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Comportamento

Murilo morreu cedo, mas a família manteve a ação solidária feita por ele

Jovem que começou projeto de ajuda a crianças carentes não resistiu a um acidente de carro em 2024

Por Clayton Neves | 23/12/2025 07:07
Murilo morreu cedo, mas a família manteve a ação solidária feita por ele
Murilo, antes de partir, durante ação social no Noroeste. (Foto: Arquuivo Pessoal)

Aos 25 anos, Murilo morreu cedo demais em um acidente de carro na região de Sidrolândia e deixou um vazio difícil de preencher na família e amigos. Mas o que ele construiu em vida não acabou com a despedida. Pelo contrário. O gesto simples que começou em uma roda de tereré atravessou o luto e hoje segue vivo, carregado de memória, saudade e solidariedade.

Desde 2022, Murilo e três amigas puxavam uma ação solidária de Natal no bairro Noroeste. Vestido de Papai Noel, eles percorriam as ruas entregando brinquedos para crianças carentes. Desse jeito, começou uma corrente do bem que só cresceu com o tempo. Depois da morte dele, em janeiro de 2024, a família e os amigos decidiram não deixar a história morrer.

“Não tem como explicar o que a gente sente. A gente não quer deixar morrer a memória dele, nem aquele prazer que ele tinha quando vestia a roupa de Papai Noel”, conta o pai, Lourival Pereira de Araújo, servidor público municipal, de 52 anos.

Murilo morreu cedo, mas a família manteve a ação solidária feita por ele
Ação social também alegrou crianças com chocolate na Páscoa. (Foto: Arquuivo Pessoal)

Segundo ele, a ideia  nasceu em 2022, em uma rodinha de tereré, perto do fim do ano. "Eles decidiram fazer um gesto concreto, arrecadar brinquedos e alimentos para distribuir para as crianças”, lembra Lourival.

No começo, a ação era pequena. “Foram em dois carros, com poucos brinquedos, mas fizeram. Mesmo sendo pouco, eles fizeram”, conta o pai.

No ano seguinte, a mobilização ganhou força. Mais amigos se juntaram, todos jovens, vindos de diferentes círculos. “Não era só gente da escola ou da igreja. Era amigo de barzinho, de festa, um conhecia o outro e foi chamando. Foram virando amigos de verdade”, relata.

Com mais gente envolvida, vieram também os doadores e apoiadores. Em 2023, a quantidade de brinquedos já era bem maior. “Meu filho sempre ia vestido de Papai Noel. Em 2022, em 2023, ele fazia questão”, diz Lourival.

Murilo morreu cedo, mas a família manteve a ação solidária feita por ele
Murilo ao lado dos pais e do irmão mais novo. (Foto: Arquuivo Pessoal)

No entanto, em janeiro de 2024 Murilo morreu em um acidente de carro. O choque foi imediato. “Isso comoveu muito os amigos. E eles não deixaram morrer a ação idealizada por ele. Pelo contrário, aumentou”, afirma o pai.

No Natal de 2024, já sem Murilo, a família e os amigos arrecadaram mais de mil brinquedos, além de refrigerantes, cachorro-quente e pipoca. Neste ano, o número foi ainda maior. “Esse ano superamos o ano passado. Foram quase 1.500 brinquedos. Teve mais de 30 carros participando”, detalha.

A rota nunca mudou. Desde o início, as entregas acontecem no bairro Noroeste. “A gente não quis mudar. Inclusive, reencontramos crianças que receberam brinquedo no ano passado e estavam lá de novo esse ano. Isso foi muito bonito,” conta.

Murilo morreu cedo, mas a família manteve a ação solidária feita por ele
A cada ano, projeto cresce e ajuda mais pessoas carentes. (Foto: Arquivo Pessoal)

Para o pai, ver a ação continuar é doloroso e, ao mesmo tempo, reconfortante. “É um sentimento que não dá para explicar. É muito emocionante. Você relembra tudo, relembra ele, e os amigos também não querem deixar esse legado morrer”, avalia.

A mãe, a manicure Gleice José Santana da Silva, de 46 anos, também se emociona ao falar do filho e das ações. Ela lembra que, no começo, acompanhava tudo de longe. “Em 2022, a gente nem acompanhou muito. Ele só ia. Em 2023, já vimos mais pelas redes sociais”, relata.

O que mais chamava atenção, segundo ela, era a entrega dos jovens. “Eles tinham uma dedicação enorme. Não era só entregar um brinquedo. Era um carinho, um abraço. Eles gostavam de fazer aquilo. Era lindo ver jovens tão envolvidos, porque tem muitos que não se interessam em ajudar o outro”, destaca.

Murilo morreu cedo, mas a família manteve a ação solidária feita por ele
Neste domingo, família e amigos presentearam crianças e homenagearam a memória de Murilo. (Foto: Arquuivo Pessoal)

Emocionada, a mãe afirma que a perda do filho foi devastadora. “Foi muito de repente. Foi um baque. Uma perda muito grande. Não tem como mensurar essa dor.” Ainda assim, a continuidade da ação virou uma forma de consolo. “A gente leva o legado dele, até como um conforto para a gente”, acrescenta.

Na edição mais recente, realizada no último domingo (21), o sentimento foi de gratidão. “Cada ação é sempre a melhor. Não é só quantidade de brinquedos ou comida, é o acolhimento das crianças. A receptividade delas é o que mais conta”, diz Gleice.

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