ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 33º

Consumo

Pela casa própria antes dos 30, vale até ficar um bom tempo sem roupas novas

Evelise Couto | 24/07/2015 06:56
Pela casa própria antes dos 30, vale até ficar um bom tempo sem roupas novas

Todo mundo fala que quem casa, quer casa. Mas não é só essa turma que procura um lugarzinho para chamar de seu. Quem decidiu morar sozinho também.

É bem verdade que grande parte das pessoas acaba pagando aluguel ou até dividindo o teto com outros, mas tem quem consiga se organizar e partir para a casa própria. Em tempos em que economizar um mínimo de dinheirinho está cada vez mais difícil, ainda tem gente que rebola - e muito - e consegue.

É o caso da jornalista Bianca Bianchi, de 28 anos. Ela conta que cresceu ouvindo dos pais o quanto ter uma casa própria era importante , mas que com um série de obstáculos a transpor (valores altos, poupança no zero, toda a burocracia de um financiamento) a conquista parecia muito distante. Mas com o objetivo na cabeça, ela não se deteve e foi atrás. E, claro, precisou se sacrificar um pouco. Quer dizer, um pouco não. Bastante, eu diria!

Para economizar, a primeira medida que a jornalista tomou foi mudar-se para um pensionato. “Foi uma escolha estratégica. Morei durante 1 ano e meio lá. Eu pagava uma mensalidade de cerca de 400 reais e só. Não tinha conta de água, de energia, IPTU, nada mais que me tirasse o sono. A empresa onde eu trabalhava pagava vale refeição/alimentação, com o qual eu almoçava e fazia uma compra bem baratinha de coisas para deixar lá na geladeira do pensionato pra fazer lanche a noite”, explica.

Mas quem acha que só essa economia foi suficiente se engana. Bianca abriu mão de muitas coisas durante esse tempo. Nada de TV (nem aparelho, tampouco TV a cabo), nada de internet, as compras pessoais como roupas, sapatos, itens de maquiagem foram suspensas e ela deixou de ir a muitos lugares pensando na economia de combustível. “Além disso, zerei a fatura do cartão de crédito! Acho que isso nunca mais vai acontecer!”, relembra entre risos. A meta era guardar 700 reais todo mês.

Bianca Bianchi, de 28 anos, conseguiu a casa própria.
Bianca Bianchi, de 28 anos, conseguiu a casa própria.

Depois de tudo isso, com a ajuda de um corretor de imóveis, chegou a hora de procurar a tão sonhada casa própria. Ele a orientou a definir um valor aproximado que estivesse disposta a pagar em um imóvel, pensar em como ela gostaria que fosse a casa (a quantidade de quartos, o tamanho dos cômodos) e também na localização. Com isso definido, iniciaram-se as buscas.

Foram quase 3 meses saindo todo sábado de manhã pra visitar inúmeras casas, até que um dia, ao entrar em uma ainda em construção, o coração da jornalista bateu mais forte. Era do jeitinho que ela queria, como ela havia definido.

Dois dias antes de seu aniversário, em 2013, ela deu o sinal para segurar a casa, assinou a papelada e aguardou a casa ficar pronta.

Foi aí que Murphy - aquele da lei, que adora aparecer quando a gente menos espera - resolveu agir. Bianca perdeu o emprego e o desespero bateu. “Achei que ia perder o financiamento que ainda não tinha sido aprovado, vi meu sonho indo por água abaixo.” Felizmente, no final - como naquelas novelas boas de se assistir - tudo deu certo. E o dinheiro da rescisão ainda ajudou a mobiliar a casa. “Consegui comprar a minha casa própria, meu primeiro imóvel aos 25 anos. Foi muita alegria!”

Muita gente pergunta se a jornalista não pareceu exagerada com uma meta tão alta e com tanta economia. Ela, no entanto, é categórica em dizer que tudo depende do seu objetivo e nos deixa uma baita lição: “Para conquistar o que você quer, você tem que fazer algum esforço. O meu esforço foi esse. E querem saber? Sobrevivi e muito bem. Foi aí que percebi como a gente não desfruta do que já tem e está sempre querendo comprar mais e mais e mais, foi aí que passei a valorizar mais conversas na varanda do quarto, que consegui ler cerca de 20 livros, que afinei meus ouvidos para o canto dos pássaros na minha janela, que me entendi comigo mesma, que transformei minha inquietude em paz e silêncio. E ainda, um cantinho para chamar de meu”, finaliza.

E você, mora sozinho e tem alguma experiência que gostaria de dividir com a gente? Manda lá no inbox da fanpage do Casa de Um.

*Evelise Couto é jornalista, colaboradora do Lado B e autora do blog Casa de Um com dicas e experiências de quem mora sozinho.

Nos siga no Google Notícias