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Comportamento

Vida de chaveiro é compartilhar histórias de cliente caloteiro ou atrapalhado

Anny Malagolini | 18/06/2014 06:19
Josino levou calote de mais de mil reais em trocas de fechaduras. (Fotos: Cleber Gellio)
Josino levou calote de mais de mil reais em trocas de fechaduras. (Fotos: Cleber Gellio)

Não basta livrar os clientes dos apuros, chaveiro experiente tem de colecionar histórias envolvendo clientes metidos a espertos ou atrapalhados ao ponto de perder as chaves corriqueiramente. De histórias assim é feita a rotina de profissionais que precisam estar 24 horas disponíveis em Campo Grande.

O paraibano José Pedro Filho, de 62 anos, já teve que colocar a competência à prova inúmeras vezes. Mas a ocasião memorável, segundo ele, ocorreu há quatro anos, quando uma cliente chegou em sua loja, na rua 15 de novembro, 1.036 – em frente a Praça Ary Coelho.

A mulher pediu para que ele abrisse o carro dela, depois de ter perdido as chaves. Em segundos ele resolveu o problema, mas a cliente, incrédula diante da rapidez, não quis pagar. “Ela achou que foi muito fácil, então fechei de novo, e avisei a ela para que chamasse outro chaveiro”, conta José.

Sem saída, ela implorou para que ele abrisse o automóvel novamente e teve que pagar o valor duas vezes, cerca de R$ 80,00, na época. “Isso é comum, acham que é fácil e não querem pagar pelo serviço”, diz o chaveiro, que está no mesmo ponto há 34 anos.

Esse tipo de situação é mais frequente do que a gente pensa. Caso parecido ocorreu com Hugo Abegg, de 32 anos, que se coloca como vítima de um costume de quem acha o ofício algo “fácil”. “Pedem para ver ferramenta, tentam fazer o mesmo e alguns não querem pagar, mas no fim aceitam o serviço”, depois de 7 anos de experiência.

Ele conta que em um dos episódios envolvendo clientes "espertos", um deles se deu mal. “Ele viu que fiz o serviço rápido, e disse que me pagaria o dobro se deixasse ele tentar, mas falhou, e teve que pagar duas vezes o valor de abrir um carro”, lembra. Ele  conta que os clientes ficam curiosos com a habilidade de se abrir uma fechadura e fazem até propostas. “Já tentaram comprar minhas ferramentas, mas isso eu não vendo”, afirmou.

Outro dia, Hugo foi parar na delegacia por conta de uma briga entre dono de imóvel e o locatário. O chaveiro foi até uma residência alugada trocar as fechaduras das portas e o proprietário do imóvel chegou, surpreso com a manobra. “Passei um metade de um dia na delegacia me explicando. Depois disso, só faço serviço com a presença do locatário”, lembra.

Um pouco mais complicado é o exemplo do chaveiro Josino Florencio da Silva, de 52 anos. Em maio maio, ele foi contratado pela equipe do ex-prefeito da Capital, Alcides Bernal, para que trocasse as fechaduras do prédio da prefeitura.

No meio do tumultuo da tentativa de Bernal de voltar ao cargo, foram cinco horas de trabalho em vão. Até agora ele não recebeu um centavo. Após concluir o serviço, Alcides Bernal perdeu o posto de prefeito novamente e as fechaduras voltaram a ser trocadas. Mas o prejuízo final acabou na conta de Josino. “São mais de mil reais, mas tenho fé que vou receber, só não sei quando”, desabafa.

Entre as presepadas dos clientes ele elege duas delas: “Uma vez a cliente procurou a chave até eu terminar o serviço e no fim ela encontrou no sutiã”, lembra. Por fim, conta sobre um cliente que viaja com frequência para os Estados Unidos e nunca lembra do essencial.  “Ele já foi umas 4 vezes, e na volta sempre passa por aqui porque perdeu as chaves de casas. É uma confusão, mas agora a gente ri”, conta.

Incrédulo com habilidade, cliente até quis comorar ferramentas de Hugo Foto: Cleber Gellio
Incrédulo com habilidade, cliente até quis comorar ferramentas de Hugo Foto: Cleber Gellio
O "talento" do paraibano também já foi posto em 'cheque' (Foto: Cleber Gellio)
O "talento" do paraibano também já foi posto em 'cheque' (Foto: Cleber Gellio)
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