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Diversão

Casas noturnas e bares LGBT se mobilizam para reforçar segurança contra radicais

Thaís Pimenta e Guilherme Henri | 16/10/2018 08:07
Casas noturnas LGBT viraram alvos pela questão sexual, mas também pelo posicionamento político dos frequentadores. (Foto: Alexandre Torquatto)
Casas noturnas LGBT viraram alvos pela questão sexual, mas também pelo posicionamento político dos frequentadores. (Foto: Alexandre Torquatto)

Proprietários de bares e casas noturnas que têm como maioria o público LGBT se reúnem hoje pela manhã com o Secretário de Segurança Pública do Estado, Antônio Carlos Videira, para pedir reforço no policiamento. Eles querem mais rondas policiais nestes pontos, depois de casos de violência registrados nas últimas semanas.

Na sexta-feira, dia 12 de outubro, uma jovem estava em frente a boate na rua Marechal Rondon quando levou uma pedrada. No sábado passado (13), um rapaz na área de fumantes do Bar Fly levou um tiro de raspão no quadril, disparado por homem que chegou atirando aleatoriamente aos gritos de "viados".

De acordo com o proprietário do Sis Lounge, Deko Giordan, eles não querem esperar que algo aconteça na boate da Chácara Cachoeira para tomar uma atitude. Por isso, o empresário tomou a frente do movimento pro reforço na segurança e já se reuniu com o subsecretário de Políticas Públicas LGBT do Estado, Frank Rossatte da Cunha Barbosa para articular a reunião com o Governo.

“Pedimos que as rondas aconteçam com mais frequências nas boates LGBT de Campo Grande e na Hot Pub, de Dourados, porque a gente vê que eles também precisam ser agraciados, afinal também estão na linha de frente”, adverte sobre a onda conservadora que colocou as casas noturnas no alvo de extremistas.

Dentro do SIS, Deko providenciou desde sábado (13) adotou estratégias para que a fila diminuísse de forma mais rápida, evitando ao máximo a exposição do público na fachada do lugar. “Na saída, o pessoal alerta para andarem sempre em grupos e para aqueles que forem solicitar aplicativos de transporte que só saiam da casa quando o carro chegar”, comenta.

Na Non Stop, a ordem é diminuir filas na entrada em dias de casa cheia (foto: Divulgação Non Stop/ Pedro)
Na Non Stop, a ordem é diminuir filas na entrada em dias de casa cheia (foto: Divulgação Non Stop/ Pedro)

Rodrigo Gel, do Non Stop Club, confirma que está todo mundo apreensivo e que o clima dentro da boate é de medo. Para aliviar esta sensação, foram instaladas câmeras de segurança na área externa da boate para, em caso de violência, ao menos se possa identificar o responsável.

“Não tem como você saber o que se passa na cabeça de uma pessoa que já sai de casa com a intenção de prejudicar uma pessoa, ou um grupo de pessoas, que nada lhe fizeram. Não é uma coisa isolada, já aconteceu em dois lugares e precisamos nos movimentar para que não aconteça de novo”.

No Méra Music Bar, local que também recebe o público LGBT em Campo Grande, uma das proprietárias, Suzana Flud, garante que desde que o período eleitoral ficou mais acirrado o lugar tem sofrido ataques verbais de quem passa na avenida.

“Eles passam dizendo B17. Xingam meus clientes de ‘viado’ e ‘sapatão’ pelo menos três vezes por noite. Mas, nenhum tem coragem de entrar aqui, pois nossa segurança é reforçada. São uns covardes”, detalha.

Fátima Menas Kalil, dona do Bar Fly, diz temer o cenário atual para quem trabalha com o entretenimento noturno. “Nossa casa foi surpreendida por algum louco fanático homofóbico que se achou no direito de julgar as pessoas. Cheguei a conclusão que esse indivíduo faz parte de um grupo de pessoas homofóbicas que por conta da atual situação política que o país se encontra, se acharam no direito de reivindicar suas posições atingindo as pessoas que julgam estar errados no seu modo de viver. Fico triste com isso”.

No dia seguinte aos tiros em frente ao Fly, o bar reabriu com segurança reforçada e ronda da Polícia. “Nós vamos nos apoiar no auxilio das autoridades maiores e não vamos baixar a cabeça, pois diversão é um direito de todos, LGBT, negros, brancos, classe média, alta, baixa, não importa. Você tem o direito de se divertir”, desabafa.

Do subsecretário Frank Rossatte, o grupo já recebeu apoio na reivindicação. Segundo ele, como os atos de violência aconteceram na rua, a segurança é responsabilidade do Estado. “A população LGBT está sendo agredida em vários lugares por essa disputa no período eleitoral. Então, nós do Governo do Estado acatamos e procuramos o Secretário de Segurança Pública, e ele também se colocou a disposição”.

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