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Comportamento

Muito além de sogra e genro, Mariney e Lô são sócios após 31 anos de convivência

Ninguém se casa só com a mulher ou só com o marido, a gente troca aliança com o noivo e forma laço com a sogra também

Paula Maciulevicius Brasil | 23/01/2020 06:23
Já são três décadas de convivência entre genro e sogra. (Foto: Arquivo Pessoal)
Já são três décadas de convivência entre genro e sogra. (Foto: Arquivo Pessoal)

A pauta era "como aceitar uma sogra que só te suporta", mas ninguém sairia num jornal falando mal da sogra (bom, se você quiser, lá embaixo tem o nosso Direto das Ruas, só mandar um whats), então pensamos em procurar exemplos de boa convivência e contar as estratégias que cada um desenvolveu ao longo da vida para que a paz reinasse na família. No entanto, para nossa surpresa, choveu de gente dizendo que considera a sogra uma mãe assim como elogios da parte delas aos "filhos". O que era pauta virou série e o Lado B estreia nesta semana "Minha sogra é?".

Ninguém se casa só com o marido ou só com a mulher. A gente casa com a família. E entenda aí, pelo menos, sogra e sogro. No caso de Mariney e Loacyr, a relação foi bem além do casamento. Os dois se tornaram sócios e já contabilizam 31 anos de convivência. Tudo começou com o namoro entre Loacyr e Anna Paula. 

"A gente namorava em casa, sentado no sofá da sala e minha mãe levava água para ele num copo bonito. Ele até brinca que no começo era assim, agora é qualquer copo", descreve a professora Anna Paula Varani Garcia e Souza, de 48 anos. A narrativa começa a partir da coadjuvante, Anna, porque volta e meia a professora precisa lembrar que a filha ali é ela e não o marido. 

Dona Mariney e Lolô, como a sogra chama carinhosamente Loacyr. (Foto: Arquivo Pessoal)
Dona Mariney e Lolô, como a sogra chama carinhosamente Loacyr. (Foto: Arquivo Pessoal)
Loacyr, dona Mariney e Anna Paula (Foto: Arquivo Pessoal)
Loacyr, dona Mariney e Anna Paula (Foto: Arquivo Pessoal)

A cumplicidade é tamanha que, até quando dona Mariney teve um câncer de pele, era com o genro que ia desabafar. "Nós somos em três irmãos e para não deixar a gente nervosa, ela ia conversar com meu marido", recorda a filha.

Para a sogra, Loacyr é o Lô ou Lolô. Para o genro, a sogra é uma mãe. Funcionário público, ele responde aos risos sobre a boa relação que leva com Mariney. "Pelas contas aqui já são 31 anos convivendo com ela", confirma Loacyr Alves de Souza, de 50 anos. "Ontem fizemos 25 anos de casado", fala sobre a esposa.

Desde a primeira visita à casa dos pais de Anna Paula, Loacyr lembra de ter sido muito bem recebido. "Olha, ela foi muito receptiva, me cativou desde o começo, foi meio que um amor à primeira vista", compara.

Sobre o que mais admira na sogra, ele não titubeia ao dizer o quanto dona Mariney é parceira, mesmo aos 71 anos. "A gente pode contar com ela sempre e para qualquer coisa que a gente precise, ela está sempre disponível. Até uma coisa que não é tão fácil, ela faz o que for", conta.

Atritos os dois garantem que nunca tiveram. O segredo? A resposta do genro é a compatibilidade. "A gente se respeita muito e fala a mesma língua, sabe?"

A avó com o neto, Davi. (Foto: Arquivo Pessoal)
A avó com o neto, Davi. (Foto: Arquivo Pessoal)

Claro que, ao longo de três décadas, Loacyr já ouviu tudo quanto foi tipo de piada em relação às sogras famílias afora. No entanto, dentro de casa, dona Mariney é mais que sogra. "A minha mãe até comenta que eu arrumei outra mãe. Ela é muito amiga da gente", completa.

A sociedade surgiu em 2014, depois que Davi, filho de Anna Paula e Loacyr e neto da Mariney, nasceu com paralisia cerebral e precisava fazer o uso de órteses, aparelhos destinados a suprir ou corrigir a alteração morfológica de um órgão, de um membro ou de um segmento de um membro, ou a deficiência de uma função.

O filho motivou Loacyr a aprender a fazer órteses na Capital e, por ser funcionário público, ele não podia exercer um cargo de gerente à frente da empresa. "Eu pensei, pensei e ela era a pessoa mais adequada. Eu não teria a mesma confiança se não fosse ela".

A sociedade vai bem, a amizade, melhor ainda. Mariney não tem nem palavras para descrever o quanto o genro significa para ela. "Ele é uma pessoa maravilhosa, viu? Nem sei o que te falar dele, são tantos anos. Pessoa íntegra, que respeita. Nós somos até sócios, isso para você ver que tudo dá certo", elogia Mariney Varani Garcia. 

Para falar bem do genro, dona Mariney até sai da aula de crochê e volta ao passado, desde quando Lô foi recebido em casa pela primeira vez: "Ele nos cativou, tanto a mim como o Ernesto [marido já falecido], meu sogro, minha sogra. Cativou a família inteira, você precisa conversar com ele, minha filha, para conhecer o coração, pensa num coração, assim, maravilhoso".

A propaganda é tanta que realmente parece que dona Mariney está falando de um filho. "Ele trata todo mundo com atenção, com carinho. Não tem distinção, não. É que por ser meu genro, eu falo bem e ela fala também: 'minha sogra'", conta como se os dois enchessem a boca para falar um do outro. 

"O amor e a dedicação que ele dá para todos nós é igualzinho como dá para os filhos, lógico que para eles e para a minha filha é um pouco mais, para a minha felicidade". 

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