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Crônica, enxaqueca tem vários gatilhos e aplicativo pode ajudar no controle

Naiane Mesquita | 20/12/2016 08:05
Dor de cabeça afeta 30 milhões de brasileiros
Dor de cabeça afeta 30 milhões de brasileiros

A enxaqueca afeta cerca de 30 milhões de pessoas no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCE). A doença que é capaz de transformar o cotidiano e atrapalhar as funções básicas desde levantar da cama até trabalhar, não tem uma cura definida, mas pode ser tratada se encontrado o gatilho.

Ao menos é o que busca a consultora da área de vestuários, Vivianne Portugal Caramelo, 44 anos. Com crises constantes, ela decidiu postar um vídeo na rede de relacionamentos Facebook questionando os amigos sobre possíveis linhas de tratamento. O resultado foi uma série de receitas, desde restrições alimentares, até consultas com neurologistas, dentistas e até acupuntura.

“Eu fiz esse vídeo pedindo ajuda para que as pessoas pudessem me indicar alternativas, muita gente citou a lactose, a alimentação, uma fisioterapeuta que tem uma terapia para isso. Eu tenho isso desde o nascimento da minha filha mais velha, que hoje tem 16 anos. Depois que ela nasceu eu não sei o que é mais não ter dor de cabeça”, afirma Vivianne.

Assim como ela, a jornalista Mariana Lopes, 30 anos, passa pelo mesmo desde a adolescência. “Na verdade em 2010 eu descobri que eu tinha supersecreção de insulina, ou seja, meu pâncreas produz muita insulina. O que me causa várias reações, inclusive a enxaqueca. Diante disso, o médico cortou todo tipo de açúcar, pois eu não poderia estimular meu pâncreas a liberar mais insulina do que ele já libera normalmente”, explica Mariana.

Com o diagnóstico foi mais fácil controlar a enxaqueca. Sem açúcar, Mariana consegue ficar longos períodos sem sofrer. “Eu também venho trago tipo uma herança genética de enxaqueca. Na família da minha mãe, a maioria das pessoas sofre com isso. Antes de eu associar a enxaqueca com o açúcar, eu comia doce todos os dias, sempre fui alucinada por doce. Consequentemente, eu tinha dores de cabeça diariamente. Direto eu já acordava com dor de cabeça, e já aconteceu, inclusive, de eu acordar de madrugada com a cabeça doendo, a pior sensação da vida”, conta.

A última crise que teve foi no dia 3 de novembro, quando em um impulso comeu dois pacotes de pipoca doce. “Fiquei 6 horas com a cabeça explodindo, tomei três remédios e nada. Foi simplesmente desesperador, pois nada passava aquela dor insuportável. A minha é por causa do açúcar, mas também tenho fortes dores de cabeça quando fico muito exposta ao sol ou em lugares com muita gente, tumultos e quando durmo pouco. Essas situações me dão dor de cabeça forte, mas a crise forte de enxaqueca vem mesmo com o açúcar”, descreve.

Vivianne desconfia que a enxaqueca esteja relacionada a um problema ortodôntico, o de Mariana é pelo açúcar. O comum entre as duas é o sexo, as mulheres têm três vezes mais propensão a terem a doença crônica de acordo com a Sociedade Americana de Dor de Cabeça.

“Eu já fui a vários médicos, não bebo, não fumo, então são coisas que não interferem. Se eu tenho uma noite mal dormida amanheço com dor de cabeça, que lateja. Eu tenho um medicamento para esses momentos, que ajuda e me alimento de três em três horas. Fiz ressonância duas vezes e pode ser que seja a arcada dentária, porque tenho mordida cruzada”, diz, esperançosa.

O diário de Ana Elisa no app mostra os dias que ela teve crise e a intensidade (Foto: Ana Elisa Bacon)
O diário de Ana Elisa no app mostra os dias que ela teve crise e a intensidade (Foto: Ana Elisa Bacon)

Aplicativo – A designer de software, Ana Elisa Bacon, 29 anos, já perdeu as contas das vezes que sentiu dores de cabeça insuportáveis. Agora, em tratamento, elas estão sob controle, principalmente, se evitar os gatilhos, como vinho e perfume. “Não posso nada que tenha vinho, nem comer comida que é preparada com vinho, risoto ou carne ao molho vermelho. Passar perfume ou estar perto de um produto de limpeza. Pode me dar dor de cabeça, mas como eu trato ela com um medicamento manipulado prescrito por um neurologista, melhorou muito”, explica.

A cura não é algo viável ainda, mas a melhora dos sintomas traz qualidade de vida. “Se eu não tratasse eu acordaria com dor de cabeça, para trabalhar é difícil, fazer as coisas, com esse remédio às crises são evitadas. Antes era muito dolorido, precisava ir ao hospital, hoje eu cheguei a um nível que não incomoda tanto as minhas atividades”, ressalta.

Ana usa um aplicativo para controlar os dias e horários que a enxaqueca apareceu. Esse recurso ajuda no diagnóstico e na observação sobre o efeito do medicamento. “é um app que é um calendário onde você anota todos os dias em que tem dor, a intensidade da dor, eu tenho, uso e através dele vou comparando se o remédio do neuro está fazendo efeito ou não”, indica.

O Diário da Enxaqueca é disponível para download gratuito. O método é indicado pela Sociedade Brasileira de Cefaleia para medir os níveis e dias críticos da doença. Assim é mais fácil chegar ao diagnóstico. Pode-ser usar um caderninho ou um aplicativo como o de Ana.

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