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Comportamento

Puccinelli diz que Uno vermelho virou grife e sonho de consumo é Ferrari

Ângela Kempfer | 26/12/2011 18:48
(Foto: João Garrigó)
(Foto: João Garrigó)

Depois de dez anos sem ficar cara a cara com André Puccinelli, a primeira vista a impressão é de que o homem anda mais sereno. “A vida faz amadurecer. Quando você tem 30 anos quer tudo para ontem”, lembra o governador, passados 15 anos entre a prefeitura de Campo Grande e o comando do Estado.

Na última semana do ano, ele recebe o Lado B na governadoria para uma conversa que pede para ser “traduzida em português inteligível e educado”.

Antes de qualquer pergunta, ele coloca na roda um assunto polêmico. Quer falar sobre os índios e parte para o ataque ao Cimi (Conselho Indigenista Missionário).

Apesar de gostar da “briga”, lembro que desta vez a encomenda é sobre amenidades e Puccinelli muda o semblante.

“Só não fala do Barcelona, pelo amor de Deus. Que chocolate que nós levamos”, diz sobre a final do Mundial de Clubes, no dia 18. Santista, Puccinelli viu o time perder de 4 a 0. Já havia combinado de assistir a partida ao lado dos amigos, em Campo Grande. “Sorte que eu tive de viajar”.

Com maus resultados no futebol, Puccinelli prefere falar de velocidade. Aos 16 anos corria de motocicleta, tinha um modelo italiano que “andava como as vespas e as lambretas preparadas”, lembra. Depois de um tombo feio, largou o esporte. “Foi um campeonato só”.

“A cor dele é vermelho Ferrari”, diz Puccinelli sobre Uno. (Foto: João Garrigó)
“A cor dele é vermelho Ferrari”, diz Puccinelli sobre Uno. (Foto: João Garrigó)

Partiu para o kart, mas a maior parte da vida passou apenas como fã, principalmente, da Fórmula 1. “Não perco um treino”.

Defende Rubens Barrichello como piloto e diz que o problema do brasileiro é fazer escolhas erradas. “Ele ia ser campeão mundial pela Ferrari, mas saiu”.

A escuderia é outra paixão de Puccinelli, italiano de nascimento que tem como um objeto de desejo uma Ferrari. “Um dia vou comprar uma, mas é muito caro”.

Pergunto porque ele insiste em manter o Fiat Uno vermelho, carro que costuma usar quando quer percorrer a periferia. “A cor dele é vermelho Ferrari”, brinca e admite: “virou uma grife”.

Antes de assumir a prefeitura, tinha um modelo ano 91 e a cada 3 anos troca o carro por uma versão mais nova, sempre na cor vermelha. “O meu primeiro Uno foi preparado para eu percorrer a buraqueira. Não fazia aquilo por merchandising. Depois ficava bem mais fácil de ser visto. Chegava no início da rua e alguém já apontava.”

Questiono se é um homem de muitos amigos e ele faz uma pausa. Tocando nos dedos vai balbuciando nomes e conclui: “são dez”.

Sobre os inimigos, afirma não ter nenhum e assegura. "Tenho adversários políticos, mas converso com todo mundo". Até com Zeca do PT diz não ter qualquer barreira para uma boa conversa.

Com fama de centralizador, renega o título e argumenta que conversa até demais com seus comandados. “Não sou centralizador, só centralizo a abertura da torneira para as despesas. Mas eu participo de tudo, quero estar por dentro de tudo, hoje e desde 1997”.

Os sinais pelo corpo mostram que o governador não está tão tranquilo como quer aparentar. As manchas brancas do Vitiligo voltaram (doença que tenta controlar desde 2005), mas o motivo é pessoal, argumenta. “Fazia um mês que estava tudo fechado (manchas), mas começou a voltar”.

"Fiquei 8 dias no hospital com a minha filha", lembra o governador. (Foto: João Garrigó)
"Fiquei 8 dias no hospital com a minha filha", lembra o governador. (Foto: João Garrigó)

O ano foi tenso para a família. Em junho, a caçula Denise enfrentou uma cirurgia no cérebro. “Eu pirei”, resume o governador.

Há seis anos, a jovem já estava perdendo a visão periférica quando resolveu relatar ao pai médico as dores de cabeça frequentes. Passou a tomar medicamentos, melhorou, mas decidiu retirar tumor descoberto na hipófise. Puccinelli foi contra. “Mexer no miolo? É complicado”.

Alguns dos piores dias da vida, segundo ele, foram os 8 passados ao lado na filha em hospital de São Paulo. “Cinco dias depois da cirurgia era para tudo voltar ao normal, mas passava o tempo e nada. Até o médico pirou. Nunca pensei em perder minha filha, mas tinha medo das sequelas”.

A paz só voltou 15 dias depois da operação, com os níveis hormonais normalizados. “Mas daí, 15 dias depois, abriu o Vitiligo, mas já começou a sumir de novo”.

Depois de muitas viagens e medicamentos, os bons resultados vieram após consulta com o dermatologista de Campo Grande Jorge Chacha. "Passei a tomar uma vacina e agora não tomo mais nada. Ele (médico) diz que tem de ter cuca fresca".

Puccinelli afirma que nem liga. “Não dói”. Só revela a vaidade ao comentar que chegou aos 91 quilos este ano e resolveu entrar na dieta. Alcançou os 87 “comendo verdurinha, frutinha e no máximo 60 gramas de proteína por dia”, além de exercícios com personal em casa.

Quer atingir os 75 quilos ideais, uma meta difícil para 2012, avalia.

Em ano de eleições municipais, ele diz que vai suar a camisa pela penúltima vez. "Depois vou fazer meu sucessor em 2014 e dar uma trégua para vocês", diz mais uma vez sobre a tal vontade de deixar a política por um tempo.

Entre as apostas, uma das recentes é Simone Tebet, a atual vice-governadora. "Hoje li uma reportagem dela, antes de vocês chegarem e ela é ótima".

Nas previsões para o futuro, garante que a ex-prefeita de Três Lagoas vai conquistar nas 2 próximas eleições um cargo de destaque. "Uma das 3 coisas ela vai ser com certeza: ou prefeita, ou senadora ou governadora".

Pergunto o que mais vem pela frente, o que “vai aprontar no próximo ano, quais as surpresa”. Puccinelli dá uma boa risada e garante: “não vou aprontar nada”.

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