Exercício que começou na varanda fez turma diminuir até os remédios
Nascido na varanda, projeto “Ginástica com dança” já reúne mais de 20 mulheres em aulas gratuitas semanais

O que começou como uma “brincadeira” na varanda de casa, em Jaraguari, se transformou em um projeto que há mais de 10 anos tem mudado a vida de dezenas de mulheres por meio da dança e ginástica, e já soma relatos de alunas que deixaram a medicação contra ansiedade e depressão, emagreceram e passaram a se olhar no espelho com mais autoestima.
RESUMO
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Em Jaraguari (MS), o projeto "Ginástica com Dança" promove saúde física e mental para mulheres há mais de uma década. Idealizado pela educadora física Andreia Cavalheiro, o projeto oferece aulas gratuitas três vezes por semana em uma escola municipal. O projeto surgiu despretensiosamente na varanda da casa de Andreia e cresceu com a procura, expandindo-se para três turmas e contando com apoio da prefeitura. Além do emagrecimento, as participantes relatam melhorias na autoestima, redução da ansiedade e da depressão, com algumas conseguindo interromper o uso de medicação com acompanhamento médico. Os benefícios se estendem à saúde física, com relatos de melhora em quadros de hipertensão. O projeto "Ginástica com Dança" demonstra o poder da dança e da ginástica na promoção da saúde integral, criando um espaço de acolhimento e bem-estar para mulheres da comunidade.
Chamado “Ginástica com dança”, o projeto foi idealizado pela educadora física Andreia Cavalheiro, que oferece aulas gratuitas somente para mulheres três vezes por semana na Escola Municipal Francisco Antônio de Souza, na cidade Jaraguari, a 20 km de Campo Grande.
Ela explica que a ideia surgiu em 2014, após uma viagem que fez a Porto Alegre (RS), onde fez um curso de dança. “Comecei numa simples brincadeira com a equipe do meu trabalho, em casa, na varanda da minha casa, com algumas colegas. Uma foi passando para outra, e começou a aumentar essa demanda de uma simples brincadeira, que se tornou algo grande”, conta Andreia.
Segundo Andreia, ao longo do projeto, ela explica que começou a notar as melhorias para além do emagrecimento. A cada três meses, a professora passou a avaliar as participantes. “Eu percebi que, além de emagrecer, muitas mulheres começaram a se ver de forma diferente. Algumas estavam com depressão ou ansiedade, e me relataram que pararam de tomar remédio. A dança mexe com a autoimagem, e elas passaram a gostar do que viam no espelho”, afirma.
Com o crescimento da procura, o grupo se expandiu de uma para três turmas. Hoje, o projeto tem parceria com a prefeitura de Jaraguari, que cede o espaço na escola para as aulas. Aulas são gratuitas. Todas as segundas, terças e quintas-feiras, a partir das 17h.
Mesmo com pouco investimento, o projeto tem sobrevivido à base de esforço pessoal, parcerias e amor à causa. “É um trabalho de formiguinha”, define Andreia. “Uma vai chamando a outra, e os resultados vão se multiplicando. A dança não é só sobre o corpo — é sobre a mente, o afeto e a forma como você se enxerga no mundo".
Uma das pessoas que teve a melhoria sentida foi a servidora pública Vanessa Hoerning, de 36 anos. Diagnosticada com ansiedade e depressão, ela passou oito anos em tratamento psiquiátrico com medicação. Após 1 ano e dois meses no projeto, ela relata que conseguiu parar a medicação, com aval médico, e já emagreceu 8 kg. Já tem 3 anos que faz parte do projeto.
Comecei no projeto com bastante ansiedade e depressão. Mas a dança em si ajuda, porque a ansiedade acho que já vem da gente ficar parada, sem se movimentar, sem fazer nada. E com a ginástica com dança, a autoestima da gente eleva”, explica Vanessa. “Durante esse ano eu fui diminuindo as doses, e com um ano e dois meses parei com toda a medicação”, comenta Vanessa.
Hoje, ela não abre mão das aulas. “Quando eu não ia, meu corpo sentia necessidade. Eu inchava, sentia dores no corpo. Agora vou todos os dias que tem. Eu falo que não vou na semana, e até o meu esposo brinca e fala que irá chamar a Andreia”, diz Vanessa.
Outra pessoa que viu benefício na saúde mental foi a enfermeira Viviane Albuquerque, de 46 anos, que participa do projeto há cerca de um ano. Natural de Aquidauana (MS) e sem familiares na cidade, ela encontrou nas aulas uma válvula de escape para o estresse da rotina de trabalho e para a solidão.
Viviane explica que toma medicação para ansiedade, mas relata que reduziu a dose com orientação médica após começar as aulas. “Antes tomava dois comprimidos por dia. Agora tomo apenas um. A dança me acolheu, me trouxe autoestima, me senti mais bonita e valorizada”, conta.
Entretanto, ela nota que os ganhos não foram apenas mentais para as participantes. “Teve uma aluna hipertensa que também apresentou melhora com os exercícios. O corpo responde. É qualidade de vida por inteiro".
Apesar de não ter depressão ou ansiedade diagnosticada, a dona de casa Ana Lúcia Haerter, de 52 anos, também nota que a dança é uma forma de evitar os problemas na saúde mental e física. Ela participa do projeto há sete anos. Dona de casa, ela emagreceu 20 kg e jamais tomou remédios. “Na minha família todo mundo tem problema de depressão. Quando me vi acima do peso, decidi mudar. Fui à nutricionista, mudei a alimentação e comecei a caminhar. Nunca mais parei de dançar.”
A rotina das aulas, realizadas às segundas, terças e quintas-feiras, das 17h às 18h, virou compromisso sagrado. “Eu sou a única aluna da Andreia que não falta. Só se não der mesmo. Quando volto da aula, durmo tranquila, sem precisar de remédio para nada.”
Ana Lúcia também ressalta que o grupo, formado apenas por mulheres, também é um espaço de acolhimento e confiança. “A gente brinca, conversa, uma anima a outra. Já dançamos até em público. Eu recomendo para todas as mulheres. É saúde física, mental e social".
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