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Consumo

Noivos entram descalços em cerimônia que consagra o sim usando 4 elementos

Paula Maciulevicius | 16/10/2014 06:33
Cerimônia foi cheia de misticismo, mas sem relação a uma religião. (Foto: Wilson Junior)
Cerimônia foi cheia de misticismo, mas sem relação a uma religião. (Foto: Wilson Junior)

Uma cerimônia cheia de rituais, onde os convidados não tinham cadeiras para sentar e acompanharam o "sim" em um grande círculo. Os noivos entraram e permaneceram durante toda a festa com os pés descalços, em contato direto com o chão, a terra e a mãe natureza.

Em maio deste ano, Kelli e Miguel resolveram "demarcar" num ritual o que na prática já existia há 12 anos. Juntos, os dois são espiritualizados, não seguem a uma religião especificamente, e sim buscam a harmonia entre tudo ao seu redor.

"Para mim, casar é um ritual, é demarcar sua família de origem e formar uma nova família. É muito mais do que um contrato como é para a sociedade civil. Para mim, tem essa conotação", explica Kelli Cristina Scuta, empresária e numérologa, de 35 anos. 

O desejo dela era se casar ao ar livre, onde a natureza estivesse presente mais do que na decoração e que houvesse os quatro elementos: água, fogo, terra e ar. "Comecei a pesquisar na internet e eu vi o casamento celta. Como faço dança, quem conduziu a cerimônia foi a minha professora", conta. O local escolhido para abrigar o tipo de enlace foi a Casa Park, no Parque dos Poderes, em Campo Grande.

A cerimônia deles foi cheio de misticismo, mas sem relação a uma religião. Quem realizou não foi padre, pastor e nem um líder. E sim alguém que se despiu de "títulos" e se dedica a estudar o casal para preparar a cerimônia. Também não tem altar. A inspiração em si veio dos casamentos celtas. 

No círculo menor, a consagração final é feita pela dança do candelabro. (Foto: Wilson Junior)
No círculo menor, a consagração final é feita pela dança do candelabro. (Foto: Wilson Junior)
Cerimônia seguiu com danças para trazer boas energias ao novo casal. (Foto: Wilson Junior)
Cerimônia seguiu com danças para trazer boas energias ao novo casal. (Foto: Wilson Junior)

A cerimônia segue um protocolo de ser breve, a de Kelli e Miguel durou em média 25 minutos. Na chegada, os convidados já viam que o casamento seria a reprodução do que o casal acredita. No verde o gramado estavam dois círculos, um maior e outro menor, específico para a troca de alianças e a consagração final, do fogo.

"As pessoas levavam um susto quando chegavam. Eu fiquei olhando da janela", lembra a noiva. Desde o convite, os familiares e amigos sabiam que a festa teria algo inusitado. "Era uma mandala e já começava no traje. Escrevi que deveria ser aquele que você se sentir à vontade. Então tinham pessoas de calça jeans e tênis até terno. De acordo com o que você está confortável está lindo", descreve Kelli.

A ideia serve de inspiração para futuros casais. O horário escolhido foi o pôr-do-sol, horário perfeito para compor um cenário ainda mais apaixonante. Na entrada, os convidados eram orientados pelo cerimonial sobre como e onde deveriam ficar. Todos ao redor do círculo.

"E os padrinhos, eles têm papel de ajudar. Eles oferecem alguma qualidade, talento para os noivos. Os nossos entregaram elementos para fazer a consagração. O ar foi representado pelo incenso, a terra por pedra e sementes num pote, o fogo através da vela e a água", exemplifica a noiva.

Cada padrinho se posicionava no círculo próximo ao seu elemento. A entrada dos noivos também fugiu do tradicional. "Não entramos com os pais, foi assim, a minha professora entrou tocando um snuj, o Miguel já tinha se posicionado. Eu entrei com uma melodia tibetana, andei até uma parte e ele veio me buscar", recorda.

A ideia serve de inspiração para futuros casais. A natureza era mais do que parte da decoração. (Foto: Wilson Junior)
A ideia serve de inspiração para futuros casais. A natureza era mais do que parte da decoração. (Foto: Wilson Junior)

O círculo no gramado tem toda representatividade. "Na natureza não existe quadrado, é só o círculo", detalha. Sinal de que não existe começo, meio e fim. Os pés que traçaram a caminhada da entrada até os elementos da consagração do "sim" captavam a energia do ambiente e dos sorrisos de quem assistia à felicidade deles. "Era uma energia incrível, você estar em conexão com a terra", pontua Kelli.

Cada elemento tem seus pontos cardeais e simbologias. A amiga que fez a cerimônia saudava o ar, a terra, o fogo e água e passava cada um deles em volta dos noivos. "A consagração dos quatro elementos foi no maior, era falado, como no ar foi dito 'que o vento leve tudo o que não seja bom e traga boas energias', era programado, mas também muito intuitivo, era o que vinha", explica a noiva.

A troca de alianças aconteceu de duas formas. Dentro do tradicional, com os sobrinhos de Kelli já grandes, com 17 e 20 anos e a colocação de coroas na cabeça. "Eu entreguei a ele uma corrente e ele a mim uma coroa de flores. É a representação do nosso compromisso com a natureza".

No círculo menor, os noivos finalizam a consagração com a dança do candelabro. "Ela representa a queima de tudo o que ficou para trás. Todas as energias não saudáveis para o casal e para que reabra um novo e iluminado caminho", explica a noiva. Na saída, os convidados jogaram os grãos, de arroz e sementes que simbolizam a prosperidade desejada ao novo casal.

Até a escolha do vestido de Kelli foi peculiar. A saia era um degradê de cores puxando para o pôr-do-sol. A noiva diz que a ideia era de trazer o sol, a alegria e na cerimônia em geral, o que é fundamental, a vontade dos dois de se unirem. "Tudo o que a gente estudou e foi aprendendo mostra que é importante fazer essa demarcação. Nem tanto para a sociedade, mas para a gente. Na filosofia antiga todos os ciclos da vida são marcados por rituais e o casamento faz essa demarcação".

Miguel e Kelli, num contato breve, transmitem exatamente o que eles são. Uma paz e tranquilidade assim como deve ter sido a cerimônia.  (Foto: Wilson Junior)
Miguel e Kelli, num contato breve, transmitem exatamente o que eles são. Uma paz e tranquilidade assim como deve ter sido a cerimônia. (Foto: Wilson Junior)

O cardápio seguiu o tradicional, sem intervenções dos noivos, mas a mesa de doces e bolo foi substituída por frutas. Há cinco anos Kelli não come açúcar em casa. Não chega a ser radical e se está na rua ou em festas, quando sente vontade, come. "Meu dia-a-dia não tem, mas não significa que eu não coma de jeito nenhum. Mas eu não quis bolo, não ia investir em uma coisa que eu não acredito", sinaliza.

Por outro lado, os convidados amaram porque puderam se deliciar sem peso na consciência. Miguel e Kelli, num contato breve, transmitem exatamente o que eles são. Uma paz e tranquilidade assim como deve ter sido a cerimônia. "A filosofia celta traz uma liberdade. Não se prender à fórmulas, métodos, não é uma receita pronta", resume Kelli. (matéria editada em 17/10, às 13h, para correção de informações).

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