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Comportamento

Para moçada, preocupação pós-tragédia é com sermão dos pais e não só com riscos

Viviane Oliveira | 31/01/2013 08:30
De esquerda para direita, Mariana e Monique dizem que vão ficar mais atentas para evitar riscos em lugares superlotados. (Fotos: Luciano Muta)
De esquerda para direita, Mariana e Monique dizem que vão ficar mais atentas para evitar riscos em lugares superlotados. (Fotos: Luciano Muta)


Eles dizem que vão prestar mais atenção nos itens de segurança das boates, que vão tomar cuidado, mas no final das contas a preocupação hoje de muitos jovens em Campo Grande é com a reação dos pais depois da tragédia no Rio Grande do Sul.

"Antes mesmo de eu pensar em sair minha mãe já está falando”, comenta a estudante Monique Medina, de 20 anos. A amiga, Mariana Ortis, tem a mesma idade e preocupação idêntica. “Agora vão pegar mais no pé”.

Qualquer pai que se preze, arregalou os olhos e ficou assustado com o incêndio que matou 235 pessoas na boate Kiss, em Santa Maria (RS), na madrugada do último domingo (27).

Muita gente que já andava solta, livre na noite da cidade, agora voltará a ouvir aquelas recomendações infindáveis, antes de sair de casa para a balada.

Para não ficar no tédio em Campo Grande, quem adora a diversão noturna promete cuidados redobrados. A maioria dos jovens entrevistados jura de pés juntos ficar mais atenta para evitar riscos em lugares superlotados e até cobrar alvará. Recomendação que, na maioria das vezes, veio de casa.

A acadêmica de veterinária Mariana garante aos pais que apesar de não sair muito para a balada vai adotar como hábito verificar se o estabelecimento tem licenças válidas para o funcionamento. “Para mim o que aconteceu foi uma fatalidade, mas daqui por diante vou tomar mais cuidado”, afirma.

A amiga Monique, acadêmica de Direito, espera que, com o caso que chocou o mundo todo, as autoridades façam alguma coisa para evitar que ocorram outras tragédias.

“Tem que fechar todas essas casas de festas até que se adequem ao plano de segurança”, destaca, acrescentando que sempre tomou cuidado, mas antes para evitar assaltos e brigas generalizadas.

Professor atribui ao estado responsabilidade de garantir que a população esteja segura em locais públicos.
Professor atribui ao estado responsabilidade de garantir que a população esteja segura em locais públicos.
Para Orlana tragédia foi por negligência.
Para Orlana tragédia foi por negligência.

A contadora Consuelo Belline tem 3 filhas. A mais velha, de 21 anos, virou a maior preocupação depois das mortes no Rio Grande do Sul. “Ela tem carro, vai onde quer, não tenho mais o controle”, explica. Mesmo assim, a vontade da mãe agora é trancafiar a mais velha em casa.

“Conversei muito no domingo, ficamos muito abaladas. Por saber disso, agora ela tenta me tranquilizar. Toda hora fala sobre como é a segurança nos locais, que está tudo certinho.”

As mais novas são gêmeas, adolescentes de 15 anos, na época de viver em festas de debutantes. “Mas com elas eu tenho como dizer não. Agora, todo convite que elas receberem, eu vou verificar as condições de segurança do local. Sei como eu sou e acho bem provável que vá até os salões, para ver com os próprios olhos antes de liberar a ida das meninas”, garante.

Para o professor de Filosofia, Sociologia e Redação, Carlos Eduardo Pereira, o debate deve ser mais amplo. O Estado, na avaliação dele, tem a responsabilidade de garantir que a população esteja segura em todos os locais frequentados pelo público.

“O Estado, que por preguiça ou por omissão não faz isso, tem a obrigação de olhar essas coisas por nós. Que a tragédia de Santa Maria sirva de exemplo”, cobra. A prioridade das casas de show hoje, completou, é o dinheiro. "A segurança acaba ficando em segundo plano".

Compartilha da mesma opinião a estudante do 3º ano, Orlana Fortolan, de 16 anos. “Essa tragédia foi por negligência das autoridades competentes”, reforça.

 

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