhos do coração, Daiane e Marcos.

"Dinheiro eu não tenho, condição financeira eu não tenho, mas eu tenho muito amor para dar", resumiu. E, como costuma acontecer com quem ama sem limites, ela não apenas mudou a vida das crianças, mas foi, sobretudo, transformada por elas.

A história começa em Minas Gerais, quando Daiane, hoje com 26 anos, chegou nos braços do pai biológico, desesperado. “Ela era uma bebê. Ou eu cuidava, ou poderia acontecer algo pior”, lembra.

A promotoria entrou no caso e com o tempo, a guarda provisória virou adoção oficial. Aos oito meses, Daiane foi diagnosticada com paralisia cerebral e, mesmo assim, a mãe não retrocedeu na decisão de tê-la por perto.

Maria adotou irmãos com paralisia cerebral e redefiniu conceito de amor
Aos 66 anos, Maria tem oito filhos de sangue e dois do coração. (Foto: Juliano Almeida)

Já Marcos chegou na família depois que todos se mudaram para Coxim, Estado do marido, José Severino. O garoto estava há quase sete anos em um abrigo da cidade e já tinha sido devolvido por uma tentativa frustrada de adoção.

“O juiz me disse que o que eu estava levando para casa não era um objeto, era uma criança que precisava de amor e cuidados. Ele me perguntou se eu aceitava o desafio e aceitei. Disse que não tinha condição financeira, mas que amor não faltava”, relembra. Hoje, Marcos tem 29 anos.

A decisão de adotar não foi apenas por generosidade. “Não foi eu que abençoei eles, foi eles que me beneficiaram. Eles que me ajudaram. Marcos e Daiane consolidaram minha base familiar”, pontua.

Hoje, ela é mãe de 10 filhos, oito de sangue e os dois do coração, e também é bisavó. Ela garante que se pudesse escolher, adotaria uma criança com deficiência novamente. “Elas têm mais dificuldades para serem adotadas, mas transmitem um carinho muito grande. São crianças amorosas. As pessoas acham que vão dar trabalho, mas isso não é verdade. A gente educa como qualquer outra”, afirma.

Maria adotou irmãos com paralisia cerebral e redefiniu conceito de amor
A família durante homenagem do TJMS. (Foto: Juliano Almeida)

No Brasil, crianças com deficiência ainda são as últimas a sair da fila da adoção. Dados do Cadastro Nacional de Adoção mostram que menos de 1% das famílias habilitadas manifestam interesse por esse perfil. É por isso que histórias como a de Maria são tão potentes. Elas desafiam o padrão da escolha e mostram que amor verdadeiro não seleciona, simplesmente acolhe.

“Isso é uma barreira que precisa ser quebrada. Muitas vezes, não é a criança que precisa da família, é a família que precisa daquela criança”, avalia.

Dona Maria foi uma das homenageadas na exposição fotográfica “Nasce uma família, a história continua...”, montada no Shopping Bosque dos Ipês. O projeto é uma iniciativa do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

A exposição apresenta sete totens com fotos que revelam histórias de amor e resiliência, com objetivo de provocar reflexões sobre o direito à convivência familiar.

Nas imagens, os fotógrafos envolvidos Alexis Prappas, Aniela Paes, Antônio Arguello, Beatriz Terra, Beto Nascimento e Fabrinny Piell, trazem uma perspectiva da essência das famílias que tiveram suas vidas transformadas pela adoção.

A exposição ficará aberta ao público até o dia 27 de maio

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