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Consumo

Barbeiro ganha dinheiro com "moda do gueto" desenhada na cabeça dos clientes

Marcos veio da Bahia, tentou ganhar dinheiro em Três Lagoas, mas acabou em uma portinha no Caiçara, que hoje tem fila

Lucas Arruda | 30/08/2017 06:25
Barbeiro em ação. (Foto: João Paulo Gonçalves)
Barbeiro em ação. (Foto: João Paulo Gonçalves)

Cortar, pintar e desenhar. Até parece brincadeira de criança, mas é o que o barbeiro Carlos Carneiro faz na cabeça das pessoas há cinco meses em seu espaço na Albert Sabin.

O sucesso da barbearia começa pela personalidade no nome: "Moda do Gueto". O estilo que faz sucesso na periferia é feito de detalhes que Marcos produz com perfeição, todos com navalha, sem utilizar nenhum tipo de máquina ou pelos preços também "do gueto". O corte custa R$ 10, a barba R$ 10, a sobrancelha R$ 10 e os desenhos de R$ 5 a R$ 30.

"Os desenhos são o que os clientes mais gostam de fazer, um risco simples é o que custa mais barato e emblemas de times de futebol é o mais caro. O preço depende do tamanho e da dificuldade do desenho", explica.

Um dos trabalhos de Marcos.  (Foto: João Paulo Gonçalves)
Um dos trabalhos de Marcos. (Foto: João Paulo Gonçalves)

Ele é baiano, chegou a Mato Grosso do sul há dois anos. O gosto pela barbearia começou na terra natal, mas por lá sobrava pouco dinheiro. "No início, só cortava cabelos, mas o pessoal sempre gostou de coisas diferenciadas, então passei a fazer riscos, desenhos, aprendi sozinho. Lá é difícil, o trabalho era pouco, além de ser muito barato, cabelo e barba eu cobrava R$ 5", lembra.

Depois de se desiludir com sua paixão por cabelo, por conta da pouca rentabilidade, decidiu iniciar um curso de solda. Foi aí que veio parar por aqui.

Sua primeira moradia no Estado foi Três Lagoas. Trabalhou como soldador durante um tempo, mas após perceber a falta de profissionais para cortes de cabelo diferentes na cidade, decidiu voltar à antiga profissão, pelo menos depois do expediente. "Comprei uma máquina e todos os dias, à partir das 17h, ia cortando cabelos de porta em porta", conta.

Veio a crise e Marcos ficou sem seu emprego de soldador. Encontrou um salão e começou a cortar o cabelo lá. "Eu já tinha uma boa clientela e eles me acompanharam", afirma. Daí até abrir seu primeiro salão foi um pulo. "Se chamava No Estilo, fiquei muito contente".

Um evento de cabeleireiros mudou sua vida mais uma vez. Foi quando conheceu Maria Cristina, que tinha se mudado aqui de Campo Grande para Três Lagoas para dar aulas de cabeleireira."Vi o trabalho dele e fiquei impressionada. Como um cara que nunca havia feito um curso de desenhos na cabeça de alguém consegui fazer aquilo?", questionou Maria.

Os dois se apaixonaram e, quando Maria decidiu voltar à Capital, Marcos veio junto. "Falei pra ele que achava interessante vir comigo já que o trabalho dele é muito bom e lá ganhava pouco", diz.

Hoje, eles moram num quartinho, aos fundos do salão onde dividem os cortes. A procura tem aumentado muito e já na próxima semana irão ampliar o estabelecimento. "Alugamos aqui ao lado, não estamos dando conta da quantidade de clientes, que vêm principalmente nas sextas e sábados. Por ser pequeno, forma uma fila do lado de fora", comenta Marcos.

Agora, ele só espera cumprir o objetivo que tinha ao chegar aqui: comprar um carro e uma casa. "Também quero juntar um dinheiro para fazer uma visita à minha terra. Mas daqui não saio mais", finaliza.

Serviço - A barbearia Moda do Gueto fica na rua Albert Sabin, 1353, Caiçara. 

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Fachada da portinha estreita, que será ampliada.  (Foto: João Paulo Gonçalves)
Fachada da portinha estreita, que será ampliada. (Foto: João Paulo Gonçalves)
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