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Diversão

Quinta-Gospel dá mais pano pra manga: Por que católicos e espíritas não têm vez?

Ângela Kempfer e Kleber Clajus | 13/05/2014 14:09
Sessão nesta manhã na Câmara Municipal
Sessão nesta manhã na Câmara Municipal

Nunca shows deram tanto pano para a manga quanto os da “Quinta-Gospel”, evento patrocinado pela Fundac (Fundação de Cultura de Campo Grande). Depois da classe artística ter reclamado, do povo da seresta também levantar a discussão, agora surgem na Câmara Municipal os ataques à noite dedicada aos evangélicos na Praça do Rádio Clube.

Em meio ao debate sobre a “CPI da Folia”, ainda uma proposta para investigar aplicação de recursos da cultura na administração passada, o legislativo ferveu na manhã de hoje por conta da Quinta-Gospel.

O vereador Paulo Pedra (PDT) questionou o fato de recursos públicos serem gastos apenas com bandas evangélicas e cobrou o mesmo para outros grupos religiosos. “A prefeitura não pode ser um braço dos evangélicos. Por que não tem shows também para os católicos, muçulmanos ou espíritas?”.

Hoje, dos 29 vereadores de Campo Grande, onze são declaradamente evangélicos. Para um deles, Eliseu Dionízio (SD), isso é motivo mais do que suficiente para um tratamento diferenciado. “É mérito do movimento evangélico que conquistou espaço no Legislativo e na administração”, argumentou.

Para o vereador, o questionamento ocorre porque “existe repulsa de alguns parlamentares contra os evangélicos.”

Outro da bancada evangélica, Herculano Borges (SD), também saiu em defesa dos companheiros de credo. “Música gospel também é cultura. Aqui em Campo Grande, 40% da população é evangélica”, comentou.

No contra-ataque, os parlamentares ainda questionaram se existe cantor espírita no Brasil e Paulo Pedra respondeu com “um monte”.

Entre os católicos há gente famosa, como as bandas “Anjos de Resgate” e “Rosa de Saron”, com legiões de fãs pelo País.

Já entre os espíritas, não há uma cultura mais massificada, mas também há cantores, grupos e duplas com trabalho consolidado, como Tim e Vanessa.

Diante da polêmica, a ideia é colocar o assunto em discussão e, talvez, ampliar a abrangência da lei que criou a Quinta-Gospel para que contemple todas as outras religiões.

Na verdade, a lei que criou o evento em 2012 não estabelece em nenhum dos 4 artigos que tipo de música deve tocar na Quinta-Gospel, se tem de ser cristã, sacra, espírita ou qualquer outra. Fala apenas que “o evento deverá ser realizado com artistas nacionais e regionais” e no dia que antecede a Noite da Seresta, para diminuir custos.

"Um monte" - Ao contrário dos evangélicos, os espíritas fazem eventos em Campo Grande na base da doação. Em novembro do ano passado, o Glauce Rocha recebeu 800 pessoas em show para quem acredita no espiritismo. A aparelhagem de som foi doada, os artistas não cobraram cachê e o teatro também fixou um preço “camarada”, segundo o organizador Adriano de Oliveira.

Há 6 anos, o consultor de viagens estuda os “trabalhadores da arte espírita” e garante: “a qualidade musical é incrível”. “Temos grandes nomes. O mais interessante é que ninguém cobra para se apresentar e a condição é de que o preço do ingresso seja baratinho, só mesmo para bancar os custos de produção”, diz.

Ele cita nomes como Thiago Brito e Júnior Vidal, cantores com CDs gravados no País. Em Mato Grosso do Sul, a falta de incentivo faz com que esse tipo de arte se manifeste de “forma bem amadora”, justifica. Mas existe na cidade, inclusive, uma rádio na internet, a Rádio Coração do Mundo, da Fundação Chico Xavier. Adriano apresenta um programa todas as sextas-feiras, com acervo de 400 CDs.

Como os evangélicos, ele diz “acalentar no coração” um projeto para também levar shows de graça ao público espírita. “Queria fazer no Parque das Nações, com 4 ou 5 bandas, mas demanda dinheiro e eu nem sei por onde começar”, explica.

Para Adriano, realmente o que falta é uma força institucional. "É claro que não temos nada porque não tem nenhum representante declaradamente espírita na Câmara".

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