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Comportamento

Os filhos precisam saber: Mãe não é sagrada, mãe é sobrecarregada

Jéssica Benitez | 10/03/2022 13:00
Ilustração de Camile Pasquarelli (@inspireoutras).
Ilustração de Camile Pasquarelli (@inspireoutras).

Quando a gente se torna mãe, aos olhos da sociedade, entramos num portal sagrado que, acredito eu, seguindo moldes cristãos, nos coloca como imaculadas. De uma hora para outra a mulher humana dá lugar à mãe, aquela que abdica de tudo pelos filhos.

Desde abrir mão do domínio do próprio corpo durante a gestação e amamentação até se anular quando o assunto não é maternidade, sendo praticamente uma santa que sofre calada em nome da prole. Em seu coração sempre cabe mais um e a supermulher dá conta de tudo, sorrindo, mas não muito, afinal não pode ser escandalosa ou espaçosa, pois trata-se de uma mãe de família.

Só que, analisando ao longo da história, não há nada de milagroso quando uma mulher acumula trabalho doméstico, materno e profissional remunerado, o nome disso é sobrecarga, fato que ficou evidente durante a pandemia.

Ilustração de Camile Pasquarelli (@inspireoutras)
Ilustração de Camile Pasquarelli (@inspireoutras)

A beatificação pela qual passamos nada mais é que um mecanismo para que todos fiquem na zona de conforto, menos nós. Já indaguei em outro texto e aqui repito: por que raios alguém tem que padecer se está no paraíso?

Eu te digo: porque é romântico, é bonito ver o sacrifício materno. Isso sim é ser mãe, dizem os que estão de fora e não fazem ideia do que é suportar tudo sem falar nada por receio do julgamento. Sim, porque se a mãe der um pio sobre sua exaustão ela não gosta dos filhos e já encara na lata um "teve filho para quê, então?".

E neste jogo social, sem perceber, a gente vai tentando se encaixar na fôrma da mãe perfeita, nos deixamos de lado, beirando a loucura em busca de atender expectativas alheias, almejando seguir a cartilha do impossível e enterrando cada vez mais quem um dia fomos. Pois hoje, minha cara leitora, eu te proponho ressurgir.

Ilustração de Camile Pasquarelli (@inspireoutras).
Ilustração de Camile Pasquarelli (@inspireoutras).

Se olhe com carinho, retome seus planos, seus sonhos, sua vida, sem medo de julgamentos, pois eles vão existir independentemente das suas escolhas. Lembre-se que a mulher que você é, foi quem construiu a mãe que seus filhos têm hoje, portanto orgulhe-se, liberte-se e seja feliz.

*Jéssica Benitez, jornalista e mãe do Caetano e da Maria Cecília, além de criadora do perfil  Eu nem queria ser mãe

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