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Comportamento

Tá tudo muito lindo, mas quem lava a louça no domingo das mães?

Apesar da data comemorativa mulheres ainda ficam com encargos das atividades domésticas

Izabela Sanchez | 13/05/2018 13:37
 94,5% das mulheres se ocupam com trabalhos de casa (Marta Ferreira)
94,5% das mulheres se ocupam com trabalhos de casa (Marta Ferreira)

Hoje o Brasil inteiro lembra delas, as mães. Consideradas quase seres onipotentes, que resolvem todos os pepinos, as mães também são lotadas com sobrecargas. É o caso da “louça suja” ou demais atividades domésticas. Neste domingo (13), sobrou pra elas, como em todos os dias, essa atividade.

Sueli Sena, 66, é aposentada e preparou feijoada para toda a família. Ela ficou com a louça, mas não reclama. “Para variar um pouco eu que estou na cozinha. Ontem fiz as sobremesas e hoje a feijoada. Vou ter que levar. Eu acho que faz parte. Não tem outra pessoa”, contou.

Professora aposentada, Fátima Loureiro, 64, conseguiu um “combinado” junto com as noras. Vai deixar a louça dentro do tanque. “Nenhuma das mães vai lavar. Hoje só vamos recolher. Do almoço não escapei, tive que fazer. Sempre que tem evento a cozinheira sou eu”.

Letícia Morettini, 54 é dentista e neste domingo optou por pedir comida. A louça, no entanto, é dela. “Eu estou com meu biso, minha filha e minha neta. Vou lavar com a minha filha mesmo, como nos outros dias. E hoje estamos meio assim porque minha mãe está internada”, comentou.

A filha de Tatianny, Stephanny, acha que é injusto (Fernando Antunes)
A filha de Tatianny, Stephanny, acha que é injusto (Fernando Antunes)

Outra dentista, Tatianny Menezes, 40, também vai ficar com a louça. “Hoje está comigo. Olha, eles[filho e marido] não ajudam. Se for pra ajudar vai ser outra mulher. No dia a dia é assim. O máximo é lavar o deles [prato]”.

A filha de 19 anos, Stéphanny Menzes, protesta. “Eu não acho justo comigo e com a minha mãe. Sempre que eu peço eles falam: 'espera um pouco, daqui a pouco eu levo', e nunca lavam”.

Francielia Peixoto coloca o marido e os filhos para ajudarem (Fernando Antunes)
Francielia Peixoto coloca o marido e os filhos para ajudarem (Fernando Antunes)
Sueli Sena, 66, não reclama de ficar com a louça (Fernando Antunes)
Sueli Sena, 66, não reclama de ficar com a louça (Fernando Antunes)

Quem resolveu botar ordem na casa e fazer diferente é advogada Francielia Peixoto, 42, mãe de dois filhos. “Eu ia sair, mas resolvi ficar. Eles resolveram comprar as coisas prontas, mas eles que ficam com a louça. Geralmente é com eles que ficam, apesar de ter que pedir. Sozinha não faço não, não sou empregada”, afirmou.

 Mato Grosso do Sul é a unidade da federação com o maior percentual de pessoas que se dedicam aos afazeres domésticos – 89,9% da população com 14 anos ou mais, o que corresponde a cerca de 1,9 milhão de pessoas. É o que aponta a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

 O percentual de homens que se ocupam com os cuidados do lar cresceu mais que o de mulheres – 5,6% contra 1,6%. No ano retrasado, 79,2% dos homens haviam declarado que se dedicavam aos afazeres domésticos, enquanto no passado, foram 84,9%. Ainda assim, existe uma grande diferença na comparação entre homens e mulheres: 94,5% delas se ocupam com trabalhos de casa.

 

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