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Consumo

Restaurante raiz tem macacos, tucanos e cliente “faz o quilo” na rede

O local funciona há cinco meses na Rua da Divisão, no Bairro Parati e o plano é tornar o ambiente mais rústico

Alana Portela | 18/06/2019 06:48
O restaurante está localizado no bairro Parati (Foto: Paulo Francis)
O restaurante está localizado no bairro Parati (Foto: Paulo Francis)

O novo restaurante no Parati é simples. O cliente come aquela comidinha caseira sentado em uma cadeira de madeira na varanda e depois aproveita para “fazer o quilo” deitado em uma rede apreciando a natureza. O “+ Que Delícia” é aquela cantina à moda antiga, em terreno de chão batido, com árvores altas, galinha andando pelo quintal, macaco pulando nos galhos e tucano na paisagem. O plano é tornar o ambiente cada vez mais rústico, cercando-o com madeirinhas e construir um fogão a lenha para os “peões” se servirem.

Ana Maria Lucas, 40 anos, comprou o espaço há pouco tempo e lembrou da infância, na época em que morava em Minas Gerais. “Comprei aqui faz cinco meses, quero cercar com madeira, fazer um fogão a lenha, coloco as redes para os clientes descansarem. As árvores são pés de jatobás e os animais ficam por aqui. Morei em fazenda quando era criança”, contou.

O restaurante fica na Rua da Divisão e, mesmo em uma via super movimentada, a proposta é aproveitar o som dos tucano e a aproximação dos macacos, que fazem com que o cliente se sinta em uma fazenda.

O lugar tem tijolos sem reboco. A varanda com o teto baixo é a recepção dos clientes que aguardam para serem servidos na mesa. A árvore de jatobá virou uma pilastra natural, que decora a cantina.

A varanda é a recepção dos clientes (Foto: Paulo Francis)
A varanda é a recepção dos clientes (Foto: Paulo Francis)
A árvore de Jatobá virou decoração natural do local (Foto: Paulo Francis)
A árvore de Jatobá virou decoração natural do local (Foto: Paulo Francis)

Com atendimento de 6h da manhã às 21h da noite, Ana Maria conta com a ajuda da sócia Layla Santos, responsável por fazer bolos. “Aqui é uma casa de bolos e restaurantes. A noite queremos servir porções, lanches”, disse.

O menu ainda não é fixo, por enquanto, Ana Maria tenta variar nos pratos de arroz, feijão e acrescentar uma moqueca de peixe, carne assada, peixe frito, feijoada. Durante a semana, o valor do prato feito no local é de R$ 10,00, já aos sábados e domingos é de R$ 12,00. “Queremos colocar um rodízio de carne assada”, adianta.

Sua vontade ainda é construir fazer algumas receitinhas mineiras no fogão à lenha. “Aí os clientes vão direto no fogão e depois pesam. Quero colocar a porção de broto de feijão com legumes, estive em Minas e experimentei. Sinto saudades de lá, é um lugar maravilhoso, da terra que nascemos nunca esqueceremos. É minha raiz”, contou.

História - Ana Maria nasceu em Minas, mas por causa da separação dos pais e as dificuldades de um tempo cheio de regras e preconceitos, foi enviada para adoção e um casal de fazendeiros a criou. “Minha mãe tinha 20 anos e teve uma divergência com meu pai, nisso eles se separaram. Minha mãe voltou para a casa dos meus avós, mas na época os pais não aceitavam uma filha grávida e solteira”, recordou.

Ana Maria a esquerda ao lado do funcionário, que é marido de sua sócia Layla (Foto: Paulo Francis)
Ana Maria a esquerda ao lado do funcionário, que é marido de sua sócia Layla (Foto: Paulo Francis)
As redes estão armadas para os clientes descansarem após o almoço (Fotos: Paulo Francis)
As redes estão armadas para os clientes descansarem após o almoço (Fotos: Paulo Francis)

“Minha avó a expulsou, mas ficou por um ano e meio comigo. Depois me mandou para adoção. Fiquei com esse casal de fazendeiros até meus 13 anos. Com eles, aprendi de tudo, cozinhar, fazer queijo, requeijão, tirar leite, mas meu foco era domar cavalos porque eles criavam equinos, cavalos de raça. Eu era criada como se fosse um homem”, relatou.

Aos 6 anos, Ana Maria acordava às 4h para tirar o leite da vaca. “Em roça, criança que fica com as perninhas de pé já é trabalhador. Por ter sido adotada, meu pai era muito rígido. Mas minha biológica não deu a minha guarda para eles, então não conseguiram me colocar em competições para domar cavalos. Aos 14 anos vim para Mato Grosso do Sul, com minha mãe biológica”.

Ana Maria morava na cidade Nova Porteirinha, na divisa com o estado da Bahia. Quando chegou a Campo Grande, em janeiro de 1993, foi trabalhar de atendente numa agência dos Correios e em seguida descobriu uma doença e teve que largar até os estudos. “Estava com uma larva de solitária, os médicos deram três meses de vida”, lembrou.

Já aos 18 anos, conheceu o marido e casou-se. Teve um filho, que hoje está com 19 anos. Trabalhou como copeira e passou a ser ajudante de cozinha em um supermercado. “Aí comecei a aprender muitas coisas, fiquei responsável por 500 funcionários, era eu quem organizava a mesa, a comida. Foram sete anos lá. Superei a doença”.

Ana Maria teve mais dois filhos, trabalhou na prefeitura por dois anos, onde fez cursos de culinária e manipulação de alimentos. A proposta de assumir o restaurante surgiu após a mineira visitar a cidade natal e falar para o marido do desejo de abrir um local para servir comidas típicas. O restaurante fica na Rua da Divisão, nº 2645, bairro Parati.

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O restaurante está no meio da floresta (Foto: Paulo Francis)
O restaurante está no meio da floresta (Foto: Paulo Francis)
Os clientes podem apreciar a natureza enquanto descansam (Foto: Paulo Francis)
Os clientes podem apreciar a natureza enquanto descansam (Foto: Paulo Francis)
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