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Comportamento

Ong abre 3º centro de atendimento na África e busca padrinhos para 100 crianças

Paula Maciulevicius | 15/11/2013 07:37
Com R$ 50 de cada padrinho, a organização alimenta crianças de recém-nascidos até a adolescência.
Com R$ 50 de cada padrinho, a organização alimenta crianças de recém-nascidos até a adolescência.

O número não se limita a 100. O trabalho não para e a solidariedade precisa transpor barreiras. A ONG Fraternidade Sem Fronteiras surgiu em Campo Grande há quatro anos e daqui consegue estampar sorrisos nos rostos de crianças africanas, onde falta de estudo a carinho, comida à presença dos pais.

Com R$ 50 de cada padrinho, a organização alimenta crianças de recém-nascidos até a adolescência, com duas refeições diárias, kit escolar, aulas de musicalização, cultura e lazer em aldeias do distrito de Chókwè, em Moçambique. Em resumo, se a vontade de mudar o mundo não chegasse até eles, muitos desses olhos que dizem tanto estariam enxergando apenas a lavoura e não os cadernos. Sem condições alguma de estudo, eles trocam a vida escolar pela enxada para ganhar o equivalente a R$ 3,50 por dia.

Além da abertura da terceira unidade, a ONG deu os primeiros passos para construção de uma padaria, local que vai receber os adolescentes que já não mais seriam assistidos pelo projeto, ao mesmo tempo em que torna a iniciativa autossustentável.

Dentro desta fase, o presidente da ONG, Wagner Moura Gomes, de 40 anos, explica que 13 jovens que estavam desistindo da escola por dificuldades em pagar a matrícula, vão dar continuidade ao projeto. “A partir do oitavo ano na escola tem que pagar matrícula, em torno de R$ 20, pagar o transporte que eles chamam de chapa e ainda teriam que pagar as provas. E eles estavam desistindo”, explica.

Área onde está sendo construída padaria do projeto.
Área onde está sendo construída padaria do projeto.

Na continuidade do apadrinhamento escolar, esses terão garantida de estudo, no período oposto vão participar das aulas de reforço para se capacitarem e serem futuros monitores. “Os mais dedicados vão ganhar uma bolsa de estudos na universidade em Maputo, isso é para poder estimular toda a região a estudar”, completa Wagner.

De fora ninguém imagina que é preciso tanto estímulo assim para não largar os estudos no meio do caminho. Em uma das regiões onde a ONG atua, Wagner exemplifica o contexto geral com um caso de crianças órfãs, que é muito comum, que andam até 9 quilômetros para chegarem até a escola. “Elas ficam até meio-dia sem comer nada e vão chegar em casa depois das 15h sem comer absolutamente nada. Levam 1h para chegar e 2h para voltar porque vão muito devagarzinho, eles tem muita fome”.

Para Wagner, que além de presidente é o idealizador da ONG, é impossível ver uma situação dessas e não fazer algo além do que já é feito. “Muito comovente, por falta de R$ 1 as pessoas sofrem tanto. Se não tem uma intervenção, as crianças podem morrer”, desabafa.

Os últimos 16 dias passados em Moçambique são vividos como uma prova. A vontade que Wagner, assim como a gente, aqui de longe tem, é de trazer todo mundo para o Brasil. “Por um lado você não pode se acostumar e achar que é tudo normal, porque não é. Isso não é normal para o século 21, onde a sociedade, o mundo é rico. A vontade que a gente tem é de colocar num avião e trazer para cá, cuidar delas, tamanha a carência, a humildade e simplicidade delas. Um pouquinho que a gente leva, já explode lá”, afirma.

Um dos exemplos tristes, mas reais da realidade africana. Crianças que cuidam dos irmãos depois de perderem os pais e que andam até 10 km para chegar à escola.
Um dos exemplos tristes, mas reais da realidade africana. Crianças que cuidam dos irmãos depois de perderem os pais e que andam até 10 km para chegar à escola.

Esta última viagem foi a primeira experiência do cirurgião dentista especialista em estética, Estevom Molina, 45 anos. Em 10 dias, eles fez um levantamento epidemiológico para o trabalho de odontologia. Uma das verdades que vieram à tona foi que devido à alimentação, sem nada de açúcar, os pequenos não tem cárie, por exemplo.

Os planos dele são de voltar em abril aos três centros, com uma equipe de seis dentistas para implantar um escovódromo, atendimento que vai ensinar as crianças a escovar os dentes.

Em abril, dentista quer voltar com seis profissionais e ensinar pequenos a escovar os dentes.
Em abril, dentista quer voltar com seis profissionais e ensinar pequenos a escovar os dentes.

“Na verdade eu fui para lá achando que fosse uma coisa e é outra. Eles são carentes de tudo, mas muito felizes com o pouco que a gente dá para eles. Em me senti muito mais miserável do que eles”, resume.

A ajuda não precisa ser levada in loco. Os padrinhos podem depositar na conta da ONG o valor para manter uma criança no projeto. No entanto, frequentemente são realizados eventos. No próximo dia 8, será feito o terceiro churrasco Sem Fronteiras, na Chácara Rental, saída para Três Lagoas.

Clique e apadrinhe uma criança, entre no site ou na Fan Page da ONG.

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