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Consumo

Depois de 22 anos no vermelho, diarista encontra jeitinho para consumir menos

Lucia conseguiu economizar, aproximadamente, R$ 700,00 no mês usando um caderno e uma caixa de sapato.

Thailla Torres | 30/10/2018 07:49
O sorriso de quem sentiu no bolso o quanto economizar vale a pena. (Foto: Thailla Torres)
O sorriso de quem sentiu no bolso o quanto economizar vale a pena. (Foto: Thailla Torres)

Há dois meses, Lúcia Maia, de 42 anos, resolveu ir além do que lhe disseram que era possível fazer um dia. Com dose extra de motivação e incentivo em um curso, ela conseguiu administrar a vida financeira dentro de casa e sair do vermelho onde estava há mais de duas décadas. Quem ouve pensa que é conversa de coaching, mas Lúcia é diarista e revela sua receita apenas com um caderno e uma caixa sapato que agora são ferramentas para os novos sonhos.

Ela trabalha como diarista há 22 anos, só em uma das residências que atende ela já completou a maior idade em serviço, mas o dinheiro fixo que entrava em casa era o mesmo que ela não via sair. “Vivia no vermelho, para falar a verdade eu cheguei nesse curso endividada e com aquela culpa acreditando que eu não ia ter dinheiro para pagar tão cedo”.

Planilha com gastos de reservas e despesas que a diarista faz no caderno. (Foto: Thailla Torres)
Planilha com gastos de reservas e despesas que a diarista faz no caderno. (Foto: Thailla Torres)

Tudo começou quando uma amiga sugeriu uma oficina sobre administrar o dinheiro pessoal. Lucia duvidou da proposta achando que ganhava pouco demais para esse tipo de organização, mas resolveu tentar após a insistência da amiga.

Quando chegou ao curso a surpresa foi descobrir que dívida não escolhe bolso e nem endereço. “Pessoas com mais dinheiro do que eu também estavam lá pelo mesmo propósito. Naquela hora me senti mais aliviada porque pensei que não estava sozinha nessa”.

Com palestra de psicólogos, Lucia aprendeu algumas coisas que já percebia ou tinha escutado por aí, mas que dificilmente as pessoas colocam em prática quando a procrastinação fala mais alto. “Todo mundo fala em economizar, na necessidade de consumir menos ou o que é desnecessário, mas ninguém nos passa a receita mágica”.

O primeiro ponto foi descobrir os próprios valores e necessidades. Em seguida, aprender que não há milagre, mas disciplina. “Eu coloquei no papel tudo que comprava além das necessidades básicas e passei a ver o que realmente era útil e excesso. Um exemplo é o gasto com roupa, todo mês eu queria comprar uma peça diferente só para ficar ali no guarda-roupa. Acreditava que não podia repetir roupa em eventos”.

Caixa de sapato onde Lucia aprendeu a guardar todos os comprovantes. (Foto: Thailla Torres)
Caixa de sapato onde Lucia aprendeu a guardar todos os comprovantes. (Foto: Thailla Torres)

Decidida a reduzir o consumo, chegou a hora de economizar e isso foi feito com uma simples planilha, em um caderno. “Passei a anotar todas as minhas despesas e, principalmente, guardar os cupons e notas fiscais dentro dessa caixinha de sapato. Somos tão acostumados a não pedir a notinha, que em alguns lugares as pessoas se assustam”.

Só que mais do que anotar, é preciso colocar em prática novos comportamentos. E para ver esse resultado, Lúcia diminuiu a compra no supermercado, passou a usar a bicicleta no bairro, separar a carne que fica no congelador em porções, abolir os gastos pequenos no cartão de crédito. “Antes o meu marido pegava o carro, me levava no serviço e vinha para casa. Depois ele tinha que sair para me buscar. Agora vou e volto sozinha com o carro, enquanto no bairro a gente usa a bicicleta e se o serviço é perto eu também ando com ela. De aproximadamente R$ 450,00 de gasolina por mês, eu já economizei R$ 200,00”, conta.

Compras mensais no supermercado também foram abolidas. “Faço compra por semana e sempre levo um valor para aproveitar a promoção em um supermercado perto do trabalho. Com isso eu compro só o necessário e parei de estocar comida no congelador”.

A sobra do óleo que utiliza na comida, Lúcia mistura com abóbora e produz sabão dentro de casa, o que também diminuiu o gasto na compra do material de limpeza.

Somando compras aleatórias, gasolina e cartão de crédito com as despesas mensais, como luz, água, parcela do imóvel e TV a cabo, Lúcia diz que ela e o marido gastavam mais de R$ 3 mil por mês em casa. Hoje, já contabilizam uma economia de aproximadamente R$ 700,00. “Com esse valor economizado, eu e meu marido investimos no parcelamento das dívidas”.

Pães feitos pelo marido, vendido diariamente. (Foto: Thailla Torres)
Pães feitos pelo marido, vendido diariamente. (Foto: Thailla Torres)
Balas de diversos sabores feitas por Lucia. (Foto: Thailla Torres)
Balas de diversos sabores feitas por Lucia. (Foto: Thailla Torres)

A organização de Lúcia virou incentivo para o filho, de 17 anos, usar a planilha. “Ele anota até um sorvete que compra. Assim ele também nos ajuda com as despesas de casa e no fim do mês sobra dinheiro para todo mundo”.

Com as economias garantidas em dois meses, ela e o marido Vitorino Horta, de 53 anos, resolveram investir em um novo sonho. “Estamos produzindo pães caseiros e balas baianas. Mas não é qualquer bala, é com recheio de morango, Nutella, Leite Ninho e beijinho”, diz orgulhosa.

Agora, o sonho do casal é abrir uma doceria em um ano. “E vamos conseguir, com essa planilha e o dinheiro economizado, vamos abrir uma doceria no bairro. Primeiro passo é pagar todas as contas, depois investir. Porque o que aprendi é que o nosso dinheiro é energia”.

O casal produz balas e pães sob encomenda, o telefone para pedidos é  (67) 99261-7981.

Serviço – Quem tiver o interesse de passar pela mesma experiência de Lúcia, o curso “Você e o seu dinheiro - Caminhos para o equilíbrio e a prosperidade” será realizado no próximo sábado (3) das 8h às 16h30. O investimento é R$ 200,00 (inteira) e R$ 100,00 (para estudantes). Informações e inscrições pelos telefones (67) 99266-9449 e (67) 9981-1556.

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Com a caixinha improvisada, Lucia investe em um novo comércio nas ruas, a venda de bala baiana. (Foto: Thailla Torres)
Com a caixinha improvisada, Lucia investe em um novo comércio nas ruas, a venda de bala baiana. (Foto: Thailla Torres)
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