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Comportamento

Procedimento é longo, caro, mas cirurgia no queixo transforma o rosto e a vida

Paula Maciulevicius | 22/05/2014 06:18
No antes e depois, Alexandre não se reconhece com o rosto anterior à cirurgia. (Foto: Marcos Ermínio)
No antes e depois, Alexandre não se reconhece com o rosto anterior à cirurgia. (Foto: Marcos Ermínio)

De cara nova. No espelho, Alexandre ainda estranha a imagem refletida. Nas fotos antigas, não se reconhece mais. Há 50 dias ele entrou no centro cirúrgico para encarar uma das etapas do procedimento longo, caro, mas que lhe deu um queixo, transformou o rosto e a vida. Figura conhecida por consumidores e principalmente, pela imprensa, Alexandre Monteiro Rezende é superintendente do Procon. Nunca negou uma entrevista, nem esta, de cunho tão pessoal.

Alexandre foi diagnosticado, pelo cirurgião dentista, com deformidade dento-facial, que gerava uma deficiência severa de mandíbula. Esteticamente, ele não tinha queixo. No aspecto funcional, o advogado sentia dores de cabeça, de ouvido, dormia e comia mal. Os problemas, senão resolvidos logo, poderiam se agravar.

“Todo mundo tinha medo de fazer. E me disseram você é louco, você é maluco”, conta. Nas palavras de Alexandre, o menos importante era a parte estética. “Isso eu poderia resolver de maneira bem menos agressiva, colocando uma prótese de silicone”, pondera. “Mas a dor de cabeça, interfere muito na vida da gente. Antes eu roncava, hoje eu não ronco mais. Foi por uma questão funcional”, reforça.

Há 50 dias, antes da cirurgia ortognática. (Foto feita pelo cirurgião do antes)
Há 50 dias, antes da cirurgia ortognática. (Foto feita pelo cirurgião do antes)

Foram dois anos de preparação e detalhes que nem se imagina em uma cirurgia considerada de médio porte. Os pesares, se houveram, ficaram no passado de um Alexandre com outro rosto. Porque hoje, ele é só sorrisos, em toda narrativa. “Estou muito satisfeito”, é uma das frequentes frases ditas durante a conversa.

Mesmo em segundo plano, a estética não deixa de saltar aos olhos uma peculiaridade que nem sempre se percebe: como um queixo pode, tanto, mandar num rosto. “Nossa, mesmo inchado, no primeiro dia, cheguei em casa e me olhava no espelho. Realmente, é uma diferença absurda, as pessoas chegam e não me reconhecem. Dizem que mudou bastante, ficam surpresas. A principal questão era a funcional, mas a estética era muito bem vinda”.

Alexandre conta que sabia da necessidade de cirurgia, mas queria encontrar um profissional com o qual se identificasse. A identificação foi imediata com o cirurgião dentista Herbert de Abreu Cavalcanti. Cada consulta levava em média 1h30 ou até 2h, entre as apresentações do que poderiam ser o melhor e o pior cenário. O preparo para chegar até a sala de cirurgia levou dois anos porque o trabalho é em conjunto com outro profissional. Neste tempo, Alexandre usou aparelho ortodôntico para reposicionar os dentes como deveriam ser em relação à mandíbula e maxilar. Tempo que varia de acordo com cada caso de paciente.

Alexandre, na última visita ao dentista nesta semana. (Foto feita pelo cirurgião do pós procedimento)
Alexandre, na última visita ao dentista nesta semana. (Foto feita pelo cirurgião do pós procedimento)

A operação chama cirurgia ortognática, procedimento para chegar ao reparo estético-funcional. No pré-operatório entram os exames médicos e depois de liberado, Alexandre encara a mesa de cirurgia. A operação requer ambiente hospitalar e é feita sob anestesia geral. Mas nada que assuste muito, porque, dependendo do caso, pode ser apenas um dia de internação.

O processo, conforme explica o dentista, mexe no maxilar, na mandíbula, no queixo e altera o plano oclusal. “Ele está numa inclinação e muda. Se projeta a mandíbula um pouco mais para frente”, explica Cavalcanti.

Toda cirurgia é feita dentro da boca. De fora, Alexandre não tem nenhum corte. Para dar a estabilidade necessária, o advogado teve fixadas miniplacas e parafusos de titânio para deixar o osso na posição. Antes que isso fosse incorporado à odontologia, o que era comum era o paciente sair com a boca amarrada.

“Se a boca fica fechada até cicatrizar? Não. Mas o paciente tem restrição de dieta, só líquida e pastosa”, adverte o profissional. Ao todo, são 64 dias de cicatrização. Há pouco tempo Alexandre começou a comer massa e arroz, mas nada que exija dele uma mastigação mais intensa.

Na boca de Alexandre, o trabalho só chegará ao fim em seis meses. “É o tempo de recuperação tecidual, para acomodação do tecido”, explica o cirurgião. Por enquanto, ele ainda vai continuar a usar o aparelho nos dentes até finalizar a parte ortodôntica, que corresponde a outro profissional.

“Se doeu? Se eu tive medo? Em momento algum. Me preparei dois anos para cirurgia. Dois anos de trabalho ortodôntico, trabalho de nutrição devido ao pós-operatório, você vê que não é uma coisa simples. A aparelhagem para cirurgia pode assustar. Só veio o medo ali, no centro cirúrgico, mas eu já estava ali mesmo, vamos embora”, descreve.

Como figura pública, por ocupar um cargo de destaque, Alexandre sabia que a cirurgia viria a ser assunto. E até defende falar sobre o procedimento. “É uma questão de serviço. Todo mundo tinha medo. Os planos de saúde cobrem e se recusarem, pode procurar o Procon”, orienta. Agora, em paz com a saúde e com a estética, Alexandre já voltou à postura de superintendente do órgão que defende o consumidor.

Alexandre foi diagnosticado, pelo cirurgião dentista, com deformidade dento-facial, que gerava uma deficiência severa de mandíbula.
Alexandre foi diagnosticado, pelo cirurgião dentista, com deformidade dento-facial, que gerava uma deficiência severa de mandíbula.
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