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Comportamento

Na mudança, rottweilers não ficam para trás e vão de avião para casa na Alemanha

Paula Maciulevicius | 03/05/2017 06:15
Giovana e as rottweiler Nina e Pita. (Foto: Arquivo Pessoal)
Giovana e as rottweiler Nina e Pita. (Foto: Arquivo Pessoal)

Na hora de mudar de país, o que mandou na decisão de Giovana e João foram as rottweilers da casa. Adotadas aos 3 meses, Nina e Pita se tornaram a família do casal nos três anos de convivência, e nem passou pela cabeça deles deixá-las.

Da área de informática, João só procurava emprego em países que aceitassem cachorros da raça. Um dos lugares descartados, por exemplo, foi a Polônia, onde é proibida a criação de rottweilers. "Antes de mandar currículo, a gente via se era proibido ou não", conta a farmacêutica Giovanna Bellucci, de 34 anos.

Enquanto tanta gente anuncia uma mudança de casa ou de vida que não tem espaço para os animais, eles foram além da responsabilidade que assumiram quando trouxeram as filhotes para casa.

Cadelas vieram acomodadas em caixinhas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Cadelas vieram acomodadas em caixinhas. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Não queríamos deixá-las porque, em primeiro lugar, a gente pega amor pelos bichos, em segundo, porque achamos que elas são nossa responsabilidade, a partir do momento que fomos buscá-las no canil sabíamos que teríamos que tomar conta delas até o fim", esclarece Giovana.

Assim que João começou a procurar emprego, o processo para o transporte das cadelas se iniciou, muito antes de qualquer mala ser arrumada, e levou quatro meses. "Começou em setembro, com a microchipagem e a vacinação contra a raiva. Se você começar do zero, como fizemos, ele demora este tempo. Impossível ser em prazo menor", explica a dona.

Todo procedimento segue um padrão internacional. Quando os animais passam no leitor, no aeroporto, o chip instalado no pescoço apresenta as informações como nome do proprietário, endereço e o resultado da sorologia da raiva.

Só depois da quarentena de 90 dias após a vacina e da sorologia negativa, é que Nina e Pita ficaram aptas para a viagem. Isso aconteceu antes de o casal ter acertado os últimos detalhes. O marido foi embora em janeiro, para escolher a casa e Giovana ficou daqui decidindo como faria o transporte.

A primeira foto da família reunida, logo após chegada de Pita e Nina. (Foto: Arquivo Pessoal)
A primeira foto da família reunida, logo após chegada de Pita e Nina. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Depois de muitas ligações, escolhemos o terrestre de Campo Grande para Guarulhos e contratamos uma empresa especializada. De Guarulhos para Berlim, foi outra empresa que transporta carga viva", conta.

Como as cachorras pesam 40 quilos e são consideradas de uma raça "perigosa", a dupla só podia viajar em um avião de carga, acomodadas em uma caixa especial, de modelo padronizado e com travas de proteção. Em casa, Giovana trabalhou o emocional de uma delas. "Quando a Nina não queria tomar os vermífugos, eu dizia que ela tinha que fazer isso para ver o papai, e por incrível que pareça, funcionou", brinca. 

Na Alemanha, o marido tinha outro agravante: o de arrumar um lugar para alugar que aceitasse cachorro, principalmente grande. Onde não entravam cães, o casal já descartava, e a preferência foi por escolher casas com quintal.

A saída de Nina e Pita de Campo Grande foi no dia 28 de março, uma terça-feira, e elas só chegaram ao destino final, a nova casa em Berlim, na sexta à noite, dia 31. "E chegaram super bem cuidadas e cheias de alegria", descreve a dona.

A chegada delas foi surpreendente. O casal, que se preparou para vê-las cansadas da viagem, recebeu duas afoitas para conhecerem a nova casa. "Elas nem ligaram para a gente, ficaram loucas, cheirando tudo. Foi tão bacana. Até hoje custamos a acreditar que trouxemos elas. Seis meses atrás, eu nem sabia que era possível fazer isso". 

A logística custa, e há mais ônus do que bônus, por estarem em outro país. "Não conhecemos ninguém aqui e tem todo um tempo de adaptação. É complicado sair e deixar elas presas em casa, elas comem tudo que tiver pelo frente, é claro", revela a farmacêutica. Nessa já foram dois óculos de grau da dona e, mesmo assim, não houve nenhum arrependimento. 

"Elas estão se adaptando. Não tinham o costume de ficar dentro de casa em Campo Grande e aqui elas ficam o tempo inteiro, mas acordam durante a madrugada para fazer xixi e chamam a gente para abrir a porta", descreve. 

Nem a temperatura em 1 grau que elas já pegaram desanimou as bichinhas. "Amaram o clima e pegam fogo o dia todo. Correm, brincam. A Nina só não gosta de chuva, mas a Pita não liga", conta. 

Como as casas no bairro onde eles vivem não têm muros, apenas uma cerca de madeira ou cerca viva, as campainhas costumam ficar ao lado da porta, o que revela o hábito das pessoas entrarem no quintal. "Já compramos uma campainha sem fio para por lá fora e na cerca, uma placa dizendo que tem cachorro", se preocupa. 

A intenção não é de voltar ao Brasil. Nem o casal e nem Pita e Nina. 

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