Voz de 'Resposta ao Tempo', Nana Caymmi morre aos 84 anos no Rio

A cantora Nana Caymmi, de 84 anos, morreu nesta quinta-feira (1º), na Casa de Saúde São José, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, onde estava internada havia nove meses devido a complicações cardíacas. Segundo seu irmão, Danilo Caymmi, ela sofreu uma overdose de opioides durante o tratamento, embora a causa oficial da morte ainda não tenha sido divulgada. A artista havia sido internada em agosto de 2024 após apresentar quadro de arritmia, passou por um cateterismo, recebeu um marcapasso e foi submetida a traqueostomia.

Nascida Dinahir Tostes Caymmi em 29 de abril de 1941, no Rio de Janeiro, Nana era filha do compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris. Iniciou sua carreira ainda jovem, gravando “Acalanto”, composta pelo pai, e lançou seu primeiro compacto solo em 1960. Nos anos seguintes, apresentou programas musicais e fez sucesso no Brasil e no exterior, inclusive após um período morando na Venezuela com o primeiro marido, o médico Gilberto Aponte Paoli, com quem teve duas filhas.

Em 1966, venceu o Festival Internacional da Canção interpretando “Saveiros”, composição do irmão Dori Caymmi com Nelson Motta. No ano seguinte, apresentou “Bom dia” ao lado do então marido Gilberto Gil, com quem ficou casada até 1969. Durante as décadas seguintes, consolidou-se como uma das principais intérpretes da música popular brasileira, gravando canções de nomes como Milton Nascimento, Chico Buarque, Ivan Lins, João Donato e Tom Jobim.

Nana foi também reconhecida por trabalhos marcantes como o álbum “Nana Caymmi” de 1975, com faixas do Clube da Esquina, e pelo sucesso “Resposta ao Tempo”, trilha da minissérie Hilda Furacão, que lhe rendeu um Disco de Ouro em 1999. Ao longo da carreira, lançou mais de 50 gravações e recebeu diversas indicações ao Grammy Latino.

Distante dos palcos desde 2016, após cirurgia para retirada de um tumor, seguiu gravando até os últimos anos. Em 2019, lançou o álbum “Nana Caymmi canta Tito Madi”, e em 2021, “Nana, Tom, Vinicius”, ambos indicados ao Grammy Latino.

Nos últimos anos, Nana se envolveu em polêmicas após declarações públicas em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o que gerou críticas e atritos com artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e até com a sobrinha Alice Caymmi.

A cantora deixa três filhos e um legado de mais de seis décadas de contribuição à música brasileira. O local e a data do velório ainda não foram divulgados.

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