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Comportamento

O Lado B da nova identidade de mãe e do luto pela vida sem filhos

Jéssica Benitez | 03/03/2022 10:38
Ilustração de Camile Pasquarelli (@inspireoutras).
Ilustração de Camile Pasquarelli (@inspireoutras).

Meu nome é Jéssica, mas poderia ser Maria, Ana, Paula, Joana... eu poderia ser qualquer mulher, já que ainda não me encontrei por completo na pele que agora habito. Não, eu não passei por uma experiência de quase morte, nem me converti a alguma religião, mas nasci de novo.

Foi em 2020, no terceiro andar da Santa Casa, mais precisamente às 3h18 do dia 9 de junho. A mulher que eu era partiu e, junto da minha filha Maria Cecília, eu (re)nasci. Só que ao contrário do bebê, que tem um mundo de novidades pela frente, a mãe recém-nascida fica perdida e é isso que eu vou te contar ao longo dessa longa, árdua e linda estrada que tento pavimentar com textos sobre a maternidade.

Aqui, vou falar do Lado B (com perdão do trocadilho) do "maternar", da construção da nova identidade e do luto interno pela vida sem filhos que se foi. Nada te prepara para este momento de partida, de parto, de filha partindo para mãe chegar. Você pode ler, assistir a vídeos, documentários, ouvir relatos, mas nada disso vai te deixar pronta para tal intensidade.

Não tem como roteirizar. Não tem como verbalizar, descrever a dor. Há como amenizar, como ressignificar, porém você vai ter que passar por aquela porta e deixar sua antiga versão do outro lado, para sempre. Essa é justamente aquela parte que os filmes de romance e os finais de novela não mostram porque, preciso ser sincera minha cara leitora, muita água rola embaixo da ponte antes do 'felizes para sempre'.

Deixando claro que não tô aqui para assustar as futuras mamães ou desanimar as que já o são, escrevo apenas para desmistificar o conto romântico que todo mundo insiste em repassar geração após geração de que toda mulher já nasce mãe.

Então, se você também está em busca de quem é após a maternidade, chega mais. Não importa se seu filho tenha um, 15 ou 30 anos, o mantra do 'vai passar' sempre vai te acompanhar, as fases, minha amiga, são feito videogame, jamais acabam! E, sim, doem.

Por vezes, é solitário. Com o tempo, a gente assimila, talvez não tão poeticamente assim, que se trata da dor da morte e da dor da vida. É a dor de nascer, de morrer, de parir e ser parida. Um ciclo se fecha e outro começa. A carga é pesada, mas não mais que o peso do peito cheio de amor por alguém que nasceu de você.

E eu nem queria ser mãe:

Minutos após o parto de Caetano, o segundo filho. (Foto: Arquivo Pessoal)
Minutos após o parto de Caetano, o segundo filho. (Foto: Arquivo Pessoal)

Meu nome é Jéssica Benitez, tenho 34 anos e sou mãe da Maria Cecília (21 meses) e do Caetano (5 meses). Me formei em Jornalismo em 2012 e saí da área em 2018.

Em 2019, fiquei grávida sem ter planejado e voltei a escrever. Seis meses após parir, engravidei novamente e fiz o @eeunemqueriasermae para desabafar e colocar em palavras a dualidade da real maternidade, pois sobre o amor incondicional a gente já sabe, mas dificilmente alguém vai dizer o quão difícil é criar uma criança, encarar os primeiros dias e sobreviver aos meses que voam e se arrastam ao mesmo tempo.

Sabe aquela sua amiga que te dizia não ter tempo de escovar os dentes ou tirar o pijama depois que pariu e você achou que é puro drama?

Eu já estive no seu lugar e agora, te digo com toda certeza que é verdade! Parece brincadeira, mas o tempo que um bebê demanda é surreal. Sem contar as questões hormonais e emocionais. Por isso, te convido a olhar a maternidade de outro ângulo. Bora?

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